Acabou! E Agora?

26- O beijo de verdade

Lucas ofereceu uma blusa para Manu dormir, e quando a pegava no armário, foi surpreendido por uma pergunta:

"A sua mãe, onde está?"

O rapaz pegou a blusa da gaveta, deu nas mãos de Manu e começou a falar da mãe enquanto deitava na cama feita por ele no chão. Manu se desculpou por perguntar ao ouvir a história:

"Que pergunta mais indiscreta a minha..."

"Nada a ver, Manu! É normal você querer saber. E já faz mais de cinco anos... ainda sinto uma saudade enorme dela, mas com o tempo eu tenho aprendido a conviver com isso. O meu pai e a Maria também. Não se culpe, sério mesmo. Está tudo bem!"

Manu foi até a cama de Lucas no chão após ver como ele ficou por lembrar da mãe, o abraçou... disse que é lindo ver como ele é com a família, como consegue lidar com a ausência da mãe e o modo como se importa com ela apesar de conhecê-la há tão pouco tempo. E quando tentavam sair dos braços um do outro, acabaram se beijando. Dessa vez em comum acordo. E de verdade!

Manu continuava beijando Lucas, que a afastou, se levantou e declarou:

"Você está fragilizada. Não quero me aproveitar da situação. E também não quero que você fique comigo por pena."

"Faz tempo que o vejo com outros olhos, Lucas. Desde a nossa viagem eu fiquei encantada com você, mas estava confusa e com muito medo de me machucar. Ainda mais se tratando de um cara quinze anos mais jovem. E uma hora esse lance da idade acaba fazendo sim diferença, né? Não sei, eu..."

Dessa vez foi Lucas quem interrompeu Manu com um beijo. Ele sorriu para ela, colocou seus cabelos atrás das orelhas e a beijou. E ela correspondeu. Depois ele a soltou e disse que não imaginaria que aquilo pudesse acontecer. E que não quer que a colega pense tanto no futuro, apenas que viva o momento.

Manu fez sinal com a cabeça concordando enquanto o rapaz falava e ainda a beijava. E o puxou para a cama dele onde ela estava deitada antes. E tentou levantar a blusa dele. E ele recuou. Disse que não poderia continuar por vários motivos:

"Só se eu fosse louco para não querer transar com você! Mas não posso. Não agora. Você está confusa, eu estou surpreso e aqui é a casa da minha família. Eu disse ao meu pai que você não viria para isso. E não veio mesmo... acabou chegando a esse ponto e você nem imagina como fico feliz, mas tenho a certeza que podemos esperar um pouco."

"Claro! Está certo, Lucas! Você tem toda razão. Me desculpe! - dizia Manu sem graça, se ajeitando e se cobrindo para dormir.

Lucas voltou para a cama dele feita no chão. A princípio Manu não conseguia pegar no sono. Ficou pensando sobre a campanha roubada, no que quase aconteceu naquele quarto e lembrou da primeira vez com Beto. Entre tantos pensamentos, acabou dormindo.

Lucas não conseguiu. Ficou olhando para o teto - embora o quarto estivesse quase escuro. E pensou o tempo inteiro no fato de ter bem ali em sua cama a mulher que ele desejava faz tempo e que ele acabava de "dispensar". Se julgou um burro, mas depois conclui ter feito a coisa certa. Mais tarde, bem mais tarde, dormiu também.

Na manhã seguinte Manu acordou e Lucas não estava no quarto. Ela trocou de roupa e saiu para ver se o encontrava. E viu apenas o pai e a irmã dele na cozinha tomando café.

"Pode vir sentar conosco, Manuela! O Lucas foi comprar pão rapidinho e já volta. Ele disse que hoje irá mais tarde para a agência porque antes precisará passar no banco." - disse o pai de Lucas ajeitando o cereal da filha caçula.

"Ah, obrigada! Mas estou sem fome. Vou aproveitar para mandar uma mensagem avisando ao meu chefe que vou mais tarde também. E passar em casa para me arrumar com calma.