5- O novo "novinho" assistente

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No dia seguinte Manu está com um humor melhor. Seus pais percebem. E seu irmão pergunta se já tem outro cara na parada, porque se está feliz é porque conheceu alguém. Manu ignora, diz que ele é muito novo e que não sabe nada da vida, termina o café e sai para trabalhar.

Sua mãe é dona de casa atualmente e seu pai já está aposentado. E Davi ainda estuda. Mesmo apesar das diferenças, ela se importa com o irmão caçula. E antes de ir perguntou se ele queria​ carona para ir para o colégio.

Davi sorriu e aceitou. Se despediu dos pais e entrou no carro da irmã, colocou numa estação de funk, e enquanto Manu dirige ele diz:

"Você é chata, mas é legal... às vezes! E é até bonitinha. E se quer saber, o Beto nem te merece. Eu nunca gostei muito dele, mas como ninguém me escuta naquela casa, deu no que deu. E você não é tão nova, mas ainda dá tempo de arrumar outra pessoa, você vai ver só. Eu torço muito para isso!

Manu passa as mãos na cabeça de Davi, diz que ele é fofo quando quer e que não imaginava que ele se importasse tanto com ela.

"Claro que eu me importo! Porque se você casar e sair de casa eu fico com tudo lá para mim." - diz ele sorrindo. E depois desconversa dizendo que não é só por isso.

Manu sorri, deixa o irmão na escola e segue para trabalhar.
Chegando lá já dá de cara com Nanda no elevador.

"Manu, sobre aquele dia eu nem tive a oportunidade de me desculpar. Na verdade eu fiquei preocupada, pois parecia uma afronta colocar justo você na campanha do Dia dos Namorados, né? Então, eu só quis..."

Manu nem deixa Nanda concluir:

"Fernanda, guarde sua preocupação para você. E não se desculpe por algo que você fez de caso pensado, querida!

E só para você saber, estou ótima e recuperada dos últimos acontecimentos. Ao contrário de você que vive se gabando de "colocar a fila para andar" e não para de sair com o seu ex, né?

Agora vamos, chegamos. E bom dia, linda!"

O elevador estava cheio. Todos olharam para Nanda, que sem jeito apenas desceu junto com Manu no nono andar.

Ela pensou em dar uma resposta, mas como de costume, preferiu ficar quieta e pensar numa forma de prejudicar a colega diretamente depois. E ela não pegaria leve. Manu que se prepare!

Antes que chegasse a sua sala, seu chefe a chamou. Pediu que Manu sentasse. Olhou para ela com piedade e perguntou como estava o projeto sobre o Dia dos Namorados. Manu disse que bem e que ele não precisava se preocupar.

Mal sabia ele que ela nem havia começado.

Ele disse que caso preferisse poderia passar para outra pessoa, mas Manu afirmou que realmente estava em condições de terminar e que daria o seu melhor.

O Sr. Castro disse que tudo bem e que ela poderia ir para a sua sala. E Manu foi.

Todos ainda cochichavam um pouco quando ela passava. Após ter sido exposta por Nanda na reunião, ela ainda foi assunto nos corredores da agência por algum tempo. Mas ela tentava fingir que não percebia e ignorava.

Foi para a sua sala. E Laura foi logo atrás.

"Nossa! Como você está bem. E linda. Essa é a Manu que eu conheço... mas me diz, e por dentro, tudo bem também?" - perguntou Laura.

"Bem, bem, não, né, amiga? Mas sigo tentando. Eu acho que é como você falou, uma hora isso cicatriza. Por enquanto ainda dói muito, mas já não tanto quanto no primeiro dia.

Eu até estava para comentar contigo que vi o Beto sendo marcado nas fotos da Marcela numa festa. Fui lá olhar rapidinho, senti, mas depois deixei para lá.

Agora, vou te contar, hein: como é difícil levar o fora na era da rede social. Meu Deus! Antes a gente evitava o ex, a rua dele, as rodas de amigos em comum. Mas esse mundo virtual dificultou tudo. Traz a pessoa amada sem pedirmos... e em segundos! Ninguém merece."

Laura sorriu, concordou. E disse que futuramente isso não faria tanta diferença.

Manu conta sobre Nanda no elevador. Laura diz que não acredita que perdeu esse episódio. E que é bom a amiga se preparar porque a Nanda não vai deixar barato. Manu diz que já sabe e que ficará atenta.

Laura sai para a sua mesa. E quando Manu começa a ler seus e-mails é interrompida por um rapaz que bate em sua porta. Ela olha para ele, pergunta em que pode ajudar e ele diz:

"Oi! Sou o Lucas, o novo assistente. Eu substitui a Liane, que foi promovida para outro departamento."

"Nossa! E ninguém me falou nada... até estive com o Sr. Castro há pouco tempo. É, ele deve ter esquecido. Mas enfim, seja bem-vindo, Lucas!"

"Obrigada! É Manuela, né?" - perguntou o assistente.

"Sim... na verdade, todos me chamam de Manu. Pode me chamar assim também!"

Lucas é um rapaz discreto, mas ficou um tempo olhando para Manu com alguns relatórios nas mãos. Ele acabou não lembrando de dizer que era para entregá-los a ela, pois se distraiu observando-a ajeitar os cabelos.

Mas nem pensem que rolou algum clima, pois a Manu ainda estava muito ligada a Beto. E mesmo se alguém demonstrasse interesse ela não notaria tão facilmente.

Quanto ao Lucas, teve que ser "acordado" por Manu:

"São para mim esses relatórios"? - perguntou Manu, fazendo com que o rapaz ficasse sem jeito, logo no seu primeiro dia de trabalho.

"Sim, Manuela-Manu... me desculpe!" - disse o novo assistente. E acrescentou que a Manu poderia chamá-lo caso precisasse de algo, mesmo apesar de ainda estar aprendendo a rotina da agência.

Manu agradeceu, mas não percebeu os olhares por parte do colega. E na verdade nem o faria. Ele era uns quinze anos mais jovem e aparentemente não fazia o estilo dela. Ela não tinha um perfil definido, mas ser um pouco mais velho e de preferência com "cara de homem" já estava de bom​ tamanho. E Lucas fazia jus aos seus vinte aninhos, inclusive no rostinho juvenil.

E se tinha uma coisa que Manu gostava de dizer era que não aceitava esse lance de homem mais novo. Gostava de acrescentar que se com os maduros o relacionamento não era fácil, dirá com quem viveu menos que ela.

Será que o destino a surpreenderá justamente neste sentido? É, vamos aguardar.

Acabou! E Agora? Onde histórias criam vida. Descubra agora