[N/A: Segurem seus forninhos que esse cap é dramático]
— Você está bem. — Bernardo me perguntou pela quinta vez na noite, ao pararmos em um sinal vermelho. Eu apenas olhei para ele e assenti, mas com uma expressão de perdida que eu provavelmente exibia, não o convenci. — Você sabe que pode falar comigo quando algo estiver te incomodando, não é? — pôs a mão no meu ombro e olhou nos meus olhos.
— Eu sei, Be. Não fica preocupado. — abri um sorriso. — É besteira minha.
De novo, não pareci convincente, mas o meu tom fora bom o suficiente para que ele notasse que eu não queria conversar sobre o assunto e se virou para frente, concentrando-se em dirigir. Queria muito poder contar para ele tudo pelo que estava passando, já que, nesse longo namoro de três anos, eu e ele confiávamos um no outro o bastante para falar sobre os nossos envolvimentos românticos – também, se não conversasse com ele, não poderia conversar com mais ninguém.
Mas esse assunto era delicado demais para abordar durante uma descontraída viagem de carro.
Além do mais, Bernardo não entenderia meu dilema. Não posso culpá-lo por não ter contatos com problemas da vida real, já que a maior parte do tempo encontra-se protegido por sua BMW nova, seus cartões de crédito ilimitados e com pessoas a sua volta que o bajulariam até a morte.
Não posso culpá-lo, pois vivo no mesmo mundo de ilusões, onde tudo é mais fácil para pessoas como nós. Mas infelizmente, tudo estava desmoronando à minha volta, e eu não sabia o que fazer quanto a isso.
Em pouco tempo, ele parou o carro na frente minha casa e se virou, perguntando:
— Precisa que eu te leve até a porta?
— Não, já está tarde. — respondi. — Se for, minha mãe vai acabar te fazendo ficar um tempo por aqui.
— Afinal, por que você está vindo dormir aqui? E o seu apartamento?
— Entrou em reforma hoje. Minha mãe adora brincar de arquiteta e designer de interiores quando está entediada.
Ele assentiu. Sabia que me entendia bem, já que sua mãe tem a mesma mania.
— Será que seu pai está nos observando?
— Ele sempre está. — suspirei alto. — É melhor eu ir logo.
Inclinei-me para a porta, mas Bernardo pôs a mão em meu pulso, fazendo-me olhar para ele. Carinhosamente, ele tomou meu rosto em suas mãos, enterrando-as em meus cabelos loiros. Sabia o que viria a seguir. Bernardo aproximou-se de mim, invadindo meu espaço pessoal, e depositou os lábios sobre os meus, deixando-os por um tempo que não o faria ser um "garoto safado" aos olhos do meu pai, mas também não o faria parecer um rapaz grosso e insensível.
Depois de me beijar, ele se aproximou um dos ouvidos e sussurrou:
— Não se esqueça de sorrir e parecer uma menininha apaixonada. Venho te buscar amanhã para irmos juntos para a aula, tá? — eu assenti e, assumindo o papel que me designara, eu comecei a sorrir e saí do carro, tentando mostrar as câmeras de segurança do meu pai que eu estava feliz com o meu falso namoro.
Ao entrar em casa, não durei cinco segundos antes que minha mãe me abordasse. Ela aproximou-se de mim enquanto ajeitava os seus cabelos loiros em um coque que com certeza deve ter custado uma semana trabalho de alguém que recebe salário mínimo para fazer.
— Como foi o cinema, filha? — perguntou.
— Eu me diverti. — abri um sorriso. — O filme é ótimo.
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A REPÚBLICA DOS REJEITADOS - O Clichê Elevado Ao Normal
HumorOuça a playlist - https://goo.gl/28kQ8n ==================== ATENÇÃO: Essa história tem como objetivo ser cheia de clichês e cenas de comédia. Baseado nos mil doramas e webtooms que assisti e li. Se está esperando algo sério, pode ir embora. Se está...