Capítulo 5

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Cheguei pela manhã, bem mais cedo que o normal. Queria o máximo de tempo possível. 

Eu estava séria.

Ao entrar, Cameron surge, infelizmente. 

-Lisa! Eu fiz alguma coisa que te irritou? 

-Agente Cameron, gostaria que o Walter fosse levado para a sala de entrevista, hoje, como será nosso ultimo encontro, precisarei de mais tempo para as perguntas. 

-Você está me ignorando? -Ele parecia confuso. O policial fez sinal para que buscassem o prisioneiro 407.

-Foi ótimo trabalhar com você! Será lamentável deixar essa bela cidade. -Havia desprezo na minha voz, mas Cameron é tão obtuso que não consegue compreender. 

-Vai deixar a cidade? Já?!

-Sim, partirei amanhã bem cedo. 

-Não vai ver a execução do Walter? -Minha boca secou. Respirei fundo.

-Sinto que isso não é dá sua conta. Se me der licença, tenho que trabalhar.

O ruivo ficou abismando enquanto andei até a sala já conhecida. 

Esperei pouco. 

Logo Daniel era empurrado para a sala, com as habituais algemas. 

-Hoje você pode tirar as algemas das mãos dele. -Digo, séria. O guarda me encara.

-Senhora...eu não tenho permissão de nenhum superior para isso. 

-A pesquisa é minha. Tire as algemas. Prefere esperar o diretor vir mandar? 

-Senhora, esse prisioneiro é altamente perigoso. -Daniel se divertia com aquela cena.

-Eu aceito os riscos. -Ergui a sobrancelha. -Tire as algemas. 

Daniel esticou as mãos com um sorriso. Ele piscou quando suas mãos foram soltas e o guarda parecia furioso. 

Fomos deixados sozinhos. 

-Isso foi muito...deu um tesão. Você é meio dominadora? -O rapaz diz.

-Daniel, você...já..

-Sim, eu já sei sobre amanhã. -Ele massageia os punhos. -Percebi que era esse assunto pela sua expressão. Você não disfarça muito bem. Desculpe atrapalhar sua pesquisa, imagino que perderá muito material com minha partida tão breve. 

-Não tem problema. 

-Claro que tem! Já sei. Hoje você pode fazer qualquer pergunta. Qualquer uma. Vou te ajudar a terminar essa pesquisa. É tão bom fazer boas ações antes de morrer. 

-Você é tão estranho. -Ele ri. 

-E você está apaixonadinha por mim. Então, pode começar. 

-Daniel Walter, você se sente confortável em falar sobre o dia do crime e os motivos que lhe levaram a tal? -Essa era a pergunta mais importante de todas e eu pensei que demoraria meses para conseguir a resposta de Daniel. Mas o tempo está acabando.

-Touché. Pensei que íamos começar com minha cor favorita. Mas tudo bem. Vou morrer amanhã mesmo, não vale a pena guardar isso. 

Ele olhou para o teto, suspirando. 

-Aconteceu em setembro. Eu não havia planejado muito, então foi bem bagunçado. Primeiro eu dei aos meus irmãos alguns comprimidos para dormir que roubei da vizinha. Eles não ouviram nada. Fui até o quarto, meu pai estava bêbado na cama...como sempre. Foi bem fácil amarra-lo. Fiz questão de acordar aquele babaca para ouvir ele implorar. Quanto...quanto mais eu o golpeava, melhor me sentia. Não, não foi a sensação de matar ou machucar alguém, mas a sensação de tirar aquele lixo humano da terra. Ele ficou lá, agonizando. Minha mãe estava na sala, desmaiada depois de usar heroína. Usei um martelo. Tentei ser rápido. Foram três golpes. 

Prisioneiro 407Onde histórias criam vida. Descubra agora