O dia.

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3º Capítulo

Música: Birdy feat Rhodes - Let it all go

27 de julho 

Acordei com batidas insistentes, é domingo e sei que ainda é muito cedo para alguém estar batendo na porta do meu quarto.

- Acorda Laura- ouço minha avó me chamar do outro lado – hoje nós iremos para a casa da sua tia, esqueceu?

- Tudo bem, já estou indo- falei

Me arrastei para o banheiro, fiz minha higiene matinal, e não achava que manter meus olhos abertos seria uma tarefa tão difícil, eu sentia como se conseguisse dormir pelo resto do mês, estava cansada. Logo após tomarmos café da manhã, lá estava eu dentro do carro ao lado do meu primo que não parava de falar por nenhum segundo com a namorada nova dele, eu queria estourar os dentes dele, quem acorda tão animado desse jeito?!

- Acordou com o pé esquerdo hoje priminha? - Ele disse em um tom animado

- Faz um favor Rick? Vai se ferrar – meu mal humor estava gritante.

Chegando a cidade da minha tia, parei para observar através da janela, não era uma cidade grande, como eu havia imaginado que seria, poucas pessoas andando na calçada, alguns meninos brincando, me perguntei mentalmente o que eu poderia fazer naquela cidade durante um dia inteiro e a única conclusão foi: nada. A casa da minha tia não era tão longe da entrada, ela está muito animada, acho que fazia tempo que ela não via os parentes, e eu estava a conhecendo pela ''primeira vez'' porque sinceramente não me lembro dela.

- Olha só quem está aqui, Laura, quanto tempo, cresceu hein- disse simpática

- Olá tia, gentileza sua dizer que eu cresci – falei

"Por favor né, eu tenho 1,50 cm de altura, ela só está sendo simpática."

O almoço foi tranquilo, o dia estava lindo, o típico domingo ensolarado, nenhuma nuvem no céu, e quente, o dia esta realmente quente. O filho da minha tia logo me chamou para dar uma volta, aceitei, não queria ser chata, fomos a sorveteria, até que ele não era idiota igual meu primo Rick.

- Ah Laura, está tendo torneio de vôlei na cidade, pode ir lá se quiser.- falou

- Ah legal, acho que tenho muito tempo por aqui ainda, pena que não conheço ninguém. – Falei

- Você pode ir lá, é perto de casa, não vou poder ir tenho alguns compromissos, quem sabe você não conheça alguém por lá ...

- Não sei não hein, tem certeza que não é difícil chegar lá? Não quero me perder aqui.

- Ah por favor né prima, é impossível se perder nessa cidade – falou, soltando uma gargalhada, realmente a cidade não é nem um pingo de grande, mas nunca se sabe.

- Não duvide nunca da minha capacidade – disse, acompanhando a risada.

Em seguida nos levantamos da mesa onde estávamos na sorveteria, Vitor, meu primo, comentava tranquilamente sobre como era morar aqui, como ele disse, não tem muito o que se fazer, mas é uma cidade boa, ele me explicou onde estava acontecendo o torneio de vôlei, e realmente não era difícil chegar lá, logo vimos um grupo de meninas uniformizadas e não pude evitar olhar, meu primo olhou com um ponto de interrogação no meio da cara, mas não ousou comentar. Ele se despediu e disse que avisaria meus avós quando chegasse em sua casa e que eu poderia ir dali para o campo.

Chegando lá, o lugar era grande, várias arquibancadas, muitas pessoas conversando animadamente com as outras, outras lutando por um lugar que haja sombra, já passava um pouco das duas horas da tarde. Decidi sentar em um lado do campo que não havia muita gente, era melhor assim, senti alguns olhares, mas não me importei, estava acontecendo uma disputa já, até que não eram ruins.

Alguns minutos depois, sinto meu celular vibrando, olho para a tela e não acredito no nome que estou lendo, era ela, minha ex, bufei.

Ligação on

- Alô- ela disse com a voz em tom de expectativa

- O que você quer? – Falei sem ânimo

- Nossa, é assim que você atende as pessoas? – Disse em tom de deboche

- Fala logo, não estou com tempo.

- Desculpas Laura, só quero saber como você está

- Depois de 2 meses? Eu estou ótima – ok nem tanto, mas eu não quero admitir

- Certeza? Precisamos conversar, quero te ver – falou

- Não precisamos não, já tivemos uma conversa – falei irritada

- Não conversamos não, preciso que me escute

- Ja falei que não tenho, que saco, dois meses se passaram e você quer conversar agora? Não da.

- Onde você está? – Perguntou

- Não interessa, agora preciso ir, tchau – desliguei sem ouvir a resposta

Levantei em um salto, estava irritada e o calor estava o dobro, ninguém é feliz quando está suado e ainda mais com a ex te ligando. Caminhei em direção a entrada, a cabeça baixa para evitar a claridade, quando fui ajeitar os óculos que usava, vi uma menina andando em minha direção, senti seu olhar fixo em mim, mesmo com as lentes escuras em seu rosto, passou do meu lado, foi quando a vi de perto, tudo parecia em câmera lenta, ela não disse nada, apenas seguiu, olhei para trás e logo vi ela sentando ao lado de uma moça um pouco mais alta e virando para olhar de novo em minha direção.

'' Nossa'', pensei. Foi quando eu percebi que estava parada no mesmo lugar que ela passou por mim, virei em meus calcanhares e fui em sua direção, sentando do lado oposto. Ela estava junto com algumas pessoas, estava sorrindo e comentando sobre o jogo provavelmente, não consigo ouvir, ela estava em uma certa distância, abaixei a cabeça e coloquei os fones, estava tentando entender o porquê tinha voltado quando o que eu mais queria era sair dali, ouvi um som de murmúrios e risadas, foi quando olhei e a vi me olhando, comentando algo no ouvido da moça em seu lado e logo tive a atenção das duas, ela sorriu e virou de costas para mim. Era impressão minha ou eu já a conhecia? – "Não pode ser, nunca a vi, não sei o nome, eu lembraria de seu rosto caso tivesse visto antes, que sensação estranha" – pensei.

Minha avó estava me ligando, já iriamos embora, ''droga'' pensei, fui em direção a saída do campo, passando ao lado dela, ela não desviou o olhar, estava me acompanhando, tentei dizer algo ou perguntar seu nome, mas tudo o que consegui fazer foi continuar andando com a cabeça baixa, praguejei o mundo e a mim mesma com isso, eu poderia deixar de ser tímida pelo menos agora...

Aumentei o volume dos fones em meus ouvidos e apenas sai daquele lugar... –" Não era nada demais, era só uma menina, uma menina linda, um pouco maior que eu, com traços delicados e que prendeu minha atenção, só isso, nada demais, ou era?"- minha mente estava gritando.

No caminho de volta para minha casa, cochilei, uma música calma tocava em meus ouvidos, não me importei em reconhecer, estava cansada demais para isso, o dia foi longo.

Quatro dias para te encontrar,quatro vidas para esquecer.Onde histórias criam vida. Descubra agora