O pequeno cresceu

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POV MAXON

O silêncio é tudo que se pode ouvir além da minha própria respiração. Miro com cuidado no alvo que se localiza a alguns bons metros de distância. É em um desses momentos que sinto um pouco de paz, sem ninguém para me perturbar ou me distrair me deixando somente com o meus pensamentos. Sei que isso pode parecer um pouco depressivo mas no mundo em que eu vivo e na posição em que me encontro ficar sozinho algumas vezes pode ser bom. Após me certificar da mira, aperto o gatilho da arma e a sala é preenchida com o som do disparo do projétil que acerta perfeitamente o centro do alvo.

Nesse horário a sala de treinamento esta vazia, então aproveito para praticar meus tiros pois quanto mais preciso melhor. Além de que no meu caso, é uma ótima forma de aliviar a tensão e não perder a prática já que ultimamente tenho ficado mais na base do que em campo. Tenho que me dedicar mais a parte burocrática, não tem tanta adrenalina e ação que, apesar do perigo envolvido eu gosto muito, mas um dia assumirei o comando da gangue e como líder devo saber como as coisas por aqui funcionam em todos os aspectos.

Atualmente, a gangue é comandada pelo Shalom Singer que durante esses anos acabou se tornando um pai para mim. Meus pais morreram a dezessete anos durante uma comemoração, não sei direito como aconteceu pois ninguém gosta de falar muito sobre episódio. Muitas vidas foram perdidas naquele dia e eu não me lembro de muita coisa, nessa época eu era bem pequeno tinha uns 3 anos de idade, a única coisa que eu sei é que um sulista encurralou meus pais e na hora que ele foi atirar em meu pai minha mãe pulou na frete levando o tiro em seu lugar, meu pai tentou ajuda-la mas levou um tiro logo depois.

Eu consegui me salvar por pouco, como as crianças ainda são pequenas para conseguirem se defender elas tem um abrigo onde ficam quando ocorrer esse tipo de coisa. Só me lembro que em um momento eu estava no colo da minha mãe enquanto ela esperava a Magda Singer com a bebê, e em no outro eu estava sendo carregado por uma mulher para dentro de um buraco escuro na parede que até então eu nãos sabia que existia. Às vezes ainda tenho pesadelos com os gritos daquele dia, mas felizmente com o passar dos anos a frequência deles diminuíram apesar de uma vez ou outra eu ainda acordar gritando a noite.

Quando saí de lá algumas horas depois, Shalom veio falar comigo na tentativa de explicar para uma criança de três anos de idade que ela nunca mais veria os pais. Imagino o quanto deve ter sido difícil para ele tentar organizar e preparar tudo, pois afinal ele também havia perdido familiares, amigos e sua filha recém nascida que se eu não me engano se chamava America. Na verdade, ela era um dos motivos do evento pois iriam apresentar-la para as gangues. Durante o ataque aconteceu algo. Eu só sei que ela não apareceu no abrigo aquele dia. Dois dias depois encontraram a mulher que estava responsável por ela nas margens de um rio com um tiro na cabeça, e mais alguns metros a frente, a manta e um pé do sapatinho da bebê. Pelas provas que eles encontraram e pela investigação, parece que mulher levou um tiro enquanto corria perto do penhasco da cachoeira e acabou caindo junto com a neném no rio. Ninguém conseguiu encontrar o corpo da menina, mas tudo leva a crer que ela morreu. Se não pela queda, afogada no rio que é extremamente fundo.

Com a morte de meus pais alguém teria que comandar a gangue e eu era muito pequeno para isso. No final, levando em consideração a parceria firmada anteriormente, ficou decidido que a gangue se tornaria uma só e que Shalom seria o líder, mas que eu seria o seu sucessor e que a cada geração o líder seria da outra família e assim por diante. O mais indicado seria que as duas família se unissem em uma só, pois seria mais fácil. Até tentaram aproximar eu e Kenna, que é a filha mais velha da família Singer, só ficando atrás do Kota. No entanto, nenhum de nós dois desenvolveu sentimentos amorosos um pelo outro, além de que seria no mínimo estranho já que havíamos sido criados como irmãos.

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