Capítulo 23 - Entenda o meu lado

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Depois da chegada do Ben, meus amigos ficam sem jeito para permanecerem ali. Na verdade, ele me abraça de uma maneira que até eu fico meio desconfortável. Beijos no rosto, na nuca e sorrisinhos para mim a todo momento. Eu vim para a casa do meu pai na esperança de ficar com eles e pensar mais na minha vida, contar o que tem aconteceido, vestir um pijama e ficar horas assistindo filmes com a Janine e ouvir meu pai reclamar que estamos com a TV alta de mais ou que precisamos dormir. Enfim, eu precisava desse momento.

-Você me parece distante- ele comenta e em seguida beija o topo da minha cabeça- quando me viu parecia que na verdade não tinha gostado muito.- ele questiona.

-Eu gostei- coço a minha nuca- gostei muito- olho nos seus olhos me endireitando na cadeira.- Ben! Mesmo gostando muito de ter você aqui, não me leve a mal- respiro fundo- mas, você não acha precipitado? Porque talvez eu pudesse querer, hipoteticamente...

-Querer que eu não estivesse aqui.

-Não nesse teor- falo espantada- mas sim por conta de querer estar com a Jan e o meu pai, sabe?

-Acho que é um "por favor Ben vá embora".- ele faz menção de levantar e eu seguro o seu braço.

-Não me entenda mal Ben por favor- beijo o seu rosto- Você me faz muito bem.

-É- ele fico quieto- talvez você tenha razão, eu me precipitei. - ele beija o topo da minha cabeça me abraçando.-vou ficar só essa noite e amanhã bem cedo eu vou para Portland, porque na verdade eu tenho algumas coisas que eu deixei para ficar com você.

-Não pare a sua vida para viver a minha, regra mais importante do nosso relacionamento.- ele sorri.

-Vamos ter regras?

-Elas vão aparecer- ele me dá um selinho e eu sorrio aliviada.

Depois dessa conversa nada legal, eu e Ben saímos abraçados andando pelas ruas, agora como um casal que somos. Apesar de ter aceitado ele como namorado e por um conselho de anos da minha mãe, eu não me vejo como uma namorada mesmo, digo em todas as fases de um relacionamento. E a principal, o sexo. Eu não sou virgem, eu só não quero fazer isso agora, não sei se vai rolar tão cedo.

Entro no Audi que ele alugou e me ajeito no banco da frente, ele entra no lugar do motorista e aperta o play na rádio. "Capital Cities - Safe And Sound"  toca alto, passo o cinto e ele dá partida. Gosto muito de andar pela minha cidade, na verdade eu sempre vou gostar daqui.

Ainda com a música alta começo a falar alguns pontos de turismo, e com o som o momento se torna ainda mais agradável, ele sorri olhando interessante quando pode olhar ou parando o carro em alguns lugares com as minhas histórias de quando eu era mais nova. Ele continua com um sorriso enorme no rosto e dirige devagara para que eu possa apontar cada parte e falar o que é em específico.

-Uau hen! Você conhec muito bem aqui.

-Eu nasci aqui- comento em tom de deboche. Ele estaciona no meio fio em frente a minha casa e tira o cinto, percebo que anoiteceu tão depressa e a minha vontade é aproveitar a minha família. Ben se aproxima de mim e solta o meu sinto, sua boca se une a minha e o beijo começa de suave para depressa e quente, sua mão vai até a minha cintura e sua boca desce para o meu pescoço enquanto minhas mãos continuam nas suas costas, ele lambe o meu pescoço me causando uma sensação gostosa e dá uma mordidinha, empurro seu peito o fazendo parar.- Para Ben, aqui não e muito menos agora- ele para atordoado.

-Me desculpe minha linda eu só...

-Tudo bem, mas... Calma está bem?

-No seu tempo!

-Obrigada!

Mesmo me entendendo, percebo que ele ficou bem chateado com o fato de não continuarmos o que havíamos começado, ou apenas ficarmos na brincadeira. Na verdade eu não acho que seja a hora disso acontecer, além do mais eu nem sei se é o certo a pensar com tanta coisa acontecendo.

-Será que podemos esperar um pouco?- ele aponta para o seu "colega" e eu assusto ao ver o volume, solto uma gargalhada e o encaro.

-Sério? Como que foi tão rápido?

-Você ficaria besta se te contasse o que um simples sorriso seu poderia causar.- continuo rindo e ficamos esperando o efeito passar.

Nesse tempo ficamos ali falando coisas aleatórias e em todo o momento ele pega na minha mão, conversa e me fala o quanto está feliz. Juro que queria pensar assim também.

-Acho que já podemos- ele comenta, saio do carro e ele faz o mesmo, trava o alarme e quando paro ao lado dele, ele passa a mão na minha cintura e me puxa para si.

-Desculpa se eu te magoei quando disse que queria ficar sozinha- comento enquanto caminhamos até a porta da minha casa.

-Não, de forma alguma. Acho que fui precipitado, mas é que eu vou ter que ficar alguns dias fora e eu sei que vai ser quando voltar a Seattle, ai eu queria aproveitar esses dias com você, mas pensando bem você tem toda razão do mundo. Peço desculpas de verdade, não foi a minha intenção passar alguma má impressão.

-Fica tranquilo está bem?- dou um selinho nele e em seguida esfrwgo os meus braços.- Vamos entrar que estou com frio.

-Claro, vamos sim!

O cheiro da sopa do meu pai faz com que meu estômago enlouqueça de fome, sorrio só de ver ele cozinhando, pelo jeito Jan está no salão trabalhando muito como sempre. Ben fecha a porta e eu vou até a cozinha a tempo de ver o meu velho parado em frnete a panela fazendo uma das coisas que ele mais tem paixão desde que a minha mãe se foi, ou até mesmo antes dela se ir. A cozinha está intacta como a minha mãe mantinha, o armário com as panelas organizadas por tamanho, as frigideiras penduradas uma a uma e a mesa em baixo com as cadeiras ajeitadas uma a uma. Tudo me faz lembrar a minha mãe, até mesmo o cheiro da sopa dele faz eu lembrar dela comentando de como isso dava fome nela e como era bom ter se casado com um homem que cozinhava.

Ah mamãe, como a senhora me faz falta.



Simplesmente LiahOnde histórias criam vida. Descubra agora