Capítulo 4

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Leal deu um delicado beijo no rosto dela e deixou aquele apartamento.
Hélia fechou a porta e ainda encostada nela, começou a chorar.
H:Como? Como eu posso não sofrer? Eu já estou sofrendo.
Leal estava hospedado em um hotel próximo ao apartamento de Hélia.
Era de manhã, a primeira coisa que Hélia fez depois do café da manhã foi ligar para Zeca.

No apartamento de Zeca e Nelinha.
Estavam todos se preparando para sair, as crianças como sempre iriam ficar com a Tertuliana.
O telefone toca.
Z:Deixa que eu atendo, amor! (saindo em direção ao telefone)
Z:Alô?
H:Zeca, meu filho.
Z:Mãe! Que saudade, pensei que tivesse se esquecido do seu filho. (rindo)
H:Que isso meu amor, eu sei que agora você está indo trabalhar, mas eu precisava saber o quanto antes.
Z:Saber o que Mãe?
H: É você que tá ajudando o teu pai com essa história?
Z:Que história?
H:...
Z:Mãe? Que história?
H:Seu pai, ele viajou?
Z:Sim, ele foi pra Itália, porque? Como você ficou sabendo disso Mãe?
H:É que... (foi interrompida)
Nelinha grita da porta.
N:Anda amor, vamos nos atrasar!
H:Outra hora eu te ligo e explico com mais calma meu filho.
Z:Tudo bem mãe, depois das 18hrs eu tô em casa.
H:Tudo bem meu filho, dê um beijo na Nelinha e nos meninos por mim.
Z:Pode deixar Mãe.
H:Beijos meu Filho, te amo.
Z:Também te amo Mãe.

Hélia desligou o telefone, não, não queria acreditar, teria que ver no rosto dele. Ele não saberia mentir, não pra ela.

