Amanda (Ap. 302)- Ala B

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"Viver, tudo que a vida tem pra te dar

Saber, em qualquer segundo pode mudar

Fazer, sem esperar nada em troca..."

 - Daqui só se leva o amor, Jota Quest


Ás vezes em nossa vida surgem pessoas que nos inspiram a ser alguém melhor, a pensar nos outros ou simplesmente crer que o mundo pode progredir.

Amanda era enfermeira, tinha cerca de 24 anos, morava no apartamento 302 da Ala B, era alegre e faladeira, passava parte de seu dia no hospital- o que fez ela desenvolver um amor platônico por um dos médicos que morava no prédio da frente, sim senhores, morador do nosso velho conhecido González.

Quando não estava no hospital ajudava ONGs que auxiliavam a população em países que estavam em guerra.

Esse foi um dos motivos que me faziam admira- lá:

- Eu vou ficar cerca de sete meses lá. - me informou de sua partida para a Síria junto com o Exército.

- Você não tem medo? Vi no jornal que lá é muito perigoso menina. -a alertei.

Ela suspirou.

- Não tenho nada a perder Sr. Rodríguez, só a contribuir nesse mundo terrível. - esclareceu.

Nos dias que se passaram Amanda organizava seu apartamento, inclusive deu sua gatinha Dina á Danka. Via em seu semblante a ansiedade e em seus olhos a preocupação, mas torcia que tudo desse certo e se caso não desse...

- Diga ao médico do 201A do prédio da frente que ele é lerdo e perdeu a chance de conhecer a mulher da vida dele. - pediu enquanto pegava suas malas.

- Mas você vai voltar!- afirmou Charlotte que gostava muito de Amanda.

- Se caso eu não voltar falem isso a ele. - ela entrou no táxi. - Vocês são pessoas incríveis!- ela jogou um beijo no ar e se foi.

Sete meses depois Amanda retornou, muitas pessoas voltam com traumas da guerra, não digo que ela não carregava algum, era visto que por um bom tempo ela andou apreensiva, com medo e até mesmo aérea, mas isso não a fez desistir, assim aconteceu nos anos seguintes.

Ela contava orgulhosa das pessoas que ajudou dos perigos que correu e como passou por cada um. De como era horrível, mas a esperança ali era incrível, e as pessoas que ali moravam tinham gosto de viver cada dia, sorriam e agradeciam por pequenas atitudes em benefício ao seu povo e nunca deixavam de acreditar em dias melhores. Amanda deixava toda a descrição aterrorizante de uma guerra mais emocionante, ela vivia com o coração e a bondade era sua principal arma.

Até o quarto ano em que ela partiu em missão, fazia cerca de quatro meses que ela estava lá, Charlotte me ajudava a separar algumas contas de luz e água, quando dois militares chegaram à recepção.

Sabíamos do que se tratava, ela se foi, se foi fazendo o que acreditava e nós só podíamos fazer uma coisa por ela.

- Você é um lerdo e perdeu a oportunidade de conhecer a mulher da sua vida!- eu e Char gritamos do outro lado da rua, o homem de jaleco provavelmente não entendeu o que um senhor e uma adolescente estavam fazendo, depois daquilo fomos tomar um café e comer alguns donuts.

Durante semanas tive que confortar Char, embora já tivesse idade para compreender a morte, preferi faze-la acreditar que Amanda ainda estava em outro continente ajudando pessoas, ajudando esse mundo.

Tive a oportunidade de escolher o nome de uma de minhas netas e dei a ela o nome da minha moradora mais altruísta.

As garotas do Saint LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora