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Alessandra Dias

O almoço de Páscoa tinha sido em casa dos meus tios. Não estava muito entusiasmada com isso, nunca tivera uma boa relação com os meus tios, nem os meus pais tinham mas desde que os meus avós morreram meio que houve "tréguas".

Eram agora 15h e estávamos a caminho da casa dos Silva onde, pelo que sei, se juntou a família toda. A família do André era enorme e de certa forma estava nervosa devido ao que aconteceu na noite passada.

Já tinha estado a falar com o André, mas ele deixou de me responder sem dizer porquê.

-Filha, chegámos! - A minha mãe falou tirando-me dos meus pensamentos.

Sorri e saí do carro. Fomos recebidos pela Anabela que nos recebeu com um abraço, fui cumprimentando todos, mesmo os que não conhecia. Não havia o mínimo sinal do André.

-Tratei das pulgas! - O Afonso falou e eu ri.

-Fico feliz por ouvir isso! - Cumprimentei-o com dois beijos.

-Afonso, vai chamar o André! - A Anabela falou e ele olhou-me.

-Não! - Falou e todos o olhámos confuso. -Eu tenho de ir atender uma chamada! Alessa, ele está no quarto, vai lá, por favor! - Falou e saiu a correr.

Posso esganar aquele saco de pulgas humano?

-Eu vou lá! - A Anabela falou negando e eu ri.

-Deixe estar, Anabela! Eu vou! - Falei e ela agradeceu-me.

Fui até ao quarto do André e bati à porta. Não obtive resposta mas ouvi barulhos vindo de dentro do quarto, abri a porta um pouco e tive visão para a cena mais fofa de sempre. E razão também para ele não me responder.

Estava uma menina sentada na cama a ver televisão enquanto o André dormia a seu lado com o braço em cima das perninhas da mesma.

-Olá meu amor! - Falei sorrindo e ela abriu um sorriso.

Ela começou a bater com as mãos na cama, acabando assim por bater na cara do André.

-Clarinha! - Ouvi-o resmungar e ri, logo atraindo a sua atenção.

-Olá dorminhoco! - Falei e ele riu enquanto se sentava na cama.

-Olá chata! - Fechei a porta atrás de mim e fui até à cama, sentando-me em frente à pequena.

-Quem é este amorzinho? - Perguntei enquanto lhe pegava.

-É a minha afilhada, a Clara.

-Que linda! - Beijei a cara da bebé que riu e abraçou o meu pescoço.

-E eu? Não mereço nada? - Perguntou manhoso.

-Estás-te a habituar mal, não achas?

-Não! Não mesmo!

Ele colou os nossos lábios mas logo percebi que a Clara lhe começou a bater fazendo-nos afastar, ri com a ação da pequena e ele revirou os olhos.

-Agora até à minha afilhada me faz ser vítima de bullying! - Falou e eu voltei a rir.

-Mas ela é uma fofura! - Ele sorriu e voltou a deitar-se.

-Inho! - A Clara pronunciou-se e saiu dos meus braços, deitando-se em cima do padrinho que a abraçou.

-Isto é muito bonito! Muito bonito mesmo, mas a tua mãe pediu para te vir chamar! - Falei sorrindo e ele suspirou.

-Já que tem de ser! - Ele resmungou.

Fiquei a brincar com a Clara enquanto o André se penteava e vestia uma camisa branca que lhe ficava incrivelmente bem.

-Nunca te tinha visto tão bem vestido! - Falei divertida e ele riu.

-Odeio camisas!

Ri com o seu resmungo e peguei na Clara. Ela deitou a cabeça no meu ombro e descemos as escadas logo sendo recebidos por todos na sala.

-Gente! Que coisa fofa! - O Afonso praticamente gritou e eu ri.

-Vai tratar das pulgas, Afonso! - Falei e ele olhou-me ofendido.

-Estava a elogiar a minha cunha- colega pulguenta e o meu irmão! Não posso? - Falou e eu quase o matei pelo que ele me ía chamar.

-Podes, amuado! Podes! - Ri negando.

-Boa tarde! - O André falou e foi cumprimentar os meus pais.

Sorriu levemente para o Biel que retribuiu o "cumprimento" e voltou para o meu lado.

-Mas de quem é a afilhada? - O Álvaro perguntou sorridente.

-A afilhada é do André mas vou roubá-la por hoje! - Falei divertida e ele riu.

-Nem penses! É a minha princesa! - O André falou.

Ele começou a encher a cara da pequena cheia de beijos e a mesma começou a rir, contagiando todos.

-Já pensaste em ser pai, André? - Vi o sorriso malicioso na cara do Zé.

-Zé, cala-te! - Ele falou olhando sério para o primo.

-Já está na altura de me dares um sobrinho, André! - O Afonso falou sorrindo malicioso, também.

-Gente, calma! Ele nem namora e querem que ele tenha um filho? Um passo de cada vez! - Falei.

-Vocês ficariam muito bem! - A mãe dos Viera falou e eu corei.

-Eu... - Fui interrompida pela Anabela.

-Eles ficavam muito bem! Mas acabaram quando a Alessa foi para o Brasil!

-Então, já namoraram? - Assentimos.

-Há chance de voltarem! - Falou divertida e vi o Biel sair disparado o que me fez suspirar.

-Desculpem, eu tenho de ir ver o Biel! - Falei, entreguei a Clarinha ao André e saí de casa à procura do Biel, que felizmente não estava longe.

-Biel! - Gritei e corri até ele.

-Me deixa! Vai ter com ele! - Falou rude.

-Biel, eu não tenho culpa! Além disso, vais onde sozinho, numa cidade que nem conheces? - Perguntei e ele olhou-me sério.

-Sabe o que é que me faz sentir pior no meio disto tudo? Não é os outros pensarem que vocês ficam bem, é saber que os seus olhos brilham quando o vê! É saber que tu sorri quando falam nele! - Falou e eu olhei para baixo.

-Biel, eu imploro-te que voltes! Falamos sobre isto, logo! Só hoje, é Páscoa! E sabes como a minha família gosta destas épocas festivas! - Ele suspirou e voltou para casa.

Suspirei e caminhei novamente para dentro de casa. O Biel estava sentado no sofá, os outros conversavam entre si e o André estava com a minha mãe, enquanto a Clara brincava com o colar dele.

-Oi! - Sorri fraco assim que me aproximei.

-Tudo bem, filha? - Dei de ombros.

O André beijou a minha testa e eu sorri-lhe. Ficámos todos a conversar um pouco enquanto esperávamos a visita pascal.

Instagram || André SilvaWhere stories live. Discover now