Mary (Ap. 203)- Ala A.

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"E as contas até já perdi

De quantas vezes eu perdi o ar

Em te assistir sorrir..."

- Anavitória


A vida de Mary pode se resumir em números, desde pequena ela era fascinada por eles, sua família não tinha relação alguma com os mesmos, seu pai dentista, sua mãe pintora e suas duas irmãs mais velhas diplomatas, mas Mary junto com os números se tornou professora de Matemática, aquelas professoras que faziam os alunos ter gosto de se aventurar com os números, isso segundo a inquieta menina Charlotte do 104. Mary havia acabado de se formar e decidiu morar sozinha, foi assim que chegou aqui.

Mary tinha cabelos ruivos e olhos cor de avelã, ela era impressionante, sempre com um sorrisinho tímido em seus lábios, mas naquele dia o sorriso estava largo, tão largo que chegou a me fazer sorrir, olha que eu não sou tão influenciável assim.

Mary estava apaixonada, estava amando e pelo jeito sendo amada. Eu imaginei que deveria ter conhecido algum Matemático ou até mesmo contador.

- Não Sr. Rodriguez, ele é artista!- ela me disse toda empolgada, seus olhos brilhavam.

- Artista?!- era algo inesperado.

- Sim, pintor, tem um quadro dele no hall do terceiro andar...- ela contou tudo, que se conheceram no parque, quando ela estava passeando com alguns alunos,acredite, ela nunca falou tantas vezes em uma só conversa a palavra incrível. Pois bem, Mary havia esquecido o desejo de se casar com Físico, Engenheiro, ou outro qualquer homem relacionado, envolvido e tão fascinado por os números quanto ela. 

Os dias passavam e Mary  estava cada vez mais encantada pelo pintor, vi ele uma única vez vestia uma camisa xadrez e uma calça de uma cor que nem eu mesmo identifiquei, podia ser talentoso mas não era a alma gêmea dela,depois de um número razoável de encontros, algumas discussões e de retarem diversas vezes o relacionamento, ela foi morar com o pintor. Mary era minha moradora mais inteligente.

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Quatro anos depois Mary retornou, mais madura, com uma postura confiante e usava uma camisa social e saia lápis, era impossível dizer que ela não era uma professora. Só que dessa vez trouxe junto consigo um morador a mais, Charlie, um garotinho adorável de dois anos, que lembrava claramente o pintor. Não pude evitar:

- E o pintor Mary?- minha curiosidade falou mais alto.

- Não deu certo Sr. Rodrigues, mas me deixou uma obra de arte.- olhou para o filho com um sorriso, nem tímido, nem alegre, mas maternal.

- Por que não?- questionei, mesmo já sabendo a resposta.

- Ele não era de exatas.- sorri, era a cara de Mary.

Alguns dias depois conheci o novo namorado de Mary e podem ter certeza, ele era de exatas.

As garotas do Saint LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora