Vila Parker
Me mudei hoje para essa vila, o lugar parece ser bem agradável.
Mas o motivo pelo qual eu me mudei pra cá não é.A razão para eu ter vindo morar aqui com a minha tia, foi porque meus pais morreram. A Malês que vem para o mal. E, no caso do meu pai ... Sua obsessão por carros e corridas o fez um homem morto!
Pobre da minha mãe, que estava dentro do automóvel no dia em que ele (meu pai) por ventura, quis assustá-la com um pouco de velocidade durante o caminho para o shopping.Uma fatalidade e tanto ao tentar desviar de uma mulher com um bebê no colo.
Minha tia morava nessa vila a mais de cinco anos, e, quando soube da tragédia me acolheu como nunca.
Eu chorei, e como chorei. Devo ter passado três dias inteiros chorando feito uma criança e me recusando a comer. O enterro ? Nossa, foi horrível e todo o meu coração foi enterrado com eles dois.Como eu estava cansado da mudança e de tudo o que aconteceu, fui dormir antes do jantar, sem sequer dar uma volta na vila.
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Já fazia uma semana desde a morte dos meus pais, mas eu ainda estava de luto e via que minha dor, causava dor em minha tia.
Eu acordei 08:45 e fiquei nas escadas em frente a porta da casa.
Vi três meninas saindo de uma casa. Elas riam alegremente e falavam de algo interessante para elas.
Pareciam ter minha idade. E uma delas me chamou mais atenção que as outras.A primeira, que estava na esquerda e apoiada na barra de ferro da escada era loira tingida, com o couro cabeludo castanho, tinha olhos claros, cor de mel e era gordinha.
A da direita, estava procurando algo no celular, tinha cabelo castanho chocolate, olhos azuis claros e era magrela, o tipo de magrela que usa roupas legais e adoram mostrar as pernas finas.
Já a do meio, a que chamou minha atenção, era branca, branca até demais, com o cabelo preto cumprido, olhos verdes e magra com belas curvas.
Ela estava retocando seu brilho labial enquanto a gordinha contava algo para ela.- Ruy? - tiro meus olhos das meninas quando minha tia abre a porta de tela e para ao meu lado, em pé
- Oi tia ? - olho pra cima, tenho uma visão do seu nariz fino
- O café tá pronto, não vai entrar ? - volto a olhar para as meninas
- Vou sim tia, só to tomando um pouco de ar. - apoio os braços nos joelhos
- Hmmm .. está de olho nas garotas em ? - ela zomba
- Só tentando saber onde foi que eu vim morar. - respondi e ela riu, mas não foi para ser engraçado
- E alguma já te interessou ? - eu suspirei
- A do meio.
- Ahh Ruy, justo a filha dos Mendes? - minha tia soltou um suspiro longo
- O que tem ?
- Ela é a menina mais ... Egocêntrica que tem aqui. Fora que acha que é a única que merece privilégio por aqui.
- Ela é nojentinha ?
- Mais ou menos isso.
- Tudo bem.
- Tudo bem ? - ela repetiu
- Eu não estava querendo ter nada demais com ela. Só foi a única que chamou minha atenção por estar passando batom. - me levantei
- Mas ela é mesmo bonita. - minha tia analisou
- Beleza alguma compensa ignorância. - caminhei pra dentro
- Você também é bonito. - disse ela, vindo atrás de mim
- Eu sei. Mas não ligo pra isso.
Eu era branco, não tanto quanto aquela garota. Tinha os cabelos castanhos escuros que formavam um topete pequeno involuntário e tinha os olhos azuis.
- Eu sei, por isso você é especial. - disse ela enquanto eu passava manteiga no pão
- Especial ? - soltei um riso sem humor. - O que tem de especial em uma cara que perdeu a mãe e o pai num mesmo dia ?
Minha tia respirou fundo, não sabia o que dizer.
- Ruy eu ...
- Tá tudo bem tia. - a interrompi. - Posso tomar meu café na sala ?
- Claro que sim.
- Obrigado.
Me levantei e sentei na poltrona. Liguei a tevê e tomei meu café.
Minutos depois, eu estava de preguiça ainda na poltrona quando minha tia passou por mim com sua bolsa colada ao corpo e disse:- Eu vou até a escola.
- Que escola?
- A escola que tem aqui perto. Você tem que estudar, já que está no último ano. - disse ela
- Ahh, tá bem. - ela saiu e eu fui escovar os dentes pra tirar o gosto de café que havia ficado impregnado na minha boca
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E assim começa toda minha história .. ou o recomeço, por assim dizer.