Opostamente Atraídos

SETE

Decidi não falar nada sobre Douglas e eu para minha irmã, e já que ela também não perguntou, achei melhor deixar o assunto para depois. Talvez para quando eu tiver mais certeza do que realmente está rolando.

Entretanto, o mais estranho nisso tudo foi a forma como Will pareceu mais interessado na minha vida amorosa que minha própria irmã.

Na segunda, quando veio me buscar e ainda não tínhamos passado pela casa de Marília, Will disse:

- Você e aquele Douglas estão ficando?

- Isso não é da sua conta.

- E daí? – deu de ombros. – Só perguntei... Ele parece um bocó. Com todos aqueles músculos.

- Will, ele não é bocó. É o cara mais inteligente que já conheci.

- Isso até conseguir o que quer. – ele levantou as sobrancelhas e olhou para mim.

- Douglas não é assim. E nem eu. Você sabe muito bem que não sou esse tipo de garota.

- Eu sei, Emily. É por isso mesmo que estou te alertando.

Parou o carro na calçada da casa da minha amiga e buzinou.

- Não confie demais e não faça nada que não queira. – Will olhou nos meus olhos uma última vez e quando Marília foi para o banco de trás, ele aumentou o volume do rádio e dirigiu sem falar mais nada.

Vai ver Will é um cara que curte fofoca e gosta de dar conselhos. A gente nunca deve subestimar ninguém, não é?

***

Na terça, avisto Douglas no refeitório da escola depois da aula da professora Estela. Ele sorri e acena da mesa onde está sentado com seus amigos e chama por mim.

Olho para o outro lado e vejo a minha mesa de sempre. Marília, Dj e Rafael já estão lá. Fico na dúvida por alguns instantes, decidindo para que lado ir e acabo indo até Douglas. Ocupo o lugar ao seu lado e ele apoia o braço atrás de mim, no encosto da minha cadeira.

Quando procuro o olhar de Marília e encolho os ombros, ela sorri enquanto diz "tudo bem" com os lábios e isso me deixa um pouco mais à vontade.

- Já conhece o pessoal da turma de debate? – Douglas pergunta, chamado minha atenção.

- Conheço, sim. – sorrio para seus amigos. Dois garotos e uma garota.

- Comprei um sanduíche pra você. – aponta para uma bandeja com um sanduíche de frango enrolado em um papel transparente.

- Ah. – olho para a comida na minha frente. – Eu sou vegetariana. – digo envergonhada.

- Eu não sabia. – ele empurra a bandeja para longe, constrangido.

É claro que não sabia. Ele nunca perguntou. Mas se bem que todo mundo a minha volta sabe sobre isso e agora me lembro de já terem comentado a respeito do meu vegetarianismo durante uma festa de natal da escola uns anos atrás. Douglas estava na mesma mesa que eu e ele disse:

- Ah, você é vegetariana. Legal.

Porém, ele não lembraria desse detalhe depois de um tempo.

- Emily? – Douglas me tira dos pensamentos.

- O quê?

- Posso trocar o sanduíche por outra coisa? – ele parece preocupado.

- Claro. Um suco de frutas está bom. – tento não soar fresca. Mas não sou fresca. Só não vou comer algo que tenha frango.