Você me fortalece

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POV AMERICA

August ainda demora alguns segundos, a sala estava tão quieta que o único som que se ouvia era o da nossa respiração. Já estava começando a ficar impaciente novamente quando meu pai de fato começa a falar.

- Antes de tudo gostaria de lhe informar que não, não revelei quem você é e nada que pudesse te comprometer. Eu vou falar tudo que eu tenho pra falar e me explicar e depois de ouvir minhas justificativas você grita comigo se quiser, ok?

Ele pergunta eu afirmo com a cabeça ficando mais calma pelo fato de ele não ter falado nada de mais. Não que eu não confie nele, eu tomaria um tiro por ele e faria tudo para protege-lo como já fiz no passado e também sei que ele faria o mesmo por mim, mas eu tenho tanto medo que descubram algo que ás vezes eu fico meio neurótica.

- Não é novidade pra você que eu era um infiltrado na gangue dos sulistas, no entanto, eu nunca te falei muito sobre o assunto, não porque eu não quis, mas surpreendentemente você nunca me perguntou e pelo que eu sei também não pesquisou sobre – De fato eu nunca me importei muito, independente do que ele havia feito no passado eu só me preocupava em mantê-lo a salvo e depois que tudo aconteceu o assunto foi ficando de lado. Só não entendo o porquê de ele tocar no assunto agora, afinal de contas o que o Shalom teria haver com aquilo?

Depois que me faço essa pergunta meu cérebro começa a trabalhar criando milhares de perguntas e então repasso em minha cabeça os acontecimentos de depois que eu cheguei em casa e analisando a forma como eles se trataram uma delas se prevalece "Será que o August era um infiltrado dos nortistas?"

- Sim – Ele fala e fico sem entender, ele percebe minha dúvida e completa – Pela sua cara percebo que já chegou a uma possível conclusão e pela expressão em seu rosto já até imagino qual, então sim, eu me infiltrei nos sulistas a mando dos nortistas – Pelo menos isso justifica o termo " amigo" usado mais cedo. Infiltrados dos tipo que August era não são qualquer pessoa, são sempre pessoas de confiança e identifica-los é a mesma coisa que procurar uma agulha no palheiro, não é a toa que demoram quase 17anos para identifica-lo e até hoje não sei como os sulistas descobriram. Se não fosse eu ter ouvido um dos chefes conversando provavelmente ele estaria morto.

- Eu e Shalom crescemos juntos – ele continua após notar meu silêncio – Fomos criados como irmãos eu era como o braço direito dele, quando nos tornamos adolescentes ele conheceu Magda e pouco tempo depois passou a namorá-la. Nos tornamos um trio de melhores amigos e depois que eles se tornaram adultos se casaram e poucos anos depois eu também - Começo a me surpreender com a direção da conversa, afinal o August nunca falou da sua vida pessoal antes de mim e eu sempre respeitei isso, na verdade eu já até havia imaginado que ele tivesse alguém ou que já havia tido alguém, mas ele nunca falou sobre então no fim preferi acreditar que ele tinha tomado outras prioridades na vida e casamento e filhos não foi uma delas – Eu tinha uma esposa, eu a amava com todas as forças. No dia em que ela me contou que estava grávida foi um dos dias mais felizes da minha vida, a sensação de ter um serzinho tão pequeno fruto do seu amor por outra pessoa é indescritível. Eu não imaginava que podia amar alguém mais do que eu já a amava até aquele momento.

" Tudo estava indo bem, gravidez estava saudável e o bebê havia se formado perfeitamente. Magda já tinha tido o Kota e Kenna e eu adorava passar tempo com eles já treinando pra na hora que eu tivesse meu filho no colo. Um certo dia, quando já estava com 7 meses de gestação, ela decidiu ir no centro da cidade, havia me dito que em pouco tempo ela não poderia mais sair de casa, pois estaria muito próximo do nascimento do bebê e que faltava algumas coisas. Mesmo comigo dizendo que ela deveria ficar e que eu iria no seu lugar ela foi mas não voltou, pelo menos não viva. O carro em que ela estava junto a Magda e mais alguns integrantes da gangue foi interceptado pelos sulistas, bateram bem do lado que ela estava, só Magda e um outro cara que estavam do lado oposto à batida do carro sobreviveram. Levaram a minha mulher para o hospital com vida mas no fim nem ela e nem o bebê resistiram."

Estrela do NorteOnde histórias criam vida. Descubra agora