Carol
Dormia tranquilamente e sonhava. Sonhava com minha mãe, ela me empurrava no velho balanço dos fundos da mansão onde morávamos. Era um sonho doce e tranquilo envolto pela inocência de meus seis anos de idade. Deixando-me feliz e calma. Porém algo começou a se modificar e de repente me vi separada de meu balanço e de minha mãe por homens encapuzados. Estávamos sendo arrastadas pelo chão arenoso onde ficava o balanço. Minha mãe aos gritos pedindo para que me soltassem e só levassem a ela. Eu gritava pedindo pela minha mãe.
Fez-se um barulho enorme de carros freando e de tiros. Sons que na época eu não entendia o que significavam. Agora já tomando ciência de que me encontro em meu frequente pesadelo tento despertar, porém não consigo. Neste momento em meu pesadelo sinto que a alguém me olhando intensamente e procuro por ele, sem encontrar. Vejo pela última vez os olhos de minha mãe ainda com vida antes ser levada de mim pra sempre.
Despertei suada e tremula como de costume. Olho ao redor e percebo que me encontro em minha cama, na segurança de meu quarto. Respiro fundo e me levanto, pego meu robe aos pés da cama e me direciono a porta. Precisava tomar um copo com água e respirar ar fresco.
Ao descer as escadas me deparo com Susan nossa governanta.–Bom dia Susan. - desejo, me aproximando, beijando seu rosto rechonchudo, com carinho.
– Bom dia minha menina! Como você está? Seu rostinho me mostra que nada bem não é? Foi o pesadelo de Novo? - Questiona-me, correspondendo calorosamente ao meu cumprimento, como uma mãe atenciosa o faria.
A única mãe que tive depois daquilo. Caminhamos em direção à cozinha, me sento à mesa, que já estava posta com minhas guloseimas preferidas, embora não me senta com vontade de experimentar nada.
– Não se preocupe Mãe. Estou bem - Menti pra não deixá-la mais preocupada e tratei logo de mudar de assunto.
– Onde está o casamenteiro, e não estou falando de São Valentim, e sim do Senhor Clóvis August Simpson. - Perguntei fazendo uma careta engraçada e bebendo minha água, tentando disfarçar minha angustia interior.
Mas antes de Susan pronunciar- se, meu pai adentra a cozinha e fala a queima roupa
–Carol, precisamos conversar. – Encara-me com a expressão mais limpa de culpa possível. Quem o olha assim nem imagina do que esse velho lobo é capaz.- Bom dia para o senhor também meu pai! - Respondi irônica e ele me envia aquele olhar de cachorro pidão.
– Carol filha, por favor, o que custa conhecer o rapaz? -Olhei em seus olhos sem acreditar.
– Custa minha dignidade e minha vergonha na cara, se para o Senhor Isso é pouco para mim não é.
–Carol, dê uma chance ao Coleman. Quem sabe ele não é a sua alma gêmea? Disse-me na defensiva.Gargalhei. Meu pai poderia ser comediante. Por que isso só poderia ser uma piada!
– Ele está mais para meu algoz do que pra outra coisa. Pai, por mais que me esforce não entendo como o Senhor quer me unir a alguém tão inescrupuloso. Tenho até nojo das coisas que aquele homem já fez na vida. Escutei tantas barbaridades em relação a ele que não quero vê-lo nem pintado de ouro.
– Caroline Louise Simpson! Eu não sei de quem você herdou essa sua rebeldia! - Disse se fazendo de inocente, lógico que ele sabia de quem eu havia “herdado” minha rebeldia. Éramos iguais.
– Deixe de ser mal criada menina. Ele é um homem de negócios, e homens de negócios têm que ter pulso forte – Disse ele se levantando em seguida. – Vou ao escritório fazer uma ligação. Espere-me, essa conversa ainda não teve fim! - Ameaçou carrancudo. Beijou minha testa e saiu da cozinha.
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ICE- Capítulos de Degustação. Não completo.
RomansaPostado como ICE 2014-2015 1ª Edição Copyright© Erika Alves.