15- Mais Flashback

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Manu se preparava para dormir.

Até que o telefone tocou. Ela olhou e não acreditou no que estava vendo, mas era Beto.

Ela atendeu e ele disse que precisava muito falar com ela, que não aguentava mais aquela situação e perguntou se ela aceitaria ao menos encontrá-lo.

Manu ouviu quieta, não soube o que dizer embora estivesse sentindo falta do ex. Mas acabou cedendo:

"Tá... tudo bem, podemos conversar sim. Quando?"

"Agora, Manu! Estou aqui na sua porta. Eu liguei para a sua casa mais cedo, sua mãe disse que você chegaria de viagem e que passaria na casa da Laura antes de vir para cá. Como eu não tinha a certeza sobre você querer me ver, fiquei aqui aguardando. Pode descer?"

"Você ficou até agora em frente ao meu condomínio me esperando? Nossa! Eu já estava indo dormir... mas... estou indo. Me aguarde aí."

Manu colocou um roupão e desceu. A mãe a viu passando pela sala e perguntou o que havia acontecido.

E Manu explica:

"Mãe, o Beto me procurou e a Sra. falou que eu estava voltando de viagem e que estava na Laura? É só para saber se ele está falando a verdade..."

"Ah, filha, está falando a verdade sim. Eu estava tão acostumada a falar de você para ele que respondi automaticamente... me desculpe! E foi tão natural que até me esqueci de comentar com você."

"Está tudo bem, mãe. Era só para confirmar. Agora ele está lá embaixo me esperando. Vou lá falar com ele."

"Mas a essa hora, Manuela? Tem certeza? Não é melhor pelo menos combinar num outro dia?"

"Não, mãe. Vou logo lá ver o que ele quer. Se não for eu não vou ter sossego."

Manu desceu. Viu o carro de Beto parado em frente a portaria, se aproximou, ele abriu a porta e ela entrou.

"O que você tem de tão urgente para falar comigo, Beto? Estou muito magoada porque você não me contou que havia voltado para a Juliana. E ainda teve a coragem de me procurar porque estava só a fim de sexo. Muita sacanagem agir assim comigo. Não mereço isso e..."

Manu foi interrompida por um beijo de Beto. Ele a segurou pela nuca, puxou o prendedor do cabelo dela deixando-os soltos, a pegou pelos braços colocando-a em seu colo e levantando o seu baby doll... e quando se deu conta ela estava de novo transando com Beto. Ali mesmo, no carro, na rua...

Mesmo depois de tudo que o ex havia feito, ela estava com saudades. Cedeu por puro desejo, por vontade própria. E quando acabaram só restou a preocupação sobre alguém ter visto o que houve - embora os vidros do carro de Beto fossem bem escuros.

Beto a tirou do seu colo e ajeitou a roupa dele. Depois falou que não estava conseguindo ficar longe de Manu, que sentia falta de fazer amor com ela e que estava muito confuso e pensando em de novo deixar a Juliana.

Manu ficou irritada, arrependeu-se de ter permitido que Beto tocasse nela e deixou claro que não acredita mais nele. E ressaltou que ele está é sentindo falta de transar com ela, apenas isso, pois sempre se deram muito bem no sexo e ele mesmo tinha dito uma vez que com a Juliana não era assim.

"Não é nada disso, Manu!" - disse Beto abraçando-a e aproveitando para olhar as horas no relógio em seu pulso. Em seguida a soltou e disse que precisava ir, mas que eles iriam marcar para conversar.

O celular dele toca, era a atual namorada. E Manu conseguiu ver o nome dela e a fotos deles abraçados no visor. Porém, Beto ignora a chamada e apenas tenta convencer Manu a sair do carro para se encontrarem numa outra oportunidade.

Manu sai, bate no vidro do carro do lado do carona para dizer algo. Beto abre:

"Foi a última vez que você encostou em mim. E um dia você irá se arrepender por ter brincado com quem te amou de verdade. Se não pagar comigo, paga com outra mulher. E não é praga isso, será só você colhendo o que tem plantado. Seu imbecil!" - esbravejou Manu antes de entrar em seu condomínio.

Beto apenas disse que ela tinha entendido tudo errado, mas não tentou ir atrás dela e partiu com o carro.

Manu subiu para o seu apartamento. A mãe a viu entrar, mas sabia que ela queria ficar sozinha e a deixou ir para o seu quarto. Manu chorou não só por ter sido enganada de novo, mas por ter se sentido suja e enojada do ex.

Tomou um banho demorado lembrando de tudo e teve o amor (ou o que restou) por Beto instantaneamente revertido em raiva naquele momento. Chorava pensando em coisas que abriu mão por causa do ex, em como se dedicou ao relacionamento e no quanto mudou para se tornar a mulher que Beto esperava que ela fosse.

Lembrou-se de ter deixado até mesmo a amiga Laura de lado por causa dele. E de por tantas vezes ter brigado com a mãe quando ela dizia que Beto não era homem para ela.

Esses pensamentos levaram Manu a se questionar sobre o tal do amor-próprio que a mãe sempre insistia em afirmar que faltava nela. A Sra. Inês destacava que quem não se amava não amava ninguém. E ainda por cima vivia dependendo efetivamente de todos. E que gente assim tinha medo de ficar sozinha, se sujeitando inclusive a viver relações abusivas com quem nem companhia fazia.

A mãe de Manu explicava que enquanto a filha não descobrisse o próprio valor veria pessoas entrando e saindo da vida dela. E dizia essas coisas porque o Plínio, outro ex-namorado de Manu, fez basicamente a mesma coisa que Beto.

Esse não voltou para uma ex, mas terminou e meses depois apareceu com uma nova companhia... e viviam estilo comercial de margarina.

A Sra. Inês não via Manu como uma problemática e culpada pelo fim de seus relacionamentos, mas como alguém que não aprendia a agir diferente para ver novos resultados. E focava nessa questão da necessidade de Manu se gostar para mostrar segurança na relação e consequentemente ver os outros também gostarem dela.

Abordava essas questões com propriedade, pois era psicóloga e chegou a atuar alguns anos na área, parando após o nascimento do caçula e não retomando a carreira.

Depois de tanto refletir sobre Beto e as conversas com a mãe, Manu saiu do banho. Colocou outro baby doll e foi deitar. Não conseguia pegar no sono. Pegou o celular e enviou uma mensagem para Laura. Perguntou como a amiga estava e contou o que havia acontecido entre ela e Beto.

Laura respondeu que estava bem, na medida do possível. E sobre Beto disse que apesar das recaídas, pelo menos Manu estava tentando sair daquela situação e não se conformava - ao contrário dela que foi deixando o tempo passar e depois encarou com normalidade o absurdo que era se amante de um cara casado e com filho pequeno.

Manu agradeceu a amiga pela força, mas também respondeu que ela não pode ficar se culpando, pois já aconteceu e não dá para voltar atrás. Despediu-se em seguida e foi tentar dormir.

_____________

Ah, Manu, será que falta muito para você sair desse ciclo? Se bem que foram sete anos. Impossível mesmo se resolver efetivamente em poucos dias ou até meses, né?
E cada um tem o seu tempo para superar e conseguir seguir em frente. Comparações só pioram os fatos.

Continuem, porque muita coisa vai mudar. E radicalmente! Rs

Acabou! E Agora? Onde histórias criam vida. Descubra agora