36- A primeira vez

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A primeira vez de Lucas e Manu não foi nada planejada.

Ele a convidou para ir ao cinema num sábado. Combinaram de se encontrar lá. No caminho, Manu parou num semáforo e viu no carro ao lado o ex com a atual namorada. Ao contrário do que ele sempre dizia, parecia estar super bem com a moça - que por ironia do destino também era bem mais nova.

Manu ficou olhando e até beijo deram enquanto o sinal continuava vermelho. E acompanhou o casal até que o carro deles partisse e sumisse. E pensou:

"E esse palhaço até hoje me enche o saco. É só para me infernizar mesmo, né? Só pode! Porque ele me parece muito bem..."

Manu foi interrompida pela buzina de um carro que estava atrás. Onde o rapaz para lá de apressado e irritado gritou:

"O mocinha, o que houve aí para você não ver o sinal abrir? Quebrou a unha, é? Vamos, donzela, eu tenho horários!"

Manu olhou pelo retrovisor, mas não revidou. Apenas saiu com o carro e seguiu ao encontro de Lucas relembrando a cena que viu. Por um minuto acreditou ter sentido ciúmes. Depois deduziu ser comum, pois ficou muito tempo com Beto e seria natural​ ser estranho presenciá-lo com outra. Mas por outro lado o que mais sentiu foi raiva por ser tão incomodada por alguém que aparentemente já refez a sua vida.

Posteriormente parou de pensar em tudo isso e continuou dirigindo. Ela já estava perto do cinema.

Lucas já esperava por ela. Se encontraram, deram um beijo discreto, Manu contou que viu Beto... logo após, foram ver o filme. Durante a sessão o clima já estava intenso. Nenhum dos dois parecia mais aguentar aquela relação sem um contato mais íntimo. Até que chegou um momento em que não prestavam mais atenção no filme. E começaram a trocar carícias sutis.

Manu queria sair dali. E inventou uma desculpa:

"Não fique chateado, já que você escolheu o filme, mas estou achando isso aqui um saco. Vamos embora?"

Lucas sorriu e concordou na hora. E saíram. Ele não sabia qual seria a resposta, mas arriscou:

"Manu, passe a tarde comigo?"

Manu fez sinal com a cabeça concordando enquanto saíam de mãos dadas do cinema. Foram pegar o carro, saíram do estacionamento e entraram no motel mais próximo. Então aconteceu. Finalmente se entregaram um ao outro. Lucas foi um perfeito cavalheiro, mas ficou nervoso. Porém, no fim das contas deu tudo certo. E eles passaram o restante da tarde juntos. Tomaram banho juntos, transaram de novo... e depois foram embora.

Manu se sentiu uma adolescente. O coração batia acelerado, a vontade de já dizer para Lucas que adorou cada momento ao lado dele era enorme, mas Manu simplesmente foi para casa e não tomou nenhuma atitude.

Ela estava fazendo terapia e lembrou do que o psicólogo disse sobre as atitudes impulsivas que geram os arrependimentos, e decidiu deixar as coisas acontecerem. Sem tentar antecipar nada, sem se precipitar ou tentar simular joguinhos para manter aquele novo relacionamento.

Ela entendeu que embora o Lucas fosse maravilhoso, ela não poderia começar aquele velho percurso que a levaria a um lugar onde ela faz do outro o mundo dela e se coloca em segundo plano. Ficou nítido a importância de não agir assim, pois se o Lucas também decidir partir, entre idas e vindas, o que sobra?

E assim, sem que notasse, surgia uma nova Manu. Ainda com inseguranças, medo de não conseguir, hormônios à flor da pele dignos de qualquer mulher e uma vontade enorme de tentar ser feliz. Mas não para sempre, só por um dia de cada vez.




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