02 - Abandonada

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Sugestão Musical: Devil like me / Rainbow Kitten Surprise

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Meu coração e alma nunca foram meus

Com o quê você se importa o bastante para morrer?

Nós morremos sozinhos, todos nós vamos morrer jovens

É o diabo tão ruim se ele chora durante o sono, enquanto a terra gira

E os seus filhos a aprendem a dizer "foda-se"

Eles não, te amam

Será que o diabo fica com medo se ela morre em seus sonhos?

Onde a Terra queima 

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Aquele cheiro ainda me perseguia mesmo após minha imortalidade, o ódio agora se alastrava derrubando todas as barreiras que com muito esforço havia erguido!

- Mamãe, posso ir lá fora brincar? - Suplicava pela vigésima vez.

- Não Rose, uma Hale nunca brinca no seu dia de beleza - Minha progenitora usava sua voz tranquila. 

Aqueles bobes me matavam! Só algumas horas e estaria livre, ou melhor, livre para a segunda parte excruciante do meu dia.

- Rosalie! - O grito de minha mãe me arrancou de novo do meu mundo - Olha essas pontas duplas?! Como você conseguiu danificar tanto esse cabelo?

Olhei para os cachos e sinceramente já estava estrábica de tanto observar os fios inutilmente. Como ela queria que uma criança de sete anos tivesse a consciência do que eram pontas duplas?!

- Ok, vamos dar um jeito nisso a tempo para o Concerto. - Claro que só isso estava ocupando a sua mente, com o que mais ela poderia se divertir a não ser me torturar?! Rolei meus olhos pelo quarto na direção de minha mãe, em suas mãos seu mais novo modo de tortura, não movi meus lábios, pois já sabia seria inútil protestar.

- Rosalie, feche os olhos. Nós não queremos uma irritação na vista não é?!- Até que uma irritação não seria ruim se a convencesse de parar com isso, mas ela me culparia e de qualquer forma isso não a impediria de continuar. Ela bateu com aquela esponja no Pó de Talco e depois em todo meu rosto.

- Sabe o que Margareth disse?- nem tentei responder, a única coisa que aconteceria seria engolir as partículas que grudavam em minha pele. - Ela disse que adoraria saber o porquê sua pele é tão macia como uma seda! Sabia desde o princípio que ela não aguentaria e viria me perguntar, mais nunca diria o "nosso truque"! - Nosso??? Desde quando?! - pensei.

Dona Lígia prosseguiu em sua fofoca desinteressante. – Ela ficou com aquela cara de desconsolada quando eu respondi "Ah Margareth, não é nada, Rose é naturalmente assim!". Senti quando seus olhos me fulminavam, é claro que adoraria descobrir, assim poderia usar em Violet... Mas nunca que aquela garotinha mimada chegaria a seus pés minha querida! – ela então percebeu que me movia inquieta pelo seu ritual. - Rose fique quieta por alguns minutos e já volto para retirar o talco.

Ela saiu de meu quarto aos passos apressados.

Violet, a filha de Margareth, vivia em meu encalço, às vezes poderia jurar que ela era minha sombra. O pior é que por inúmeras vezes, em vão, tentei ser sua amiga, afinal nossas mães se conheciam antes mesmo de nos conceber, porém não se podia dizer que elas eram melhores amigas, a palavra correta da relação que nutriam era Rivalidade!

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