04. Imaginaton

4.2K 287 152
                                    

Charissa Mornhinweg

Conversar através das redes sociais com Julian após o trabalho começou a fazer parte da minha rotina naquela semana, exceto pelas duas noites que precisei trabalhar no laboratório durante toda a madrugada. Na maior parte do tempo ficávamos falando sobre assuntos aleatórios, como nossos pratos favoritos, o clima da cidade ou até mesmo sobre algum escândalo dos noticiários nacionais e internacionais. Durante todas as conversas ele perguntava algo a respeito da minha profissão, mas eu sempre buscava mudar de assunto, não achava certo falar sobre os casos no qual trabalho com “estranhos”. Entretanto, prometi que em um próximo encontro tiraria suas dúvidas, encontro esse que não demorou muito a acontecer...

charhinweg: Parece que o clima em Dortmund vai melhorar amanhã.

juweigl: Fiquei sabendo, finalmente o sol vai voltar.

charhinweg: Sabe o que isso significa?

juweigl: Que amanhã será mais quente que os outros dias? 

charhinweg: Sim, mas não é disso que estou falando. O clima vai estar perfeito para ir fazer trilha...

juweigl: Isso é um convite? Porque não tenho treino amanhã e adoraria participar desse passeio.

charhinweg: Então, neste caso, é um convite sim ;)

Combinamos de nos encontrar no dia seguinte antes do sol nascer no Das Kieztörtchen, um pequeno café que eu costumava visitar, dessa forma poderíamos tomar café da manhã assim que as portas do estabelecimento fossem abertas para poder aproveitar mais o dia.

Antes de tomar banho e ir direto para cama, separei o necessário para o passeio e deixei tudo organizado perto da porta. Meu dia tinha sido muito cansativo, a tarde examinei três cenas de crimes diferentes, depois, fiquei na delegacia analisando os resultados na esperança de conseguir fazer o laudo pericial antes de ir embora, mas não cheguei nem perto de finalizar tudo. 

Utilizando as técnicas de meditação que Franziska me ensinou anos atrás, esvaziei minha mente e concentrei-me apenas em dormir para estar inteira na manhã seguinte.

Como se eu apenas tivesse piscado, em vez de acordar inteira após dormir durante seis horas, o despertador tocou às quatro e meia da manhã fazendo-me repensar toda minha vida e se era uma boa ideia levantar para ir naquela trilha. O céu parecia ainda estar escuro porque pouquíssima luz natural entrava no quarto, levantei com certa dificuldade e como de costume tropecei nos sapatos espalhados e esbarrei nos móveis, enquanto procurava a porta do banheiro com os olhos praticamente fechados.

– Por que inventei de marcar tão cedo? – resmunguei sozinha ao olhar meu reflexo no espelho – Eu me odeio, sem dúvidas nenhuma.

E após gastar um bom tempo dentro do cômodo tentando diminuir a expressão de cansaço, entrei em guerra com meu guarda-roupa em busca de uma roupa confortável e limpa, fiz uma nota mental de lavar a roupa o mais rápido possível. 

Com minha legging cinza, uma regata branca, a blusa de moletom de tom um mais escuro e meu fiel tênis de caminhada, coloquei os últimos objetos dentro da mochila e fui caminhando rumo ao ponto de encontro com a minha barriga já roncando de fome.

– Alguém está dez minutos atrasada – encontrei Julian encostado próximo a entrada do estabelecimento e cumprimentei-o com um simples aceno de mão – Estou morrendo de fome e ansioso para conhecer essa trilha.

– Bom dia para você também, Weigl – indiquei a entrada para ele e seguimos juntos até as mesas mais afastadas do café que estava vazio – Precisei de alguns minutos a mais para dar um jeito da minha cara de acabada.

Handwritten ☑ CONCLUÍDA EM 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora