19. A Little Too Much

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Charissa Mornhinweg

Solteira.

Em alguns momentos eu sentia muita falta de ser solteira, e com certeza, esse era um deles.

- Será que podemos trocar de assunto, Julian? - pedi com educação, porém deixando claro o quão cansada estava do rumo que nossa conversa ganhou nos últimos minutos - Não pago a conta de telefone para ficar discutindo assunto desnecessário com você.

Relacionar-se com outra pessoa é maravilhoso, mas sempre vem acompanhado de brigas e diferente de Julian, eu nunca tive muita paciência para lidar com elas, porém até ele não estava mais aguentando discutir os mesmos assuntos diariamente.

- Eu só dei minha opinião, mas pelo jeito ela não tem valor para você - precisei respirar fundo para não desligar naquele exato momento - Ao menos prestou atenção no que eu disse?

- Sim, Weigl - elevei um pouco o tom de voz - Desculpa não dedicar cem por cento da minha atenção nessa conversa é que está difícil manter o interesse nela.

- Sério, Charissa? - Julian riu irônico - Você está de parabéns, obrigado por fazer isso ficar insuportável.

Antes que eu pudesse rebater ele encerrou a ligação fazendo com que minha paciência se esgotasse, a vontade de xingá-lo em voz alta era grande e apenas não fiz porque estava no meio de um dos corredores da UniBG.

Já tinha alguns dias que nosso relacionamento sofria de altos e baixos, e confesso, o maior problema estava sendo eu. Todas as noites Julian era muito paciente, sempre perguntava como eu estava e recebia a mesma resposta automática.

"Tô bem, só um pouco cansada."

Eu não compartilhava os problemas que vinha tendo com ninguém, e claro que ele notava isso, meu comportamento estava muito diferente e por muitas vezes peguei-me descontando em nossas conversas toda raiva e frustração acumulada, mas Julian continuava calmo e sempre apoiando-me independentemente das brigas.

E foi por isso que a ideia de retornar a ligação para desculpar-me passou pela cabeça, mas contei até dez e optei por entrar na aula, era um direito dele não querer falar comigo naquele momento.

- Problemas no paraíso? - Fabrizio, um dos meus novos amigos, perguntou ao notar que joguei meu caderno na mesa com um pouco mais de força - Deixa eu adivinhar, chegou tarde na cantina e não tinha mais lanche, acertei?

- Passou longe - sorri sem graça, não gostava de demonstrar mau humor para as pessoas, elas não tinham culpa do meu dia está horrível - Só quero voltar para minha cama logo.

- É noite de sexta-feira e você quer ficar em casa? - assenti fazendo-o rir alto e reprovar minha atitude - Eu sei exatamente do que você precisa para ficar melhor e isso você não encontra na sua cama, Char.

- E do que eu preciso, Fabrizio?

- Sair, beber, dançar ou qualquer coisa do tipo, vamos melhorar esse humor - ele disse animado - Quer saber, me diga uma coisa, sua nota é boa nessa matéria?

- Sim - estranhei a pergunta aleatória.

- Pega sua bolsa, então - Fabrizio levantou e jogou a mochila nas costas - Nossa aula hoje vai ser no bar, e relaxa, é por minha conta.

Não estava em condições de negar nada naquele momento e meu interesse pela aula era quase zero, convidei Gian e o mesmo disse que nos encontraria após assistir o primeiro tempo da aula.

Seguimos para o bar que virou ponto de encontro dos alunos toda sexta-feira, o ambiente estava tão cheio que precisamos aguardar alguns minutos para conseguir uma mesa, a chance de ter mais estudantes ali do que dentro da faculdade era enorme.

Handwritten ☑ CONCLUÍDA EM 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora