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Eu tinha acabado de fazer o jantar e Gavin estava trancado no escritório desde cedo.
Lui me mantinha informada sobre tudo, e estávamos tendo sucesso na recuperação de vários bens. A atenção da imprensa foi constante na semana do sequestro, mas agora tinha diminuído. Eu não tinha saído de casa ainda. Não sentia essa necessidade.

Quando fui até a janela notei que ainda restavam alguns fotógrafos de plantão.

- O jantar está pronto! - fui até o escritório onde ele estava trabalhando
- Estou morrendo de fome.
Depois de jantarmos, fui para a sala ver um filme e Gavin levou o MacBook.
Já estava na metade do filme, quando Gavin foi buscar vinho para nós dois, e deixou o computador de lado. Ficamos lá sentados vendo o filme, até que ele colocou o braço em volta dos meus ombros e eu me aconcheguei a ele.
Em uma cena de perseguição e tiros, estremeci.
- Sabe, achei que ia perder você naquele sequestro. - Gavin disse
- Me perder? - olhei para ele
- É. Acho que nesse tempo que viramos sócios eu acabei me afeiçoando a você.
- Eu também. Fiquei muito aliviada quando Lui apareceu, e depois quando eu vi você lá quando acordei. Você é protetor assim com todo mundo?
- Não. Com ninguém, na verdade.
- Você me protege feito um irmão mais velho, eu acho.
- Não. - Gavin se virou para mim - Eu te protejo como um homem, Naomi. É como um instinto primitivo, uma sensação de posse, e de desespero quando você não está por perto.
- Gavin. - olhei em seus olhos - O que você está dizendo?
- Que eu quero que você seja minha. - ele estava perigosamente perto
- Você é noivo. Seu casamento é em algumas semanas. - fechei os olhos e respirei fundo
- Eu sei. Mas preciso pedir uma coisa pra você. Um último pedido.
- O que?
- Esquece o mundo lá fora. Esquece por vinte e quatro horas. - Ele já estava pairando sobre mim, e eu praticamente deitada em cima das almofadas. Suas mãos estavam uma de cada lado do meu corpo, sustentando o dele.
- E depois? E depois de vinte e quatro horas? Tudo esquecido? Vamos nos ver todos os dias. Trabalhamos juntos, a sua noiva acha que eu sou amiga dela.
- Não pensa, Naomi. - sua voz nada mais era que um rouco sussurro
- Vinte e quatro horas, Gavin.

Não precisei falar mais nada. Quando terminei de pronunciar seu nome, sua boca encontrou a minha. Foi um beijo cheio de urgência, saudade, angústia. Quando nossos lábios se encontraram, ambos soltamos um gemido e nos entregamos totalmente.
Enrolei minhas pernas em sua cintura, e fomos no escuro até o quarto dele. Tropeçando nas coisas que estavam pelo caminho.
- Talvez não cheguemos vivos até a cama - Gavin riu enquanto eu o beijava e colocava a mão na parede, para não batermos outra vez.

Não tínhamos pressa, mas ambos estávamos ansiosos. Seu toque em minha pele era quase reverente, o roçar se sua barba nas minhas costas, seus dedos em mim causando um imenso prazer. Nossas línguas travando uma batalha onde independentemente de quem ganhasse, ambos os lados sairiam vitoriosos. Gemi quando nos unimos, e ficamos apenas conectados por alguns segundos. Depois, nossos corpos iniciaram uma dança lenta e preguiçosa, que se acelerou a medida que o prazer crescia dentro de nós dois. Repetidas vezes, juntos, atingimos o clímax.

Gavin ainda estava dentro de mim, e tinha desabado sobre o meu corpo. Eu sentia sua respiração, estava cansada e adormeci.
Quando acordei, estava aninhada em seus braços e ele respirava tranquilamente.

Fui até a cozinha beber água, e quando voltei, Gavin estava acordado.
- Não queria ter dormido. - me puxou para o seu colo
- Foi inevitável. - ele deu uma risadinha
- É, foi. - eu estava deitada em seu peito, e seus dedos acariciavam minhas costas - Já está amanhecendo
- Eu vi. Você vai trabalhar hoje? - olhei para ele, que beijou a ponta do meu nariz
- Não. Não vou desperdiçar nosso tempo.
- Mas Gavin, isso vai ter que terminar. - ele suspirou e fechou os olhos enquanto me apertava um pouco
- Sim. Mas eu não queria que terminasse. Mas não vamos falar sobre isso agora, está bem?

Passamos o dia inteiro na cama. Quando acordei, já estava escuro. Eu simplesmente não conseguia levantar, minhas pernas pareciam feitas de gelatina. Ele não estava ao meu lado. Fiquei deitada pensando no motivo disso tudo. Ele era um arrogante detestável, e agora era o homem que tinha proposto um dia de amor sendo que ele se casaria em pouco tempo com uma mulher que me considerava sua amiga. E ir embora, deixá-lo para ver ele subir no altar era a coisa mais dolorosa que eu poderia imaginar agora. E eu estaria lá para ver ele dizer "sim" e ir para casa com uma mulher fútil e idiota.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Lui. O casamento estava próximo e Rebecca fazia questão que eu fosse, mas eu precisava pensar antes.

Encontrei Gavin no escritório. Não falei nada, apenas dei a volta na mesa e sentei em seu colo com uma perna de cada lado de seu corpo. Ele me segurou, e eu segurei seu rosto enquanto o beijava. Aquela seria a última vez que eu poderia fazer isso. Ele fechou o notebook e arredou as coisas da mesa. Me apoiei nela enquanto o senti entrar dentro de mim novamente, e pela última vez. Foi lento, sôfrego e sublime. Quando atingimos o clímax, eu queria chorar e pedir que não se casasse com ela.

••••
Gavin

Tinham sido as melhores e mais torturantes horas da minha vida. Naomi era tudo, e eu queria que nossa bolha durasse para sempre. Eu sabia que depois do sexo no meu escritório, isso não aconteceria novamente. Se ela tivesse naquele momento me pedido para deixar Rebecca, eu teria deixado. Teria deixado tudo, qualquer pessoa e ido para qualquer lugar.

Uma hora depois, Lui tocou a campainha para levar Naomi para casa. Não trocamos uma palavra, eu não conseguiria.

No dia seguinte Kim avisou que Naomi tinha ido viajar e Lui confirmou. Estava fazendo trabalho humanitário no Haiti.
Alguns dias depois um tabloide publicou fotos dela em um acampamento. Ela não atendia celular, pelo menos não o meu número. Kim disse que tinha falado com ela, e era óbvio que Lui também falava.
Fui buscar Rebecca no aeroporto no fim do dia. Ela estava animada com o casamento é só conseguia falar disso. Naquela noite jantamos com a família dela e depois fomos encontrar alguns amigos.
Mesmo vendo Rebecca radiante com tudo, e recebendo felicitações e várias pessoas falando que ela era perfeita, eu só pensava em Naomi. Não conseguia ficar no meu escritório em casa sabendo que tínhamos feito amor lá pela última vez. Não era só sexo com ela, era muito mais intenso e profundo.

Naquela noite depois que Rebecca adormeceu ao meu lado, fiquei pensando em como a cabeleira ruiva de Naomi contrastava com os meus lençóis. Minha noiva parecia mesmo a Barbie, estava dormindo com maquiagem, cílios de mentira, a boca tinha preenchimento labial. Ela era fisicamente perfeita. O sonho de qualquer homem era ter uma mulher como Rebecca do lado, e ela era calma, equilibrada, sensata, e se dava por satisfeita quando eu gozava. Não era incansável como Naomi, que me acompanhava e queria sempre mais de tudo.
Nosso casamento seria em duas semanas.

Quando acordei, Rebecca estava tomando café da manhã. A mesa da sala de jantar estava arrumada, ela estava no celular e já perfeitamente maquiada às 7:30. Seus saltos de grife poderiam alimentar por algumas semanas as pessoas que Naomi estava ajudando.
Deus, tudo o que eu fazia era comparar as duas.
"Pare com isso" dizia à mim mesmo

•••

Naomi

Um pouco era egoísmo de minha parte, mas eu precisava pensar. Ou melhor, eu precisava me manter tão ocupada que não poderia pensar. Quando desembarquei no Haiti e me deparei com a miséria, a fome e o caos, deixei meus problemas de lado e mergulhei de cabeça naquelas pessoas que nunca conheceriam a minha vida de luxos.
Uma velha amiga que dirigia uma ONG tinha ficado feliz pela ajuda. Eu estava mandando donativos e dinheiro em troca de poder ir para lá algumas semanas e ajudar como pudesse. Pessoas famintas, sujas, desamparadas e traumatizadas estavam o tempo inteiro comigo, e eu fiz o meu melhor por todos eles.
Entretanto, quando eu ia para o meu quarto simples no acampamento à noite, automaticamente me vinha na cabeça que Gavin estaria casado em alguns dias, e que eu tinha que estar lá para o casamento.

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