Capítulo 21 - Meu Lar

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Encosto a minha cabeça na janela do avião e sorrio de modo que só quem me conhece saberia entender o motivo do meu sorriso. É tão perfeito ver as nuvens ali de cima, é como se fôssemos pequenos de mais diante de toda a imensidão do céu. A saudade que eu estou da minha família está absurda. Tudo bem que ainda nem se completaram seis meses, mas já aconteceu tanta coisa nesse meio de tempo.

Quando eu me despedi de Ben ele me deu muitos beijos e disse que me ligaria sempre que possível, na verdade ele deu um de louco depois que eu disse que namoraria com ele, me levou no shopping, comprou tudo que achou que eu gostaria, quis que eu comesse tudo que me desse vontade, e quando eu disse para ter mais calma ele me disse para deixar porque era só um motivo para me agradar mais que o necessário, agora eu era a namorada dele.

Me ajeito na cadeira do avião e me lembro de como foi da outra vez que vim para trabalhar na casa de Jared, agora estava bem mais a vontade de primeira classe, já que ele fez a questão de comprar as passagens. Não sei como ele vai reagir a notícia de que estou namorando o irmão dele, na verdade acho que ele nem vai se importar, afinal está de conversinhas com a irritante mulher que se diz mãe. Para começar, quem coloca um nome daquele em um ser humano? Nem em um cachorro. - sorrio- mas tenho certeza que se o Jared ficar com ela teremos que escrever o nome da sua enteada em um papel para ele não esquecer.

Pego meu celular na mão e a foto de tela está eu e a Holls fazendo careta, coloco o fone e vou até a minha pasta, coloco play na música do Kings Of Leon - Radioactive . Já estou com saudades da minha baixinha, essa menina conseguiu me conquistar de forma tão simples e meiga em tão pouco tempo. Ver ela chorando porque eu iria viajar me partiu o coação.

Fecho os meus olhos e me cubro com a minha blusa de frio, caio no sono e sonho com a minha mãe.

Acordo com a aeromoça avisando que vamos descer em instantes, me ajeito depressa e então me dou conta como é bom viajar de primeira classe. Poucas pessoas, uma poltrona só para mim e um conforto maravilhoso. Me espreguiço e pego o café que uma delas me oferece, agradeço com um sorriso e bebo sentindo o gosto de uma boa manhã na minha terra.

Depois de pegar a minha mala, vou até a área de táxi  procurando o primeiro que aparecer. Janine está enrolada no serviço e meu pai está com o carro no mecânico. Na verdade, mesmo que Jan pudesse ir ela não iria, ela odeia dirigir e não pega o carro tem anos.

Ajudo o taxista com as minhas malas e ele abre a porta para que eu entre, sento no banco de trás com a minha bolsa e ele entra no lado do motorista dando partida.

-Para onde moça?

-Yonkers!- falo com a boca cheia da minha cidade e ele assente.

-Um pouco longe daqui, se importa se...

-Fique tranquilo, eu pago!- ele sorri e eu me sinto ao dizer isso. Mas na verdade é só as minhas economias e o adiantamento que o Jared me deu para viagar. Acho que estou ferrada nos próximos meses, por que o que ele me deu seria mais de três salários meu.

Vasculho na minha bolsa pelo meu celular ao sentir ele vibrar e vejo o ícone ao lado apontando quinze ligações perdidas.

-Alô- nem vejo quem é.

-Ah graças a Deus Liah- é o Jared- você ficou de me avisar assim que embarcasse, não consegui falar com o Ben para saber se estava tudo em ordem.

-Eu estou bem Jared, acabei de chegar! Estou no táxi indo para a minha casa.- ele respira aliviado. E a Holly?

-Só fala em você, chorou bastante essa noite- isso corta meu coração.

-Faz aquele mingau que ela ama, coloca sucrilhos no meio para ficar crocante, não deixa ela sair sem blusa e fica de olho nela com essa coisa de internet!- ele ri.

-Eu sou o pai dela, fique tranquila.

-É isso que me preocupa.

-Você realmente faz falta Liah!- meu coração dói.- Tem notícias do Ben?

-Ele ia para uma viagem até  Portland para resolver algumas coisas do serviço, disse que ficaria meio em off por esses dias- ele ficou em silêncio.

-Ele te deu tanta explicação assim é?- será que eu conto? É, eu vou contar! Não tenho o que esconder mesmo.

-Ele só quis me deixar a par de tudo que iria fazer porque achou legal me contar.

-E porque?

-Porque somos amigos, será que não podemos contar as coisas que nos acontecem?- eu não consigo.- você e a Sophia também trocam essas informações, a não ser que vocês não sejam só amigos.

-Somos amigos sim - para de sentir essa alegria Liah, agora você namora.- Ela é uma boa moça- nem quero responder.

-A Holls está por ai?

-Deixei ela dormir mais... A noite eu peço para ela te ligar.

-Jared não deixa ela comer muito doce e a noite ve se ela está coberta porque ela tem mania de se descobrir, e não deixa ela dormir muito tarde!

-Pode deixar... Obrigado por cuidar tão bem da minha filha! Eu sou grato a você... E que esses dias sejam perfeitos!

-Não tem que agradecer, e sim, esses dias serão maravilhosos! Fica bem Jared!

-Você também- desligo e sinto meu coração gelar em fração de segundos.

-Ter que deixar um filho com o pai não deve ser fácil né? Minha esposa odeia quando tem que deixar o pequeno Oliver comigo.

-Ah ela não é minha filha, eu nem sou casada- ele sorri pelo retrovisor.

-Pois achei que fosse! Então, acho que tem vocação para ser mãe!- de novo esse papo?

A viagem segue e eu olho todas as paisagens lembrando da minha infância, apesar de estar em Seattle que sempre foi o meu sonho, eu sinto falta de mais daqui, desse cheiro de asfalto molhado e o frio que gela o nariz, de ver as pessoas na rua de modo diferente, de ter a visão da minha mãe em cada esquina.

O taxista para no meio fio, desço e o pago assim que ele me fala o valor. Me ajuda com as malas e vejo ele partir. Viro-me e vejo a minha casa amarela surrada pelo tempo, aquela escadinha que leva a porta principal, as janelas abertas e a casa do mesmo jeito de sempre. Ah que saudades!

Giro a chave e vejo tudo escuro, mesmo sendo dia a sala nunca entrou muito sol, passo pelo corredor chamando o meu pai ou a Janine e de repente Lizzie pula atrás de mim com um bolo coberto de morangos.

-Surpresa!- eu grito de alegria ao ver Jimmy aparecer atrás dela, após colocar o bolo na mesa os dois me abraçam apertados.

-Minha pequena grande Liah- é a voz do meu pai, não controlo o meu choro quando ele me abraça.

-Ah olhem a menina estudiosa da família- Janine me abraça com o meu pai e eu estou me sentindo muito protegida.

-Eu amo vocês- mal consigo falar.

-Mas a surpresa ainda não acabou, tem mais uma!- eu encaro a Lizza curiosa.

-Qual?




Simplesmente LiahOnde histórias criam vida. Descubra agora