- Ei, Lala! - Molly me chama.
Molly? Molly Sabino? Ex-namorada de Leonardo Berti, miss dos jogos internos desde o 3° ano e "bunda de nós todos"? Eu devo estar ficando louca.
Fui ao encontro da mesma que me esperava junto com seu cachorrinho, a Gaby.
- Eu?
- Tá vendo outra Lala magrela aqui? - Gaby cospe as palavras na minha cara.
- Tá louca, Gaby? Peça desculpas.
Silêncio de ambas as partes.
- Ham, desculpa, acho - ela diz se encolhendo.
Uau, eu realmente devo ter acordado no mundo errado hoje.
- Ótimo - Molly diz sorrindo pra mim de uma maneira que nunca tinha visto antes. Estranho. - Daqui á dois dias é a festa de aniversário do Léo e ele pediu pra eu te chamar. Vamos, vai ser bem legal!
Fiquei paralisada. O Leonardo me chamou pra festa dele, sério? Mas eu sempre achei que...
- Não pense muito, só confirme. - Gaby revirou os olhos de uma forma nojenta, como sempre.
- Tudo bem, acho que posso ir - falei sem certeza. Ainda precisava da autorização do meu pai.
- Top! - ela saiu sorrindo.
Sorri. Eu não acredito que fui chamada pra festa de aniversário de Leonardo Berti. Sorri mais ainda.
Coloquei os fones de ouvido e fui cantando até em casa. Ainda precisava procurar uma roupa pra essa ocasião. Acho que não tenho, já que essas coisas nunca acontecem comigo.
- Pai? - falo abrindo a porta de casa.
Nada.
- Ô, pai! - grito pela última vez e ouço um barulho no corredor.
Corro e encontro ele jogado no chão com uma um monte de latinha de cerveja barata em volta e cheirando super mal.
Eu sabia que meu pai bebia, aliás, todo pai bebe, né? Mas essa cena é a primeira vez que vejo.
Cutuco ele devagar com o pé fazendo o mesmo balbuciar alguma coisa que não entendi.
Ótimo, vivo.
- Sai daqui. - disse ele tentando se levantar mas em vão. Ignoro seu comentário e o ajudo a ficar em pé. Ele anda com dificuldade(mesmo apoiado em meus ombros) até a sala onde se joga no sofá. - O que você quer?
Não sei o que fazer então vou pegar um copo de água na cozinha.
- Primeiro quero que você fique bem. Deita aqui por favor. - com dificuldade o deito no sofá e o cubro tentando ignorar o cheiro horrível de bebida.
Acho que já vi isso na televisão alguma vez.
Deixei meu pai adormecido lá e fui tomar um banho também pra pensar um pouco. Tipo a festa do Léo(sim, já me permiti chamá-lo dessa maneira), o que vou vestir? Não tenho roupa pra isso, como eu já disse, essas coisas nunca acontecem na minha vida mesmo. E do nada estão acontecendo, isso não é estranho? Ah, para de paranoia. Você sempre quis ser legal e agora que está sendo tá desconfiando? Digo á mim mesma pra parar de pensar nisso.
Ao ficar completamente despida percebo os cortes ainda inchados em meu. Passo o dedo indicador levemente por cada marca e então simplesmente deixo a água fria cair sobre meu corpo quente.
As coisas precisam dar certo dessa vez. Eles têm que gostar de mim. É a minha chance agora de ser aceita. É o que eu quero, deixar de ser a garotinha fraca e solitária que ninguém nota e que corta os pulsos quando se sente um lixo. Não quero mais me sentir um lixo e essa festa é a minha chance de mostrar que também ser sei "Top!".
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Lembra de Mim?
Teen FictionLaís Albuquerque, ou Lala, teve seu ensino fundamental transformado em inferno simplesmente por não se encaixar nos "padrões" que os alunos impuseram na época. Depois de uns anos ela retorna completamente diferente e reencontra as pessoas que com ce...