Noite difícil. E o dia não tão diferente. Pensei bebericando meu uísque. Após desistir de despachar alguns documentos. A cena ridícula que presencie pela manhã me deixou, irritado além da conta. Minha empresa agora era ponto de encontro e de fazer amizade?
Não! Minha empresa era um local de trabalho! Além do mais eu não pagava a eles para tal coisa. Se bem que a única que eu pagava era a Alexia já que o Galveston era meu sócio e o Justin Burke sócio do Galveston que o convenceria a talvez nos auxiliasse na produção do novo produto. Do novo software.
Eu precisava relaxar. Precisava transar! Pensei tenso. E isso me remeteu a outras coisas. Como ontem à noite. Depois da transa relaxante meu corpo estava satisfeito mais ainda queria mais, porém a garota negou-se a passar o resto da noite em meus braços. Deixando-me irritado por me privar de sua bucetinha doce. A noite anterior foi deliciosa. Pena que tão rápida. Diabos!
Ela não enxergava que éramos imbatíveis na cama? Que o que tínhamos deveria ser aproveitado da forma mais prazerosa possível?O tempo que passamos separados me deixou sedento por ela. Mas não queria complicações e Alexia era cadeia na certa. Confesso que não gostei nem um pouco pela sua visita imprópria e pela bomba. Grávida?
Fato confirmado hoje pela manhã após o exame de sangue. A garota não estava mentindo. E não havia duvidas que o pai fosse eu. Eu era um safado entre outros adjetivos que minhas ex me davam, mas eu não era irresponsável. Se bem que transar sem usar camisinha não foi só ser irresponsável, foi ser burro! Como eu, um homem vivido e experiente se deixou levar por uma fissura? Uma atração avassaladora ao ponto de esquecer uma atitude vital até mesmo para a minha sobrevivência. Quantas doenças sexuais fatais existem por ai. E eu marcando essa bobeira.
Tesão! Tudo culpa dessa porra de tesão. Agora eu estava enrascado. Eu seria pai.
Pai? Eu seria pai? Esse pensamento não me deixava em paz. Eu não seria um bom pai. Não tinha tido um bom exemplo em quem me espelhar. E não me via exercendo essa função ingrata. O meu havia morrido há muito tempo a exatos dezesseis anos. E só havia me ensinado a beber, a odiar e jamais a confiar nas mulheres. Ele tinha certa razão na sua teoria doentia de que mulher não tem outra serventia do que para trepar e procriar. Afinal a mulher que amará o havia traído feito ele de bobo, e o abandonado com uma criança de cinto anos pra criar.
Meu peito ardeu diante das lembranças de um tempo obscuro.
Dezesseis anos antes.
Larguei do curso de verão da faculdade e sai direto do mesmo para casa. Estava preocupado com meu pai. Ele não estava tomando mais os remédios para a depressão e quando os tomava misturava com bebida. A primeira vez que ele havia feito isso quase morreu de parada cardíaca e ficou internado durante um mês. Eu vivia escondendo as garrafas de bebidas de casa, mas ele sempre as encontrava, ou comprava.
Nosso dinheiro era escasso devido ao vicio de meu pai perdemos tudo. A única coisa que ainda ajudava nas despesas de casa eram os imóveis que nos pertenciam. Mas por estarem em mal estado, nenhum inquilino queria pagar um aluguel razoável.
Eu trabalhava durante o dia em uma pequena loja de equipamentos eletrônicos como vendedor e a noite fazia meu curso de Engenharia da programação. Era uma rotina pesada, mas eu tinha que vencer. Provar para minha mãe que ela teria orgulho de mim se tivesse ficado comigo.
Às vezes movido pela saudade eu culpava meu pai pela fuga de minha mãe. Mas ele também fora vitima daquela mulher sem coração. Ele não fora a causa de sua atitude egoísta e fria. Não fora. Entrei na casa que já tinha tido dias melhores encontrando-a em completo breu e silêncio.
Chamei perguntando ao mesmo tempo:
– Pai! O senhor está em casa?
– Pai!
Isso era um mau sinal pensei apreensivo. Acendi a luz e a sala estava vazia. Não o encontrei na pequena cozinha também e me dirigir com o coração em aperto para o quarto de meu pai. A porta entreaberta me fez estancar, meu pai nunca deixava a porta dessa forma. Com mãos tremulas afastei a mesma e procurei a tomada iluminando o ambiente. Então arfei diante da imagem grotesca a minha frente.
Meu pai estava pendurado por um cordão preso ao pescoço que estava amarrado a um gancho fixado no teto. Estava roxo e seu pescoço em posição estranha demais denotava estar quebrado. De sua boca entreaberta saia uma quantidade enorme de sangue, um sangue escuro espesso e coalhado. Os olhos azuis estavam arregalados, foscos, atormentados...
A dor de constatar que meu pai havia se matado transpassou meu cérebro. E a dor foi lacerante. Rasgando meu coração em milhares de fragmentos. A agonia era tanta que fique paralisado por minutos. Gritei de dor. E meu grito foi cortante até mesmo para os mesmo ouvidos. Corri para o corpo de meu pai tentando soltá-lo, mas o aperto do cordão em seu pescoço era muito forte. E não consegui mover um milímetro.
Eu estava cansado e completamente sujo de sangue, mas não desistia de soltá-lo, Quando minhas forças sumiram deixe-me cair. Gemendo e chorando pelo meu pai. Os vizinhos adentraram o quarto, acho que ouviram meu grito e desprenderam o corpo de pai o colocando na cama.
Levantei-me tremulo e fiquei ao seu lado. Como um cão fiel...
Jasmim me ajudou a cuidar do enterro no dia seguinte. Ela era uma boa amiga. A única mulher que confiava. Apesar de ser filha de quem era. Ela era uma boa pessoa. Sofreu muito em um orfanato e quanto tivera idade suficiente fugiu, após descobrir onde meu pai e eu morávamos.
Meu pai a destratou e a expulsou de casa, mas eu acolhi e a abriguei em uma das nossas casas. Sem o seu conhecimento. E nos víamos sempre. Ela era minha irmã bastarda. Sim. Mais um presente que a dona Stela nos deixou após sua partida. E foi ela que presenciou minha promessa feita no tumulo de meu pai. Estava enterrando hoje um homem que fora forte e digno, mas por amor a uma mulher, se tornou um fraco! Um viciado! Perdendo o respeito de todos. Um homem que foi destruído... E diante da cova rasa de Natanael Spencer, e eu jurei que nunca confiaria e nunca daria o poder a uma mulher de me destruir. Nunca...
A bebida desceu queimando por minha garganta e meu peito gostou da sensação. Era menos doloroso que as lembranças. Chega de remoer o passado. Pensei deixando o copo de lado dando por encerrado o expediente. Levantando-me caminhei para fora da sala com passos largos. Saindo da mesma presenciei uma cena nada agradável devo dizer contrariado.
Justin Burke beijava a mão de Alexia com intimidade e sem pensar me ouvir rosnar:
– Que sacanagem é essa?
Os se sobressaltaram ao me ouvirem e me olharam estranhos. Enquanto eu aguardava possesso, uma resposta plausível dos dois.
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Obscuro Coração- Capítulos de Degustação
RomanceATENÇÃO: O livro foi retirado, após três meses na plataforma como medida para evitar ser novamente vitima de plágio, e por contrato com a editora. Anteriormente o livro ficou disponível no site Nyah por mais de um ano enquanto fanfic da Saga Crepúsc...