DOZE

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Douglas e eu estamos na garagem procurando por uma caixa cheia de pratos de porcelana que minha mãe jura ter colocado aqui. Ele abre um pequeno armário e procura pela caixa certa no meio de uma porção de coisas que devem estar aí há anos. Fico na ponta dos pés para alcançar uma prateleira empoeirada, mas não encontro o que minha mãe tanto queria.

- Acho que esses pratos não estão aqui. – limpo as palmas das mãos sujas de poeira na calça jeans.

- Ainda não olhamos tudo. – Douglas fecha a porta do armário. – Tem umas caixas ali. – aponta para mais uma prateleira.

Vou até as caixas e abro uma delas; enfeites de natal é o que há dentro e solto um suspiro. Eu deveria estar ensaiando agora, sexta-feira será um dia importante e ainda preciso dar um jeito em Ranna. Mas como? E por que ela e Juca estavam tão amiguinhos ontem?

- Você parece tão estressada. – sinto os braços de Douglas me envolvendo por trás. – O que foi?

- Nada. – balanço a cabeça. – É só o teste que está me deixando apreensiva.

- Você vai se sair bem. – ele beija meu ombro e me viro para por os braços em torno do seu pescoço.

O beijo com vontade e tento tirar todas as distrações da minha cabeça. Estou chateada demais, preciso esquecer os problemas nem que seja por um minuto. Douglas me levanta e me põe sentada sobre uma mesinha onde estão algumas ferramentas do meu pai, suas mãos tocam minhas costas por dentro da minha blusa e acabo envolvendo sua cintura com as pernas. Quero parar de pensar em Ranna e suas malandragens, quero tirar da cabeça aquela imagem triste; Will lamentando estar apaixonado... Mas por que diabos estou pensando em Will agora?

Afundo os dedos nos cabelos de Douglas e o coloco mais pressão no beijo. Estou quase sem fôlego, estamos soltando até gemidos, ele está me deitando na mesa e agarro seus braços com força.

- Opa!

Douglas e eu nos soltamos e olhamos para a entrada da garagem. Tinha esquecido que estava aberta. Meu Deus, qualquer um que estivesse passando por ali poderia nos ver fazendo o que estávamos fazendo.

- Vocês deviam ir praticar essas coisas em um lugar mais... reservado. - Will dá uma risada sarcástica.

Desço da mesa ajeitando os cabelos e a blusa amarrotada e o celular de Douglas toca, tirando o clima vergonhoso que havia dominado o lugar. Ele o pega no bolso para atender e Will não consegue esconder seus risos idiotas.

- Tudo bem. Claro. Já chego ai. – Douglas desliga a chamada. – Emily, eu havia esquecido, mas tenho que levar uns brinquedos para o orfanato.

- Tá. – digo. – Vai lá. – ele me dá um selinho para se despedir.

- Eu te ligo mais tarde. – se afasta. – Bom te ver, cara. – ele toca o ombro de Will e se vai.

- Brinquedos para o orfanato. – Will põe as mãos sobre o coração. – Uma atitude que me faz querer chorar.

Jogo a cabeça para trás e resmungo. Depois o encaro enquanto bufo e digo:

- O que você quer? Veio atrás da Maby? Ela não está.

- Não vi atrás dela. – diz seco. – Vim falar com você. É importante.

Aperto os olhos e ele continua:

- Eu estava voltando do estúdio e vi aquela Ranna.

- Você veio até aqui pra isso? Para dizer que viu Ranna na rua?

- Sim. E ela estava com o seu ex. O tal de Juca. – põe as mãos nos bolsos. – Eles estavam em uma lanchonete e eu fui até lá. Não deu pra ouvir a conversa muito bem, mas eles tocaram no seu nome. E... Juca disse que ia fazer o que fosse preciso. Algo assim.

Opostamente AtraídosOnde histórias criam vida. Descubra agora