Capítulo 16

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Dessa vez foi preciso de um tempo para processar o que estava acontecendo e criar uma "reunião no nosso escritório", o Monet's, onde Victor trabalhava.

Chamei Eddie e meu namorado para irmos até lá depois de seu trabalho. Sim, Dean estava trabalhando na Galeria do Rock.

Eddie chegou uns cinco minutos antes e ela já estava aguardando pela notícia, mesmo sem saber se seria boa ou ruim.

- Calma, Eddie. - suspirei ao sentar.

- Tá tudo bem? Você está doente? - começou.

- Calma. Vamos esperar Dean.

Minha ansiedade estava bem visível, pois eu estava tremendo e estava inquieta.

Estava tocando alguma banda Indie no fundo, porém eu não conseguia distinguir qual. 

Dean chegou e se sentou ao meu lado.

- O que foi, amor?

- Espera. - respondi e chamei o garçom. - Um cappuccino pra mim, como sempre. - pedi para Victor, que estava sorridente com todos. Ele parecia ter tido um dia bom.

Eddie pediu um chocolate quente e Dean pediu alguma coisa parecida com... Sei lá o que ele pediu, só sei que parecia ser enjoativo, pois tinha uma grande quantidade de chocolate e café.

Os pedidos chegaram e os dois começaram a me fitar.

Fui direta ao assunto, portanto tirei da minha bolsa um pequeno teste cujo havia dois traços no meio.

Minha amiga colocou as mãos na boca e arregalou os olhos. Meu namorado, pelo contrário, estava sem entender absolutamente nada. Ou pelo menos ele não queria entender.

Demorou para cair sua ficha.

Eu? Eu estava chorando.

- Vo-você... - seus olhos ficaram cheios de lágrimas.

Ele começou a beber aquele líquido cheio de energia.

- Sim, estou. - já não era possível conter minha emoção. - Me desculpa por não ter te contado isso de um jeito meigo, mas é que eu não sei o que fazer. - falei entre soluços. - E meus pais? Eddie, eles vão me expulsar de casa! Eu não tenho um emprego, vou precisar arrumar um. E minha faculdade? O que vai ser de mim? Isso não pode estar acontecendo, por favor digam que é apenas um sonho ou um mal entendido. - atropelei as palavras, falando-as rapidamente.

Coloquei minhas duas mãos em meu rosto e abaixei a cabeça. Um turbilhão de pensamentos surgiam e eu não sabia como ia ser daqui pra frente.

Sinceramente, eu não via nenhum ponto positivo nisso.

- Calma, amor. - ele estava chorando. - Vamos planejar tudo isso com calma. - acariciou meu cabelo.

Tirei as mãos do rosto e olhei para Eddie, que estava tendo um surto de alegria, pois agora nós duas estávamos grávidas.

- Você fez o teste quando? - Dean perguntou.

- Hoje.

Suspirou e encostou na cadeira.

- Gente, isso é maravilhoso! - disse Eddie. - Fiquem calmos, não é o fim do mundo. Vamos falar hoje a noite com seus pais e em seguida com os familiares. - tudo parecia ser fácil ouvindo a voz calma da minha amiga.

- Cara, minha mãe vai começar a jogar na minha cara que sou irresponsável. - interrompi Eddie.

- Espera, me escuta e para de drama. - começou. - Vocês vão sim falar para eles hoje. Amanhã procuramos um médico para ver se está tudo bem. A vida de vocês não vai acabar depois desse bebê, acalmem-se. O romance vai continuar, isso só vai melhorar a relação. Ok, terão que obter uma responsabilidade imensa, mas isso não será muito difícil para vocês. Vai ser simples, vou estar aqui para ajudá-los em tudo. - minha melhor amiga concluiu.

Limpei as lágrimas e olhei para Dean.

- Vai dar tudo certo. - estendeu o braço para que segurasse minha mão.

- Beatriz, relaxa. - Dean disse.

- Relaxa? Isso não é tipo "eu só estou grávida", isso é "eu estou fucking grávida!" - me exaltei com a tranquilidade dos dois.

Dean levantou do seu lugar e me abraçou.

- Eu vou ser mãe. - chorei em seu ombro.

- Eu vou ser pai. - pude ouvir sua risada.

- Promete que não vai deixar que nada de mal aconteça? - olhei em seus olhos.

— Prometo. Você vai ser a mãe mais linda do mundo. — afastou uma mecha do meu cabelo para trás.

— Gente... — Eddie deu uma pausa. — Vocês acham que vai ser menino ou menina? — bateu palma de tanta animação.

Eddie como sempre sendo a mais divertida e vendo coisas boas em tudo.

- Menina. - sorri.

- Menino. - falou no mesmo tempo que eu.

***
Chamei meus avós para jantarem em casa com meus pais.

A sala de jantar estava cheia, pois também estava com alguns familiares de Dean.

O jantar seria macarrão com queijo, bacon e strogonoff, meus pratos preferidos.

Eddie e Dean também estavam na mesa.

Depois do jantar anunciei que estava grávida, sem fazer muito mistério.

Douglas estava feliz, pois não parava de pular.

Minha mãe começou a chorar e me abraçar. Disse que daria todo o apoio que eu precisasse, desde que eu crie responsabilidade, pois ela não me colocaria na rua.

Meu pai também estava emocionado e não parava de repetir que sua menininha era uma mulher agora.

Mesmo sendo cedo demais, tive que ouvir meus avós ficarem dando dicas de como cuidar de um filho e que viriam me visitar sempre.

Até que foi um jantar agradável. Confesso que pensei que seria uma guerra.

Mais tarde, aproximadamente meia noite, quando todos já haviam ido embora, minha mãe me chamou para conversar em seu quarto.

- Filha, como você está se sentindo? - sentou-se na cama e eu fiz o mesmo.

- Eu não sei descrever. Não sei se fico triste ou feliz. Não foi nada planejado, mãe.

- Querida... - deu as mãos para mim e eu as segurei. - Eu me lembro quando senti essa sensação. Eu e seu pai queríamos ter uma filha, mas nunca fizemos planos. Mas aconteceu, e olha essa moça que você é agora. - se aproximou. - Já pensou se eu e seu pai não quiséssemos ter você? Tudo bem, foram vários obstáculos, porém as lembranças que tenho de você pequenininha correndo pela casa, são... - gesticulou com a outra mão. -  Eu me lembro perfeitamente da pessoa que eu era antes de ter você e, acredite, sou uma pessoa melhor agora. Não consigo me imaginar tendo uma vida sem ter acontecido tudo que aconteceu, sem ter me chocado ao ver o teste gravidez, sem ter te ajudado a dar seus primeiros passos, e até mesmo sem ter que acordar de madrugada para te olhar, pra ter certeza de que estava bem. Eu não trocaria nenhuma dessas sensações para uma outra na qual estaria bêbada com seu pai em um bar enquanto cantavamos no karaoke. - sorrimos. - Eu não estou dizendo que você vai amar cada segundo, porque, cá entre nós, acordar quatro horas da manhã com um bebê chorando sem saber o motivo, não é tão bom assim, mas ainda sim foi uma experiência única. Entendeu onde quis chegar?

Demorei para absorver tudo.

Realmente, ter uma criança tão inocente dizendo "mamãe, eu te amo" e fazendo um milhão de perguntas não deve ser tão ruim assim.

O problema é eu, logo eu, conseguir me organizar para isso.

 

Um Romance DiferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora