Um reencontro mortal

119 4 0
                                    

Observo a vista do Brooklyn com um copo de whisky entre os dedos. O alto feiticeiro de NY tinha reformado seu apartamento dês da última vez que eu o vira, agora a sacada era coberta e tinha confortáveis sofás espalhados pelo espaço. Magnus volta com outro drink em mãos e senta na poltrona a minha frente.
- Faz o que, 10 anos que eu não a vejo? - ele pergunta de forma dramática e eu reviro os olhos.
- Não faz nem um ano direito, e você sempre recebe minhas cartas! - argumento com um sorriso nos lábios.
- Cartas não me garantem que você está bem, Mal! - eu via a ternura e a preocupação por baixo de suas palavras - Senti sua falta.
Há algumas horas eu tinha chegado a cidade de NY na intenção de rever meu amigo mais antigo. Viver fugindo nunca foi a opção mais fácil, ao fazer isso, eu me isolava de qualquer relação com outro ser humano, afetiva ou até mesmo casual. Conversar com alguém que se importa comigo como Magnus, era um ato que preenchia o meu peito e me trazia uma sensação de conforto. Algo que eu não sentia a muito tempo.
Abro a boca para responder mas sou interrompida por batidas incessantes na porta da frente. Magnus se levanta e vai atender, ele discutia em voz baixa com o que parecia ser algumas pessoas. Vejo seu ombro subir e descer devagar, enquanto ele respira fundo. A porta se abre e quatro caçadores de sombras entram, dentre eles, minha irmã Clary.
Agarro a barra da sacada atrás de mim enquanto seus olhos pousam em mim.
- Malysel - ela pronuncia meu nome assim como fez em Idris, um ano atrás.
- Então, vamos? - Magnus fala quebrando o momento. Agradeço a ele por isso - Se é tão urgente assim precisamos ir logo.
- O que aconteceu? - pergunto.
- Demônios Mantis saindo de um portal aberto, precisam da minha ajuda para fecha-lo - ele explica.
- Você pode vir com a gente... se quiser - Clary fala hesitante - Vamos precisar de toda a ajuda possível.
Balanço a cabeça em afirmativo e caminho para fora do apartamento com eles. Puxo minha Estela do cinto e me marco conforme ando. Uma runa de coragem em combate, outra de resistência e mais uma de velocidade.
Andamos alguns quarteirões antes de chegar em um armazém abandonado repleto de Demônios. Magnus vai na frente e se encarrega de fechar o portal aberto. Os outros avançam e começam a despedaçar os bichos, puxo minha espada do cinto e começo a fazer o mesmo. Era uma espada Morgenstern, destinada apenas aos descendentes mais fortes da linhagem. Eu e meu irmão ganhamos uma assim que nos tornamos caçadores de sombras, a dele havia se perdido em Edon, um dos reinos do inferno. Ela e o anel com o símbolo dos Morgenstern que eu tinha no dedo, eram as únicas coisas que haviam sobrado do legado da minha família.
Corto os Mantis ao meio sempre mirando em suas cabeças. Um deles se impulsiona para atacar Jace Herondale pelas costas e eu corro, pulo sobre uma caixa de madeira alta e salto em direção ao demônio com a espada em punho. Enfio a lâmina em seu peito e caio com um rolamento simples, o Mantis cai no chão com um baque surdo, já morto. Jace se vira para mim com olhos levemente arregalados, não agradece, apenas me encara por alguns segundos. Talvez ele tenha esquecido que fomos treinados pelo mesmo homem. Vejo algo se aproximando com minha visão periférica e um Mantis cai sobre mim, decepo sua cabeça do corpo com a espada, mas não antes dele enfiar suas garras na minha carne. Pressiono a mão na lateral do corpo e ela volta sangrenta. Sinto minha visão começar a embaçar e meus sentidos ficarem mais fracos. A espada cai da minha mão e eu viro o rosto, bem a tempo de ver Magnus correr em minha direção com as mãos brilhando com a magia.

O outro lado da história - Os Instrumentos Mortais Onde histórias criam vida. Descubra agora