Capítulo Final

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Sábado.

Eu nunca odiei tanto um sábado. 

Acordei aquela manhã e as malas já estavam prontas. Queria muito correr para a estação de trem, mas prometi que estaria com ele.

Dirigi até lá, sem lágrimas. Não posso chorar, não hoje. 

Quando entrei no prédio, um grupo com repórteres e os policiais que participaram da investigação do caso Walter esperavam. Não havia sinal algum do Cameron. 

Fomos todos guiados até uma enorme sala, separada no meio por uma parede de vidro. De um lado, várias cadeiras, como uma plateia. Do outro, um pequeno leito hospitalar. 

Após alguns minutos, duas enfermeiras, uma médica, o Diretor Lockheart, Cameron, um padre e Daniel entraram. Estávamos separados pelo vidro, tão próximos, porém mais distantes que nunca. 

O condenado 407 sentou-se na cadeira hospitalar. As enfermeiras preparam tudo. Ele estava amarrado e parecia bem nervoso. 

Seus olhos me encontraram naquela platéia. Ele sorriu para mim. 

-Essa é a execução de Daniel Ian Walter por injeção letal. -O diretor começou a falar sobre todos os crimes cometidos pelo rapaz, mas ele não parecia escutar. Eramos só nós dois naquela sala.

-Pode dizer as suas ultimas palavras. -Gideon pede. Seus olhar não desviou do meu quando pronunciou:

-Alguns amores foram feitos para existir, não acontecer. 

Quando o líquido verde foi aplicado nas veias de Walter, a dura verdade me atingiu. 

Aquela seria a ultima vez que eu veria o sorriso de Daniel. 

E sem dor, ele partiu. 

                                                  ***

Eu estava sentada em um banco, vendo várias famílias passarem. 

Hoje faziam 6 anos desde que conheci e perdi Daniel.

Com seu depoimento, terminei a pesquisa e escrevi dois livros. 

Há 4 anos atrás, com a análise de tudo dito por Daniel quando estávamos naquela sala, uma juíza entendeu que Walter foi levado aquilo devido a condições sociais e foi diagnosticado postumamente com Transtorno de Personalidade Limítrofe. 

Daniel Ian Walter recebeu um pedido de desculpas formal do governado pois sua pena de morte foi considerada irregular e sem fundamentos. 

Tarde demais. 

Alguém chamou meu nome. 

Ela correu em minha direção, pulando em meus braços. 

-Mãe! Eu encontrei uma joaninha! -A garotinha mostra o pequeno inseto em sua mão. 

Seu nome era Jasmine. 

E ela tinha o sorriso dele. 

Prisioneiro 407Onde histórias criam vida. Descubra agora