Já era tarde, Fidélio lia um livro e bebia uma xícara de chá de hortelã. Aprofundava-se nos poemas que tanto mexia com ele. Essa magia toda foi interrompida pelo soar insistente da campinha de seu apartamento.
Assim que ele abriu a porta levou um susto.
F:Leal? Mas o que você está fazendo aqui?
L:Preciso da sua ajuda.
F:Minha? Mas para que? Se estiver ao meu alcance.
L:Preciso reconquistar a Hélia, eu não consigo imaginar a minha vida sem ela, estou passando por cima do meu orgulho, só que ela é muito cabeça dura.
Fidélio riu ao ouvir isso.
F:Exatamente como você, não é Leal?
L:...
F:Entra, por favor.
Leal o seguiu até a varanda.
F:Vou buscar um xícara para você. Você quer um chá de hortelã ou prefere um café?
L:Um café forte, por favor.
Alguns minutos depois, ambos estavam conversando.
L:Eu não sei, ela está tão perto e ao mesmo tempo querendo desesperadamente estar longe.
F:Você vai me desculpar Leal, mas você fez a minha amiga sofrer muito. Você vai desistir? (preocupado)
L:Desistir?Jamais, palavra de Rei não volta atrás. Eu disse que vou levá-la de volta e eu vou.
F:É isso mesmo que eu esperava ouvir, estou te ajudando por isso.
L:Continua linda...
A campainha toca.
F:E se for a Hélia? (Levantando nervoso) Você vai ter que se esconder Leal.
L:O que? Mas eu não vou mesmo.
F:Leal, por favor. Hélia vai ficar uma fera.
L:Tudo bem então. Você tá me ajudando aí.
A campainha insiste.
Fidélio foi abrir a porta.
H:Oi Fidélio, preciso falar com você. (já entrando)
Fidélio foi seguindo a amiga, rezava a cada instante pra que ela não percebesse nada de diferente.
Ela já foi logo indo para a varanda.
Fidélio se apressou atrás e foi pegando as xícaras, mas Hélia é esperta e não deixou passar despercebida.
H:Você está com visita Fidélio?
F:Não. (nervoso)
H:Então porque tem duas xícaras aqui?
F:Eu estava com visita, mas ela já foi embora.
H:Fidélio, eu não quero que minta pra mim.
Enquanto Hélia falava, Fidélio desesperadamente tentava disfarçar os olhos nervosos a procura de Leal. Onde havia se escondido?
F:O que foi?
H:Leal esteve no meu apartamento ontem a noite.
F:O Leal? (tentando disfarçar sem sucesso)
H:Fidélio, a primeira pessoa que me passou pela cabeça que poderia ter contado e o ajudado a chegar no meu apartamento é o Zeca.
Mas eu já liguei hoje de manhã e ele não sabe de nada. Então a única pessoa que poderia ter contado é você.
Fidélio ficou em silêncio e olhou para o chão.
H:Fidélio, eu sei que foi você, até porque eu sei que você também não tem uma cortina com cabelos brancos.
O Amigo de Hélia no mesmo instante olhou para a sua cortina e Leal saiu de trás da mesma.
H:Eu não esperava isso de você Fidélio, não de você. (ia saindo)
F:Minha amiga, por favor.
L:A culpa não foi dele, eu o procurei, eu insisti.
H:Leal, volta para o Brasil, vai viver a vida que você escolheu, me deixa em paz.
Fidélio foi saindo disfarçadamente e deixando-os a sós.
L:Hélia, o que você quer que eu faça pra te provar que agora nós vamos ficar juntos, pra sempre?
H:Nada, eu quero te esquecer Leal, eu quero esquecer desse amor, quero me esquecer.
Ele se aproximou dela.
L:Tantos anos, tantos longos anos e você ainda não percebeu...
Ele segurou-a e meio aos cabelos.
L:Isso é impossível. (e a beijou)
Quando se beijavam, esquecia-se de tudo, de onde estavam do momento que estavam de tudo e de todos.
Mas Hélia sabia que agora não dava pra ser assim, Sérgio existia em sua vida e ao contrário de Leal, nunca deixou uma lágrima se quer cair de seu rosto por uma decepção.
Ao contrário, com ele eram somente risos, coisas boas.
Hélia parou o beijo.
L:Mas o que foi dessa vez? (inconformado)
H:O rei... Não está nu, mas continua burro! Mas muito burro mesmo!
Hélia saiu do apartamento, sem ao menos despedir-se do amigo.
Assim que chegou ao seu apartamento ficava pensando no que fazer. Daqui a uma semana Sérgio estaria de volta. O que ia acontecer? E se Leal realmente estava disposto a finalmente viver aquele amor?
Mas agora? Porque agora? Depois de mais de um ano!
Ficou mexida, mas agora havia outros fatores, um deles é que Sérgio existia, também tinha seu orgulho, mas para ela mesma não precisava mentir, nem esconder nada. Queria esquecê-lo, mas a verdade é que se não fosse esses “fatores” se jogaria nos braços dele assim que ele disse que veio buscá-la.
Precisava pensar, fez um chá calmante que lhe salvou aquela tarde, poucos minutos depois ela pegou no sono.
Leal a deixou destruída estava com uma cara péssima, uma moleza, não tinha fome.
Tomou um banho relaxante de banheira.
Algum tempo depois.
Pegou o celular e viu muitas chamadas perdidas de Fidélio. Fidélio... Pensava ela em o porquê do amigo ter feito aquilo?
Ele havia prometido não dizer nada, mas se Fidélio dessa vez acreditou, será que não é porque dessa vez será diferente?
Estava confusa, mais confusa do que nunca.
Precisava se acalmar, pegou uma taça de vinho, foi até sua sala e ligou o som.
Estava com a cabeça longe, tentava dispersar os pensamentos dele.
Mas a musica deles começou a tocar e antes mesmo do fim, ela não aguentou e confessou.
H:Ai que vontade de ficar com você, em uma palavra, só uma palavra eu queria dizer...
(as conhecidas lágrimas apareceram) Eu te amo, te amo, te amo!
Estava vulnerável, a essa altura os poucos goles do vinho que bebia a encorajava em dar voz ao coração.
Pegou o telefone, ia ligar, discou os números pausadamente. Chamou, chamou e nada, caiu na caixa postal. Ela colocou no gancho, tomou mais uns dois goles do vinho que a essa altura já estava doce e ia pegar o telefone, mas dessa vez o mesmo tocou.
Ela atendeu meio receosa, tinha certeza de que era Leal, mas ficou sem jeito ao ouvir a voz apaixonada e carinhosa de Sérgio.
S:Te acordei meu amor? Afinal aí já é tarde da noite.
H:Não, na verdade eu adorei você ter me ligado, eu já estava com saudades.
S:Que coisa mais gostosa ouvir isso de você.
Hélia sorriu. Adora se sentir amada, amada antes de tudo e não amada em ultima opção.
H:Quando é que você volta?
S:Volto nesse fim de semana, mas vou precisar voltar daqui alguns dias ainda. Mas da próxima você disse que viria comigo não é?
H:Disse e vou. (sorrindo)
S:Maravilha, então eu vou desligar meu amor, liguei só pra ouvir sua voz antes de dormir.
Beijo meu amor.
H:Beijo pra você também.
S:Mas é na boca tá? (rindo)
H:Ok, pra você também. (rindo)
Desligaram o telefone, realmente já era tarde da noite, Hélia precisava dormir, mas como? Fazia pouco tempo que havia acordado. Mas que droga.
Resolveu ler. Pegou o livro que estava há dias para ler mas ainda não havia dado tempo.
A campainha toca.

Hélia e Leal - The Last Dance [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora