06. Life Of The Party

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Charissa Mornhinweg

Pela terceira vez na mesma semana eu e meu colega de trabalho voltávamos de uma visita a Polizei Münster em busca evidências de um assassinato em Dortmund. O caso de Margaret Ebner vinha tirando o sono dos funcionários da delegacia, principalmente o meu, há dias tanto que precisei adiar todas as outras investigações para trabalhar apenas nele. Com ajuda dos detetives do distrito da cidade de Münster encontramos a casa do suspeito, mas estava vazia e aparentemente sem nenhum rastro do assassino, gastamos toda a tarde buscando impressões digitais e possíveis pistas que ligassem o homem ao crime.

 De volta a Dortmund, aproveitei que estávamos na rua e que já se aproximava do horário da janta para sugerir a Enzo que parássemos em alguma lanchonete, tínhamos passado o dia inteiro sem comer e com Franziska viajando não queria ter o trabalho de cozinhar apenas para mim.

– Finalmente o dia acabou – ele comemorou pedindo um copo de cerveja e um lanche qualquer do cardápio – Não vejo a hora de conseguir tirar minhas férias, esse trabalho está acabando comigo, tenho só vinte e seis anos e minha aparência é de um homem pelo menos dez anos mais velho.

– Tenho que concordar, parceiro. Inclusive acho que você deveria começar a cuidar melhor desse seu cabelo se não quiser ficar careca porque daqui já consigo ver umas entradas – brinquei para provocá-lo e recebi um dedo do meio como resposta – Estou brincando, meine Liebe¹. Você é o policial mais gostoso daquela delegacia.

– Eu não sei porque ainda te escolho para ser minha parceira de trabalho – comentou fazendo com que eu fingisse estar ofendida – No próximo caso que for solicitado um perito criminal escolherei o Miller.

– Escolha ele e gaste o dobro do tempo para solucionar seus casos, afinal, é de conhecimento de todos que eu sou a melhor perita criminal daquele departamento – com meu melhor sorriso nos lábios, disse convencida – Reclame o quanto quiser, mas eu sei que no fundo você me ama, Detetive Finzetto.

– Como se diz mesmo “vá a merda” em italiano? – encenando estar pensativo, perguntou enquanto buscava as palavras em suas raízes italianas – Ah, lembrei! Vai a cagare, senorita Mornhinweg !

– Agora que eu já zombei de você e você já me xingou – continuei após assumir um tom de voz mais sério e endireitar minha postura na cadeira – O quê vamos fazer em relação a esse caso?

– Char, são quase dez horas da noite, meu cérebro não está mais funcionando direito e nosso expediente já terminou – cansado, o policial falou quase em tom de súplica – Que tal relaxarmos um pouco e falarmos sobre isso amanhã bem cedinho?

– Tudo bem, você venceu, vamos deixar para amanhã.

– Perfeito – Enzo voltou a sorrir e com um assovio chamou a atenção da garçonete pedindo que ela trouxesse uma cerveja e um lanche para mim também – Apenas aproveite esse raro momento de descanso.

Seguindo seu conselho relaxei um pouco e esqueci do trabalho, aproveitei para pegar meu celular pessoal que desde de manhã encontrava-se desligado em meu bolso, ao ligá-lo e conectá-lo na rede de wi-fi disponível estranhei a quantidade de notificações que não parava de chegar, olhei uma a uma e ao abrir minha conta no twitter deparei-me com a notícia de que Weigl tinha deixado a Seleção e voltava para casa por causa de uma lesão na coxa.

– Aconteceu alguma coisa? – Enzo perguntou ao estranhar minha reação – Problemas no laboratório?

– Não – mostrei a notícia que a pouco tinha terminado de ler e ele como bom torcedor do Borussia lamentou – Espero que ele se recupere logo.

– Eu também espero porque a Seleção dá conta sem ele, mas o Borussia eu não tenho tanta certeza.

Discretamente enviei uma mensagem para Julian perguntando sobre seu estado, não costumava ter segredos com Enzo por considerá-lo meu melhor amigo, mas por hora preferi não dizer nada sobre o jogador. Com o celular em cima da mesa para que eu pudesse ficar atenta a qualquer notificação, voltei a conversar com o policial e não demorou muito para que nossos lanches chegassem fazendo minha barriga roncar alto. Permanecemos na lanchonete por aproximadamente duas horas, Enzo fez questão de levar-me até em casa e não recusei a carona, minha vontade de pegar o transporte público naquele momento era igual a zero. 

Handwritten ☑ CONCLUÍDA EM 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora