03 - Necessidade Premente

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Sugestão Musical: Tell Me Now (What You See) / Moya Brennan

♫♫

 Ventos chovendo, desmoronar.

Acredito que, o seu coração.

Me diga agora,

O que você vê.

Me diga o que você sente,

Agora você está aqui.

 ♪ ♪

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Uma música antes recôndita saiu de minha cabeça e se desenvolveu em meus lábios.

Não me lembro como era dormir, mas entrei em uma espécie de torpor, onde tudo voltava a ser fácil, minhas decisões, guerras internas, meus puros sentimentos e onde encontrei a felicidade... A verdadeira, pura e perene amizade!

Afundei-me no sofá, não tinha coragem nem força para enfrentar os olhos de Emmet. Quem poderia me ajudar? Para quem poderia perguntar sobre minhas atitudes? Nenhum nome me vinha à mente, até Alice havia perdido desde que Bella entrou em nossas vidas. Ela se tornara o novo passatempo de minha irmã. Será que eles nunca perceberiam meus sentimentos? O quanto a chegada de Isabella me abalava?!

Essa era minha família! Aliás, a única coisa que eu possuía e tudo era mais difícil agora, pois Bella havia se tornado a realidade do que eram meus sonhos. Poderia enfrentar tudo isso sem me sentir mal? Seria eu tão pecadora por sentir raiva e inveja dela?

Por que não comigo? Por que não eu? Sempre achei nobres as atitudes de minha cunhada, mas nunca deixei de querer que aquela fosse "EU". Sempre me perguntei, por que não despertei em Edward o que ela causou?!

Não que meu sentimento por Emmet não fosse o mais puro e verdadeiro, porém eu ambicionava mais, eu queria minha "PRÓPRIA FAMÍLIA", algo somente meu! Não precisava do mundo aos meus pés, precisava de uma base em meu corpo, algo onde pudesse me apoiar e proteger, despertar admiração sem ser de forma carnal.

Confesso que sempre desejei ter alguém em meus braços me olhando, da mesma maneira que Nessie observava Swan. Alguém que me amasse sem nunca ter sentido meus braços. Alguém que crescesse de minha própria carne, com quem teria um amor incondicional, um ser tão inofensivo por quem daria minha vida! Esse ser que acima de minhas vontades fosse algo mais importante do que eu e minha sobrevivência.

Esse desejo maternal havia consumido minha felicidade e rasgado minhas entranhas! Seria isso resultado de minha criação antiquada e patriarcal da década em que nasci?!

Como minha vida era irônica! Todos sempre me acusavam de ser egoísta, de só falar de mim mesma, mas quem estava comigo agora enquanto narrava um monologo prolixo sobre como verdadeiramente me sentia?!

Deus me lançou no mundo e depois me abandonou, se é que ele existiu para mim! Minha existência se resumia na beleza e as mentiras ardilosas que ela trazia consigo!

Sentia-me amaldiçoada antes mesmo de receber minha sentença de morte. Em minha infância difícil, em que quase nunca alguém se aproximava, pois minha aparência, que deveria ser uma qualidade, era um obstáculo que criava muralhas ao invés de pontes! Depois em minha pré-adolescência, onde ela fora uma vantagem para atrair, se transformando num objeto de cobiça, luxúria, posse, dor e por fim morte!

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