Capítulo 6 - AULA: AMIZADE EM ARISTÓTELES

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CAPÍTULO VI

AULA: AMIZADE EM ARISTÓTELES

Passados alguns dias do encontro que José teve com sua amiga Ana, ficou refletindo sobre o que ela lhe havia dito: Por que não junta dinheiro e vai até a França ver como Marisa está? ". A vontade era grande e a de vê-la incalculável, faltava a coragem, o medo de encontrá-la com outro o fazia ficar parado. Enquanto refletia sobre as lembranças de sua vida, arrumou-se, tinha de lecionar na escola. Saiu de sua casa, no percurso ainda indagava sobre as questões que sua amiga havia lhe colocado. Chegando ao trabalho dirigiu-se até a sala dos professores para saber a pauta do dia e também para pegar seu material e levar para a sala de aula. Aquela unidade escolar possuía vários problemas como qualquer outra, mas, José tinha por objetivo procurar entender o que motivava os alunos a serem indisciplinados. Suas turmas eram boas, havia alguns alunos que não se dedicavam aos estudos, que para ele possuíam o mesmo valor dos outros e exigia a mesma preocupação e atenção. O sinal havia batido e o professor dirigiu-se até a sala do 3º ano E do ensino médio onde daria sua primeira aula. A turma estava agitada, esperou até se acalmarem, abriu sua caderneta e fez a chamada. O tema do dia era Amizade em Aristóteles e ele gostava muito de trabalhar tais reflexões. Escreveu na lousa "A amizade é tão importante que sem ela jamais existiria a felicidade". Yasmin, interessada no tema fez-lhe um comentário sobre tal frase:

- Professor, essa frase é verdadeira, tenho poucos amigos, mas aqueles que tenho me ajudam a encontrar a felicidade.

Outro aluno ironizou:

- Essa frase é mentirosa, vivo sozinho e não preciso de ninguém para ser feliz.

Esse discurso repetia o sistema atual da sociedade, que por sinal, o havia enganado, mergulhando-o no individualismo. José fez suas abordagens em relação à frase dizendo:

- Segundo Aristóteles, somos seres políticos, sociais, e precisamos nos relacionar com os outros. Nascemos pela união de nossos pais e para virmos à luz foi necessário a ajuda de um médico ou uma parteira. Se você for a uma padaria comprar pão precisará de um padeiro para ter feito o mesmo, caso tenha dinheiro para produzir o seu próprio pão, mesmo assim, precisará de alguém para plantar o trigo. Se a vida nos mostra que precisamos de pessoas que nem conhecemos, que dirá os amigos para nos ajudarem a sermos melhores e felizes?

Naquele momento o silêncio se fez e até aqueles que ironizaram a frase se calaram. A aula terminou e tanto o docente quanto os discentes aprenderam mais com aquele tema. As outras aulas foram de grande reflexão e ele pode ir para sua casa com o dever de ter dado o seu melhor para ensinar àqueles que lhe foram confiados no processo de ensino-aprendizagem. Chegando, preparou seu almoço e depois de uma hora, almoçou. Lavou as louças e descansou um pouco, como de costume, o sono sempre o tomava e só restava-lhe dormir para retomar suas energias. Acordou e reencontrou às lembranças que por um dia se ausentaram. Pegando caneta e papel continuou a escrever:

"Após ter conseguido a permissão dos pais da Marisa, a nossa união se fortaleceu e na escola não tínhamos medo do que os outros iriam pensar. A liberdade reinava no nosso relacionamento e cada dia que passávamos juntos era motivo para nos tornarmos mais felizes. Após um dia cansativo, deixei a minha namorada em sua casa e fui em direção a minha. Quando cheguei percebi que minha mãe estava com o almoço pronto e o aroma do mesmo me fazia sentir mais fome ainda. Lavei minhas mãos e logo tratei de ir sentar-me a mesa para almoçar. Ela olhou em meus olhos e fez-me a pergunta que já esperava que fizesse:

- E o namoro, como vai?

Um pouco tímido disse:

- Muito bem!

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