Era meu primeiro dia.
Talvez a ansiedade ou as oito xícaras de café com chocolate contribuíram para a doce noite acordada.
Todos os papéis do meu estudo estavam bem separados sob a mesa.
Esse seria o grande dia para a parte final da minha pesquisa. Eu havia passado quase dois anos andando pelo país estudando casos de assassinos que não conseguiram explicar o motivo de cometer seus crimes. Entrevistei 9 dos piores maníacos do corredor da morte, o que devo dizer, foi insano.
Conheci uma garota de 12 anos que matou seus três irmãos.
Um maníaco que cortava a cabeça das vítimas e depois, arrependido, tentava costura-las.
Um fazendeiro que matou a esposa mas não se lembrava disso, então frequentemente chamava pela moça.Esses foram os mais interessantes. Agora eu iria para a cereja do bolo.
Daniel Walter.
Um dos casos mais intrigantes da década. O garoto que sem motivo aparente, massacrou sua família inteira com apenas 16 anos.
Esse será o caso para fechar o meu PhD em Psiquiatria. Lisa Burnes e seu estudo sobre 'Mentes Silenciosas e suas peculiaridades'.
A Penitencia Blue River se erguia bem na minha frente. Seus enormes muros cercados com cercas elétricas e arame farpado não me assustavam mais depois de tantos presídios visitados. Demorei trinta minutos para conseguir a autorização de entrada com o carro. O diretor me esperava.
-Senhorita Burnes? -O homem de aproximadamente 52 anos estendeu sua mão.
-O senhor deve ser Gideon Lockheart. É um prazer finalmente conhece-lo.
-Igualmente. Fiquei impressionado quando li seus trabalhos anteriores sobre Crianças Psicopatas e o Mapeamento de um Maníaco. Pesquisas incríveis, devo acrescentar. -Ele sorri gentilmente.
-Garanto que a pesquisa que trabalho agora irá lhe surpreender. -Gideon me guia para dentro no enorme prédio. Sou submetida a uma revista rigorosa. Sei que aquilo é tudo parte do protocolo de segurança.
Proibido brincos, colares, canetas, lápis, papéis, saltos altos, aparelhos dentais, piercings, sutiã com arames e até presilhas no cabelo. Tudo que pode ser usado para machucar. Acredite, os presos tem muita criatividade.
-Creio que a senhorita entenda que irá lidar com um condenado que tem poucos meses até a sentença final. Além de ser um dos nossos...piores.
-Li bastante sobre o caso Walter, senhor. Estou por dentro de suas características violentas e sei muito bem desde sua condenação em 2008, ele não falou quase nada a nenhum médico ou investigador.
-Senhorita Burnes, espero que saiba que essa experiência pode ser bem desagradável. -Eu sabia disso tudo. Foram 9 monstros até chegar aqui. Fora tudo que já estudei sobre crimes terríveis. Já chorei bastante no início, além de que se algo me afetar bastante, sempre terei minha Netflix para ajudar.
-Como irá ocorrer o sistema de entrevistas com o Senhor Walter? -Perguntei, calmamente.
-Bem, deixamos isso a seu critério. Temos três policiais disponíveis, uma sala cheia de câmeras e claro, algemas bem fortes. -Ele solta uma risadinha, mas aquilo não foi muito cômico.
-Com todo o respeito, senhor. Eu prefiro que a entrevista seja realizada em um espaço tranquilo, sem os guardas. -O homem me encara surpreso. -Preciso passar confiança que aquele será um local seguro para o prisioneiro. Agradeço pelos policiais disponíveis, mas insisto que fiquem do lado de fora.
-Você sabe que esse rapaz matou várias pessoas a sangue frio?
-Sim, senhor.
-Não tem medo de que a machuque? -Engoli seco. Levantei a manga de meu casaco, mostrando uma cicatriz de mordida.
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Prisioneiro 407
RandomO registro abaixo é um detalhado relatório sobre o Prisoneiro 407. O mesmo está no corredor da morte, com sua execução prevista para Outubro de 2016 após cumprir 8 anos na Penitenciaria de Segurança Máxima Blue River.