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Já passaram duas semanas desde que houve a pequena confusão sobre o facto de não ouvir a sua música por vontade própria, à primeira.
Tenho o visto online, publica fotografias, snaps, tweets mas nem me manda uma mensagem.
Não é que queira falar com ele ou ser uma espécie de amiga mas eu gostava de esclarecer este problema.
Sinto que tenho um peso em cima de mim. Não consigo prestar muitas vezes atenção ao que estou a fazer devido a este tema.

Sufoca-me.

Não presto atenção às aulas como estou a fazer agora. É a última hora do dia e eu só quero ir para casa e descansar. Amanhã não tenho aulas graças à greve dos funcionários.
Olho para o relógio redondo pendurado no teto no corredor e reparo que faltam questões de segundos para tocar e começo a arrumar as minhas coisas.

-Benedita eu disse que podia começar a arrumar? - a minha professora de História está a olhar irritada para mim e eu volto a tirar tudo que tinha em cima da mesa.

Durante esta ação a campainha toca e levantamos-nos todos mas ouço a mulher que nos dá aula gritar.

-Quem arrumou as coisas antes do tempo vai ser o último a sair e vem falar comigo.

Bonito. Agora Ainda tenho de levar com a professora em cima, porque que ninguém percebe que a minha vida não se baseia à volta da sala de aula.
Pego nas minhas coisas e vou ter com a professora Rita.

-Reparei que esteve um bocado distraída hoje, passasse alguma coisa? Problemas familiares, na escola?

-Não, estou apenas cansada. Mas obrigada pela preocupação. - é muito simpático da sua parte preocupa-se comigo.

-De nada querida. Pode me ajudar a levar o computador até à sala dos professores? - a senhora de cabelos brancos agarrados num coque e os óculos redondo grossos a caírem pelos olhos pede-me.

-Claro.

Acompanho a minha docente até a outra sala mas sem muita utilização de Latim. Desejo-lhe um bom fim de semana vou até a entrada.

Estão apenas à porta alguns grupos de rapazes a fumar e um homem de fato e gravata. Parece perdido.
Aproximo-me dele e pergunto-lhe se precisa de ajuda.

- Se me soubesse dizer quem é a Benedita Menezes era uma grande ajuda.

-Sou eu. Precisa de algo da minha parte? -nunca vi este senhor na minha vida e tenho a certeza que não trabalha com a minha mãe. O sol que está hoje no céu está refletido na sua cabeça brilhante.

-Eu trabalho para a Universal Music Portugal e pediram-me para se dirigir comigo até à editora.

-Eu não sei cantar. Devem-se ter enganado na pessoa...

Isto parece muito suspeito. Ainda sou raptada por este senhor.

-Como é que se chama mesmo? -pergunto.

-Miguel Silva. Eu não lhe estou a pedir para vir, para gravar uma musica. Pelos vistos tem um amigo que quer que vá lá com urgência. Eu prometo que não lhe faço nada de mal mas pode vir comigo?

Respiro fundo e abano a cabeça. Por muito que esta história não faça muito sentido acompanho-o até ao seu Mercedes cinzento e entro. Ao menos não é uma carrinha branca. Quem é o amigo que quer que eu vá lá?

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