Capítulo 24 - De Volta

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Confesso que fiquei por um tempo me sentindo culpada pelo fato de ter pedido ao Ben que me deixasse aqui, mas na verdade eu precisava da minha família e queria muito ficar com eles sozinha, curtir a minha casa e tentar pensar que era assim ainda. Ele se foi conforme combinamos e me avisou que talvez ficaria dias fora, disse muitas vezes que me ama e eu fiquei me sentindo um lixo por ser sincera de mais e nem sequer falar um "eu também" mesmo que fosse mentira.

Conforme eu havia planejado, fiquei com Jan por várias noites na frente da TV só curtindo seriados idiotas de comédia ou filmes de drama, choro, risadas e muita pipoca. E para a minha surpresa até o meu pai ficou na sala conosco. Ele ficou ali sentando enquanto eu e Jan estávamos deitadas uma em cada perna. Ele se divertiu em estar ai, contou muitas coisas de quando nossa mãe era viva e quando eles eram namorados.

Eu sempre via os dois e pensava, será que um dia um homem me olharia como meu pai olha a minha mãe? Apesar do Ben me olhar de forma carinhosa e cheia de respeito, eu nunca encontrei nele o olhar do meu pai para a minha mãe. Talvez esteja cedo, porque eu acho que mesmo que ele olhasse, eu não o retribuiria com o mesmo olhar da minha mãe.

Os meus dias fluiram, fiquei saindo todo os dias a tarde com os meus amigos e a noite ficava com Jan e o meu pai. E por falar em Janine, ela me deixou preocupada. Não teve um dia de todos esses que ela não fazia careta de dor quando ia sentar ou quando ia se levantar. Teve uma noite que mencionou ter urinado sangue. E isso vai me deixar com certa preocupação, mesmo ela falando que está bem e em breve vai atrás de um médico.

Fecho meu livro "A menina que roubava livros", e encaro a paisagem do avião. A tristeza me consome, esses dias passaram tão rápido que parece que mal aproveitei a minha família. A parte boa de estar longe de seuas raízes: Você cresce. A parte ruim: Você quer ser criança de novo.

Mas esses dias me fizeram notar a falta que Jared me faz. Por diversas vezes eu pegava meu celular para mandar oi para ele, mas desistia no momento que lembrava de Ben dizendo que me amava.

Desço do avião e vou direto para a esteira retirar a minha mala, pego com dificuldades o peso que ela está, com ajuda da minha amiga, comrei uma boneca para a Holly que com certeza essa ela não tem. Viro-me para procurar algum lugar para comer, quando sinto algo segurando a minha perna.

-Tia Liah- dou um grito ao ver minha princesa e solto a minha mala para pegar ela no colo, céus ela está linda.

-Princesa, linda, meu amor- falo dando beijos nela e avisto Jared logo atrás da Holls. Camisa branca de malha com os botões aberto, uma calça preta grudada, um sorriso mais que perfeito e os olhos cintilantes em encontro aos meus.

-Ela te viu de longe- ele fala se referindo a filha.-Você está linda com esse corte- havia até me esquecido que fui com a Lizza cortar as pontas e acabei fazendo um estilo long bob. De cabelo até as costas agora estavam na altura dos ombros com as pontas da frente maiores.

-Obrigada por reparar- ele sorri e pega a minha mão, noto Holls olhando para nós dois.- Eu senti a sua falta, minha casa está muito inteira, acho que as coisas de lá se acostumaram ficar quebradas.- solto uma risada e ele me puxa para um abraço. Eu envolvo meus braços nele e aperto meus olhos os fechando em busca que a vontade de fazer aquilo pare logo.

-Acho melhor irmos- ele comenta após um tempo.

-Que bom, achei que esse abraço não ia acabar- Holly comenta pegando a minha mão e em seguida a do pai, ele pega a minha mala com a outra mão e puxa me olhando por conta do peso.- Vamos comer né?- ela pede ao pai.

-Por favor- eu comento, estou roxa de fome.

-Sim- ele olha para trás- Cadê o Ben? Ele não estava com você?

-Sim, mas eu pedi... Bom, eu pedi para ele me deixar um pouco com a minha família e

-Você é muito direta Liah!

-Ela não é a falsa da Sophia, eu disse- Holly comenta me fazendo rir alto e o pai a encara nervoso.

-Segura essa língua pestinha.

-Não a ensine ser assim, ela tem que falar tudo que lhe vem na telha.

-Acho bom não dar essa moral.

-Holly a tia acha que tem que dizer tudo mesmo, não pode ser falsa.

-Ai tia que bom, estava louca para falar... Porque está com o tio Ben se é o meu pai que você quer?

-Holly- nós dois falamos em coro e ele me encara.

-Quando eu disser algo acredita- ele fala me olhando.

-Vamos comer?- eu comento sem graça e a Holly pula feliz.

Será que até uma criança pode ver isso? Está tão na cara assim? Ai mamãe, o que eu fiz? A senhora me disse para fazer isso, foi um sinal e eu acatei. Mas agora estou muito mal, e se eu fizer o Ben o sofrer? Ele não meree isso! 

-Para onde que vocês querem ir?- Jared pergunta ligando o carro e eu passo o cinto dando de ombros.

-Mc Donald's papai!- Holly grita e eu fico feliz em ouvir um papai tão espontâneo.

-De novo? Holly seu cabelo ontem poderia ser usado para fritar uma coxinha de tanto óleo- eu o encaro brava.

-Você levou a Holly quantas vezes para comer essas coisas?

-Umas duas vezes- dá de ombros- três talvez- ela coloca as mãozinhas nos bancos e se puxa até o nosso meio.

-Todos os dias tia Liah, desde que você foi para a sua casa, aliás, ele na cozinha é pior que você, acredita que quase colocou fogo em tudo? - ele faz sinal para ela ficar quieta.

-Dona Holly a senhora está bem afiada hein-ela sorri para mim.

-Senti a sua falta tia Liah.

-É, ela estava quieta e amoada esses dias, acho que você faz bem para aquela casa- eu o olho- digo, pra Holly...

-Vamos gente, eu to com fome- ela fala interrompendo nossos olhares e ele dá partida.

Simplesmente LiahOnde histórias criam vida. Descubra agora