04 - Incólume

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Sugestão musical: Celtic Woman / The Last Rose of Summer

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Tão logo eu possa seguir, quando as amizades deteriorarem

E do círculo luminoso do amor, as pedras caírem

Quando os corações puros estiverem murchos e os apaixonados flutuando

Oh! Quem habitaria este mundo sombrio sozinho!

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Abri a porta indo em direção meu quarto e subi lentamente as escadas, não me sentia preparada para nenhuma conversa!

Alice se lançou em minha direção sendo impedida por Jasper, que lhe mandou um olhar claro que traduzia um: "Agora não"! Não era a toa que assumíamos o posto de irmãos gêmeos perante a sociedade, eu conseguia entender de maneira simples sua comunicação e por vezes brincávamos com isso!

Vi paz no semblante de Alice e me senti melhor! Respondi aos dois apenas com um sorriso. Ela parecia aliviada em me ver fora da sala!

Continuei arrastando meus pés ao subir as escadas, escancarei a porta de meu quarto e me deparei com ele vazio, nem sinal de Emmet! Caminhei lentamente para meu banheiro, precisava de um banho, nada me traria mais paz do que sentir água sobre meu corpo!

Abri o registro da banheira e deixei que minha mão suavemente sentisse a temperatura da água. Eu realmente precisava disso!

Observei atenta o semblante da figura que se despia lentamente! Sim, meu corpo era perfeito! Mesmo os perigos de minha vida póstuma não me deixaram cicatrizes. Era apenas disso que me orgulhava todos esses anos, afinal por dentro eram tantas feridas pustulentas que se o invólucro transparecesse, todos se assustariam!

Confesso que nunca me dei o trabalho de me preocupar com o que havia por dentro, aquela imagem sempre foi com o que me interessei! Essa Rosalie frívola teria dado orgulho à sua mãe.

Coloquei minhas mãos no espelho, tentando procurar por algo que realmente me fizesse ser uma pessoa melhor, além de parecer uma simples pintura! Teria que me esforçar muito para que as coisas tomassem outro rumo e nesse processo abriria algumas feridas! Será que eu possuía a força pra isso? Teria eu qualidades internas que fossem mais importantes que esse retrato de perfeição?!

Fechei meus punhos e bati o mais forte que pude, uma explosão de Rosalies atingiram todas as partes do banheiro. Eu queria me libertar da cela que criei, como se destruir uma imagem fosse significar algo! Apesar de ter quebrado meu espelho, eu ficaria presa nesse retrato para sempre!

Olhei em direção a banheira e vi que estava quase transbordando. Minha percepção sobre o tempo não estava muito eficaz ultimamente, era como se meu relógio interno estivesse corrompido, apresentando seu próprio fuso horário!

Entrei naquela tina de mármore sem me importar com a quantidade de líquido que emergia pra fora, em ondas, devido à densidade do meu corpo! A água quente sobre minha pele fria espalhava tenuemente sensações de satisfação por todo meu sistema nervoso aguçado, uma das qualidades que herdei com minha vida imortal, diga-se de passagem a minha predileta! As sensações intensas que experimentara eram demasiadamente prazerosas.

Fiquei submersa para cortar qualquer contato de meus sentidos com o mundo exterior. Imaginei como se estivesse sendo lançada a deriva no infinito e o sentimento de vazio me acalmou!

Apenas o som do borbulhar das águas atingia minha audição sempre alerta. Não foi difícil imaginar como se estivesse navegando num mundo onde não tinha controle. Sempre gostei dessa sensação de poder dispensar uma coisa tão necessária aos humanos: o oxigênio!

A casca em que habitava me fazia mais vigorosa que os fracos humanos a meu redor. Dispensava tantas necessidades que isso me deixava tão forte quanto uma deusa Olimpiana. No entanto, como num drama digno de lIlyas & Odysseia, me abatia em fraqueza perdida em minha inveja dos mortais. Só eu sabia a prisão que era meu corpo!

Banhei-me vagarosamente tentando purificar algo mais do que minha carne. Me arrumei dispensando todo o meu ritual diário, não tinha ânimo! Ao entrar em meu closet procurando por algo confortável, uma brisa leste trouxe o cheiro do closet de Emmet que ficava dentro de minha suíte! Num instinto insano fui puxada para lá. Vesti uma de suas camisas brancas de botão com mangas longas que em mim se tornavam um vestido!

Aninhei-me entre as cobertas, tudo parecia tão sem sentido com Emmet longe daqui! Onde será que meu marido estava?!

Horas se passaram e um leve som na maçaneta me alcançou. A figura dele apareceu em minha porta e em seu olhar havia uma expressão de saudade misturada com melancolia! Me levantei e olhei no fundo de seus olhos, em correspondência Emmet lançou-me um olhar libidinoso que fez com que eu corresse com angústia ao seu encontro!

Atrás de si deixou que a porta se fechasse. Pulei em seu colo trançando minhas pernas em suas costas e com firmeza enlacei meus braços em seu pescoço! Sua cabeça afundou entre minha clavícula e omoplata, despejando seu hálito quente. Procurei seus lábios com os meus num desejo veemente, era como se nossos corpos lutassem para entrar na mesma frequência.

Emmet me beijou carinhosamente, porém sem nenhum pudor. Sua língua explorava minha boca em um ritmo frenético. Cravei minhas unhas em suas costas e um grito de prazer fugiu de seus lábios. Sorri para ele de forma voluptuosa, demonstrando que também o queria!

Ele me atirou de costas na cama e debruçou-se em cima de mim, sustentando seu peso em seus joelhos. Explorando-me com seus beijos foi traçando um caminho vagaroso. Começou em meus pés, escalou promiscuamente minhas pernas e com delicadeza foi mordiscando a parte interna de minhas coxas!

De maneira ensandecida ondas de prazer me atingiam. Seus lábios colocaram-se a explorar meu ventre, ora com beijos rápidos e vigorosos, ora com beijos longos e suaves. Suas mãos abriam os botões de minha camisa com doçura, enquanto isso me olhava de forma especulativa. Finquei minhas unhas no lençol como em resposta!

Seu olhar triunfante me dizia o quanto nossa comunicação muda era única. Sua boca continuou sua peregrinação. Explorou meus seios durante alguns segundos, os quais pareciam uma eternidade! Depois subiu de forma desenfreada, estacionando em minha orelha e então sua voz penetrou minha mente:

- Te amo! – disse num tom sussurrado.

- Emmet meu amor, tua voz me tira do abismo! – confessei.

Beijei-lhe com uma urgência disfarçada, para depois me encaixar nele outra vez, deixando que nossos corpos se tornassem um só!

Nesse momento sentia o quanto nosso amor era incólume.

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