EPISÓDIO 8: Do Que Vale Um Amor? (Isaac) - Parte 1

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Manas e manos leitores.

Esse episódio ficou muito grande. Por isso, ele foi dividido em duas partes. Até amanhã com a parte 2 :D

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— O que você acha desse? — Joana colocou seu notebook na minha frente.

Ela estava em um desses sites que as pessoas mostram online os imóveis que querem alugar. Era um conjugado, nome dado as quitinetes para tentar fingir que é algo fino, que ficava muito perto da universidade. Não sei se era a sua aproximação do centro ou se era esses nomes que gente rica inventa para se diferenciar da pobreza, mas o dono estava pedindo um preço absurdo — absurdo porque eu não era capaz de pagar.

Eu neguei com a cabeça de leve. Estava tentando não fazer movimentos bruscos o dia inteiro para não piorar a minha cabeça. Desde que eu acordei, estava com uma puta ressaca. Mesmo que ela já tenha passado, eu temia que a qualquer movimento mais intenso que eu fizesse, ela voltaria.

Eu sei, isso não fazia sentido nenhum — ainda mais para mim, que fazia Nutrição. Eu não estava raciocinando direito hoje e a culpa disso era de eu ser incapaz de beber muito.

— Por favor, Joana, seja mais realista. — disse a ela.

— Ah, tudo bem. — ela pegou seu computador de volta. — Mas eu posso saber por que você está querendo se mudar? Tipo, do nada. Algo aconteceu?

— Ih, mulher, nada aconteceu não. — respondi. — Não posso me mudar só porque eu quero?!

Joana, que já tinha deitado no sofá da casa dela, abaixou um pouco o notebook e olhou diretamente para mim.

— Por que isso tá me cheirando como desculpas esfarrapadas?

Eu grunhi.

— Eu só acho que é melhor eu sair de lá. Você sabe que está sendo sufocante para mim conviver com aqueles tipos de pessoas. Eu não consigo respirar, Joana! — banquei o dramático.

— Tá, tá, pode parar com o showzinho que eu arranjo algo para você.

Eu sorri em resposta. Assim que ela voltou ao seu notebook, meus olhos voltaram a se concentrar na tela do seu celular. Eu nunca tive curiosidade pra procurar a pessoa com quem Bernardo estava saindo esse tempo todo. Eu não achei que seria importante quando começamos a sair e ele queria que eu conhecesse ela. Não queria me envolver em nada com esse povinho rico — só com ele.

Mas agora eu tava olhando para a foto dela que eu consegui na internet. É impressionante como no Twitter a gente acha tudo sobre a vida da pessoa — o melhor lugar para os fofoqueiros de plantão. Foi só digitar "Beatriz Moraes" naquele coiso de search que pronto: fiquei cheio de fotos dela e de tweets sobre ela.

Pelo que eu entendi, ela era filha de um grande empresário. Mas ele não era do tipo que era pobre e construiu um império, era do tipo que herdou do pai... E o pai, do avó... E o avô, do bisavó. Ela era a próxima na linha de sucessão e para isso estava estudando muito.

Todas as fotos que achei no Twitter, Instagram e no Google Images mostravam para mim uma menina loira desde nascença com um rosto de princesa. Ela parecia perfeita, feita de porcelana. Sua pele era perfeita, parecia que nunca tinha tido uma espinha ou cravo na vida. Seus olhos eram azulzinhos que nem o céu e até na foto mais borrada dava pra ver o brilho que seu cabelo loiro tinha.

Beatriz na verdade era uma Barbie em formação, só faltavam as mil profissões.

Olhando para ela, eu não sabia como deveria me sentir. Eu não poderia odiar ela mortalmente porque ela também tava condenada a um casamento sem amor. Mas também não poderia ficar de boas com isso porque ela ia tomar o Bernardo de mim, c4r4lh0!

A REPÚBLICA DOS REJEITADOS - O Clichê Elevado Ao NormalOnde histórias criam vida. Descubra agora