Capítulo 15

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- Oi Ruy. - ela me cumprimentou

- Oi Lia. E aí, tudo bem ?  - ela negou com a cabeça

- Minha mãe tá piorando. - ela engoliu em seco. - Meu pai ta no hospital com ela.

- Caraca Lia, que barra. Por que você não foi também ?

- Eu não posso entrar, além disso a gente precisa fazer esse trabalho. - seus olhos estavam marejados

- Que porra de trabalho o que! - levantei bruscamente e fui até o celular dela. - Coloca a senha aqui.

  Ela colocou sem se preocupar com o que eu iria ver ali.

- O que tá fazendo?  - ela fungou

- Cancelando o trabalho de hoje. Mandando todo mundo ficar em casa ou arrumar outra coisa pra fazer. - falei

- Ruy, o trabalho é amanhã!

- Nós já sabemos o que temos que fazer e falar. - a olhei. - Só íamos repassar tudo hoje. Mas você está mal e eu não vou deixar você se torturar desse modo.

Coloquei o celular dela na mesinha e a abracei. Ela se aconchegou em mim, colocando as pernas por cima das minhas e as mãos pousadas em meu peito.

Depois de um tempo assim, eu comecei a fazer um cafuné nela.

- Obrigada. - ela sussurrou

- Shh ... - beijei o topo de sua cabeça

  Alguém bateu na porta.

- Quer que eu abra ? - perguntei a ela

- Não, tudo bem. - ela fungou e se levantou

Fiquei brincando com uma linha solta que tinha no sofá, até ouvir a voz de Eleanor.

- Eleanor ? - indaguei quando ela chegou na sala

- Oi amor, eu já estava a caminho quando você cancelou o trabalho e resolvi vir assim mesmo pra ficar com você. - ela me beijou

- Eu disse que Lia estava mal. - falei

- Eu sei. Justamente por isso que eu vim pra cá, pra gente sair e deixar ela sozinha um pouco.

  Lia me olhou como se não quisesse que eu saísse, mas não quisesse que eu continuasse com Eleanor do lado.

Fiquei fitando o chão por um momento.

- Não, eu acho que não benzinho. - falei num tom calmo

- Acha que não o que ? - ela indagou

- Eu vou continuar aqui. - olhei para Lia, que sorriu fraco. - Ela precisa de um amigo agora.

- Hã ... Ta bem. - ela sorriu

- Tá bem ?

- Ficamos aqui com ela então. - ela se sentou

- Eu não acho que ..

- Ruy. - Lia me chamou. - Tudo bem, ela pode ficar.

- Viu só ? - Eleanor sorriu. - Eu sei fazer um chocolate quente maravilhoso! Me permite ?

- Claro - Lia sorriu fraco novamente. - Tá tudo ao alcance. 

- Tá bem! Haha. - ela levantou alegre e foi até a cozinha

  Eu olhei pra Lia. Ela estava coçando a nuca e olhava pro chão. Usava uma blusa de manga branca e uma legg cinza, com suas meias brancas nos pés.

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- E aí eu pulei o muro, caí e machuquei os joelhos. Hahaha. - Um tempo depois Eleanor nos contara algumas histórias passadas. Ela realmente sabia como quebrar o gelo e distrair as pessoas. Lia ria como se tudo estivesse bem

- Hahaha, não acredito que você pulou um muro correndo de um cachorro. - Lia ria, segurando seu copo de chocolate quente nas mãos

- Era um pitbull, ora.

- Descobriu por que ele estava correndo atrás dd você ? - perguntei a ela

- Sim, acontece que mais cedo naquele dia eu tinha ganhado um perfume do meu primo com cheiro de bife, só que o perfume exalava cheiro depois de quinze minutos. - ela riu. - E aí, quando eu percebi que tinha esse cheiro, o cachorro já estava atrás de mim. - Nós três rimos

- Eu tenho que admitir, Eleanor. Não dá pra acreditar que isso aconteceu com você. - Lia disse

- Não mesmo. - concordei

- Eu sei. Fiquei com arranhões nos joelhos por uma semana. - disse ela. - Já acabou ? - ela apontou para o meu copo

- Ah, sim, obrigado. - entreguei a ela

- E você ?

- O meu ainda tem, obrigada. - Lia respondeu

- Certo. - ela foi pra cozinha com o meu copo e o dela

- Ela é um amor, Ruy. - Lia falou meio baixo. - Agora entendi porque a ama. 

- É, ela é. - cocei a cabeça

- Eu a julguei errado.

- Tá tudo bem. - falei

Ficanos em silêncio de novo, até Eleanor voltar.

- Eleanor, eu tenho que dizer ... - Lia começou. - Esse é o melhor chocolate quente que eu já tomei.

- Aaaa obrigada! Eu tive muito tempo pra aperfeiçoar ele.

- Quero que me ensine depois.

- Sem problemas.

- Gente, eu vou tomar um banho mas ... - ela levantou e ligou a tevê. - Vocês podem ficar aí assistindo televisão.

- Tem certeza de que quer que a gente fique ? - Eu perguntei

- Sim, vai ser bom. - ela disse. - Pelo menos até meu pai chegar.

- Tá bem então.

  Ela saiu e eu abracei Eleanor, que sorria a toa enquanto olhava pra tevê.

- E aí ? - perguntei a ela

- E aí o que ?

- Você gostou dela ? - ela balançou o ombro

- Ela é legal.

- Quis ficar aqui pra isso ? Pra conhecer ela melhor ? - ela negou com a cabeça

- Quis ficar pra ficar perto de ti. - franzi o cenho. - Eu sei que ela gosta de você e nesse jeito que está, seria capaz de beijá-lo.

- Não acredito nisso. - a soltei. - Não confia em mim ?

- O que ? Para de ser ridículo, é claro que confio!

- Ficou aqui pra me vigiar, Eleanor. - falei um pouco alto

- Fiquei porque te amo. E não vou te perder pra ela. Além do que, ela não gosta de mim desde o dia em que eu cheguei na escola.

- Ela não pode ter mudado de opinião ?

- Em relação a mim, sim. Mas em relação a você, não.

- Argh, eu não vou ficar aqui pra ouvir isso. - levantei. - Confia em mim mas não confia nela. E o clichê ?

- Eu disse que não confio nela ? Disse ???? - ela levantou. - Eu disse que fiquei pra não te perder pra ela.

- Por que me perderia ?

- Porque você sente algo por ela também! - ela gritou

- Vou fingir que não escutei isso. - saí andando

- Porque sabe que é verdade.

#~#
Abri a porta e saí voando. Puta merda, Eleanor estava ficando paranóica agora ? Ela nunca foi disso. Nunca foi de ficar me cercando por conta de mina nenhuma.
Eu odeio isso. Odeio me sentir sufocado. Eu não ia aturar isso.

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