Capítulo 2 - Nico

12 4 1
                                    


Eu já estava a uma semana organizando os detalhes finais para a inauguração do restaurante, minha vida está uma loucura, não consigo pensar em nada que não seja isto.

Eu contratei uma empresa de eventos para tocar todo o projeto, mas como sou muito chato, quero acompanhar tudo de perto, nada pode dar errado, tem muito investimento envolvido, mídia, críticos, investidores, empresários importantes que confirmaram a presença, e principalmente minha família e meus amigos pessoais.

O cardápio eu já havia idealizado há muito tempo, na verdade foi a primeira coisa que idealizei, afinal é isto que eu amo fazer, cozinhar, criar pratos especiais e saborosos.

Minha paixão por culinária começou com minha avó, ela era aquelas doceiras do interior que fazem tudo, e eu ficava ao lado dela enquanto ela preparava as massas, aprendia e saboreava cada quitute que ela preparava. Foi onde eu comecei a amar as comidas e suas misturas de sabores.

A minha formação acadêmica foi em São Paulo no SENAC, trabalhei em restaurantes renomados em São Paulo e depois fui especializar-me na Le Courd on Bleu, na França uma das escolas mais renomadas do mundo, onde passei meus últimos cinco anos. Mas meu sonho era voltar ao Brasil e abrir meu próprio negócio, trabalhei em grandes restaurantes no Sul da França e guardei todo o dinheiro que podia para poder realiza-lo e hoje estou aqui aguardando os meus convidados chegarem.

Morei muito tempo na França, mas precisamente em Paris, e por fim o ultimo ano fui trabalhar em um restaurante em Mônaco.

Foram anos de muito estudo e de trabalho intenso, e o meu restaurante foi criado com o melhor e com todas as minhas vivências de ter trabalhado nos melhores de Paris.

Uma noite antes da inauguração, cheguei tarde em casa, fiquei no restaurante até que tudo estivesse como eu queria. Tomei um banho vesti minha cueca boxe e deitei, não sei por que mais especialmente naquela noite me senti sozinho, queria ter alguém especial para estar comemorando este momento. Dormi pensando em tudo que eu tinha e o que me faltava ainda, um grande amor.

Acordei com Alice me ligando, ela é sempre inconveniente, eu precisava de pelo menos mais duas horas de sono, pois passei a noite em claro repassando cada detalhe, ai vem essa louca me ligar...só com muita paciência.

Eu e a Alice nos conhecemos no tempo da escola quando estávamos no Ensino Médio, ela é uma das pessoas da "Turma dos Antigos", que é como chamamos o nosso grupo até hoje. Somos cinco amigos inseparáveis, Eu, Wess, Alice, Michele e Tony, este é o único que ainda mora fora do país, ele trabalha para uma grande empresa que fica sediada na Austrália, quando eu enviei o convite por e-mail, ele logo respondeu que não poderia vir. Uma pena há muito tempo não nos reuníamos.

Quando acabei o Ensino Médio, fui direto para a faculdade de gastronomia, nos encontrávamos uma vez por mês para matar a saudade e colocar os assuntos em dia, mas a Alice sempre quis mais e sempre dava um jeito de ligar aparecer na faculdade com desculpas, chegamos até a sair algumas vezes, mas nada sério, eu estava muito focado nos estudos.

No meu último ano de faculdade decidi que iria para a França, comuniquei à turma que já até esperavam por isso, todos do grupo conheciam os meus planos.

E assim parti rumo a novos conhecimentos e aprimoramento do que eu já havia estudado no Brasil.

Aluguei um apartamento pequeno perto da escola, um quarto, cozinha uma pequena sala e banheiro, perfeito para a minha estadia.

Comecei meus estudos e logo um dos professores percebeu que eu era muito engajado em aprender e assim me convidou para ser um dos Sous Chef no Le Cinq, um dos restaurantes mais famosos da França.

Seis meses após eu me estabelecer em Paris, recebi um e-mail da Alice dizendo que viria passar as férias na França e se eu poderia hospeda-la. Expliquei a ela que eu não tinha espaço no apê, e outra ela é burguesinha pode muito bem ficar em um hotel, mas não, disse que iria dormir no sofá, mas que queria estar comigo... Duvido que ela aguente ficar sem o luxo e toda a mordomia de um hotel.

Pois bem, ela veio e fiou dois anos comigo, foi onde começamos a nos relacionar. Era cômodo para mim, pois eu não tinha tempo para nada, alem de estudar e trabalhar, chegava em casa morto de cansaço e ainda tinha que estudar para as provas, então era uma trepada aqui outra ali e fomos vivendo destas forma. Com o tempo percebi que ela começou a me cobrar atenção, queria sair, queria fazer turismo pela cidade, teve um momento que ela que voltássemos para o Brasil, eu não sei em que parte ela não entendeu que eu não estava lá para isso, e sim para aprender, crescer profissionalmente, esse sempre foi o meu foco.

No final de dois anos de convívio eu não consegui mais aguentar tanta cobrança, ela queria casar, fazer uma festa, ter filhos, tudo que eu não queria naquele momento, eu não estava pronto para uma vida em família, eu queria continuar meus planos.

Certa noite, pedi que ela esperasse eu chegar da escola, pois precisava esclarecer de vez toda esta situação.

Ela chorou disse que não queria terminar, que iria ficar na dela, mas eu estava decidido, ela tinha que ir embora, ela me atrapalhava eu não tinha mais meu espaço, pedi que ela voltasse ao Brasil, pois não estava dando certo a nossa convivência, ela chorou fez cena, mas eu me mantive firme, e duas semanas depois ela percebeu que não havia mais espaço para ela na minha vida, e acabou voltando para o Brasil.

Mesmo Alice estando fora da minha vida, uma vez ao ano ela voltada a Paris passar alguns dias e lá ficava por meses, ate eu voltar a dar um basta.

No meu ultimo ano em Mônaco, contei a ela meus planos de abrir o restaurante e como eu pensava que deveria ser ela como uma boa amiga e amante, porque mesmo com as idas e vidas dela continuávamos a transar, e assim acertamos que ela começaria a preparar as coisas no Brasil para a minha volta.

Ela se propôs a intermediar todas as atividades em busca do lugar, arquitetos para reforma contratação entre outros.

Planejei cada detalhe, desde a cor das toalhas, as musicas que seriam tocadas na noite da inauguração, as cadeiras os mínimos detalhes que eu pudesse imaginar, eu passava as informações para ela via e-mail, e com a influência de seu pai a primeira coisa que consegui foi o casarão, e assim foi acontecendo, meu sonho tomando formato, com a ajuda da Alice, então sim, ela é muito importante, mas eu não a amo, não é a mulher quero como minha esposa e mãe dos meus filhos. Sou um homem romântico, acredito em amor a primeira vista. Alice é uma mulher incrível, mas é apenas uma grande amiga.

Eu acredito que meu grande amor esteja a minha espera em algum lugar deste planeta.

Sabor do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora