Charissa Mornhinweg
Aproximadamente quatro horas de viagem.
E o sorriso da comissária de bordo ao dizer "bem vindos a Gênova, Itália".
Então entendi porque não derramei nenhuma lágrima ao despedir-me de Julian em Dortmund, a tristeza de deixar - por alguns meses - minha vida alemã já não parecia tão grande quando coloquei meus pés no Aeroporto Cristoforo Colombo, eu finalmente estava em casa e com eles.
- Mia Figlia! - Melissa puxou-me para um abraço tão apertado que por alguns segundos quase senti o ar faltar - Eu achei que você nunca mais apareceria aqui, Charissa. Como está as coisas em Dortmund? Seu namorado não veio com você? Cadê o resto das suas malas? Ah, mia figlia, você está tão magrinha...
- Calma, mamma - rindo, aproveitei que ela afrouxou o abraço e afastei-me para olhá-la, nós duas estávamos com lágrimas de alegria debaixo dos olhos - Eu senti tanta sua falta.
- Não mais do que eu senti a sua - ela enxugou delicadamente uma lágrima que escorria devagar na minha bochecha - Agora responda minhas perguntas, Charissa.
- Está tudo perfeitamente bem - beijei as costas de suas mãos retribuindo o carinho - Dortmund continua do mesmo jeito, Julian não conseguiu vir dessa vez, as outras malas já estão em Bérgamo, e não, não estou tão magra.
- Ciao, mamma! Como é bom ver que a senhora estava com saudade da gente também - fazendo-a rir, Alan resmungou logo que parou atrás de mim acompanhado de Fred e Nicolas - Agora só ela ganha abraço?
Lá estávamos de novo, apenas alguns anos mais velhos, disputando a atenção de nossa mãe da mesma forma que acontecia quando ainda éramos crianças e queríamos saber qual era seu filho favorito.
- E o papà? - perguntei após buscá-lo com o olhar pelo aeroporto - Não vejo a hora de entregar o presente que trouxe da Tailândia para ele.
- Ele ficou em casa preparando o almoço - mamãe explicou - Está desde ontem preparando tudo para sua chegada.
- Perdeu o posto de queridinho, Alan - Nicolas comentou rindo, ele jamais perderia a oportunidade de provocá-lo.
- Nicolas! - ela bateu sem força no braço do mais velho - Pare de provocar seu irmão, não quero brigas hoje e isso serve para vocês quatro, combinado?
- Sì, mamma - respondemos em coro.
- Perfetto - com dificuldade nos envolveu em um único abraço, e como sempre fez, depositou um beijo na testa de cada um - Vamos para casa.
Estive em Gênova apenas uma vez desde a mudança definitiva da minha família, a arquitetura nas ruas seguiam o mesmo estilo das demais cidades italianas, sentia-me dentro de um filme ao observar as construções históricas através da janela do carro. Nossa casa não era muito distante do aeroporto, gastamos pouco mais de vinte minutos até o Mar Língure surgir no horizonte e as casinhas coladas preencherem meu campo de visão.
- Deixem para pegar a mala depois do almoço - estacionando, Dona Melissa ordenou e concordamos sem questionar, esse era o poder que fome exercia sobre nós - Limpem os pés antes de entrar, per favore.
No momento que abri a porta um palavrão involuntário saiu alto pela minha boca quando encontrei todos os membros da família reunidos na enorme sala de estar, do mais novo até o mais velho, todos estavam presentes.
- Ah, meu deus, não acredito! - gritei pouco antes de pular no colo de Teseu e quase derrubá-lo no sofá - Quem deixou você crescer e ficar tão lindo? Olha só para você, não sobrou nada do pirralho alemão, estou ficando muito velha.

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Handwritten ☑ CONCLUÍDA EM 2018
Fanfic"Não existe amor à primeira vista. O que existe é a pessoa certa, no momento certo. Você por acaso estava lá." Charissa Mornhinweg formou-se em Biologia com 22 anos e não demorou muito para começar a especialização na área Forense. Hoje, aos 25 anos...