Capítulo 3

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As minhas malas foram levadas para o taxi junto à bagagem de Liam. Eu andava devagar pela portaria, descendo os degraus sem ânimo algum. Eu sabia que aquela viagem me deixaria presa mais uma vez, e eu não teria chances de escapar e tomar qualquer avião. Liam pouco falou sobre Port Douglas. Ele apenas me disse que possuía uma propriedade com vista para o mar.

Olhando os arredores, eu vi Lauren telefonando mais uma vez para os seus filhos. Liam pedira para que ela estivesse conosco. Eu tinha certeza de que a mulher seria a minha guarda-costas durante os dias em que ficaríamos fora de Camberra. Ela parecia aliviada por receber a ajuda de uma das irmãs enquanto estivesse longe.

― Vamos? ― me assustei com a voz de Liam atrás de mim. Antes que eu respondesse, a porta do carro foi aberta e ele apontou para que eu entrasse. Lauren sentou no banco à frente após Liam afirmar que gostaria de ficar sozinho comigo. Ele ainda era um idiota por pensar que trocaríamos palavras em meio ao trajeto. ― Eu tenho certeza que os próximos dias serão os melhores de toda a sua vida. Eu me esforçarei para que sejam.

Promessas, meras promessas.

O meu rosto virou para o lado enquanto eu me perdia nos prédios e casas. Os meus dias seriam bons se eu conseguisse retornar a Sydney, se a minha vida entrasse novamente nos eixos. Eu não me imaginava vivendo eternamente naquela clausura, com Liam me prendendo como se eu fosse um animal de estimação. Às vezes eu pensava que ele sabia que uma garota não se apaixonava por um cara com atitudes com as dele. Mas eu retirava os meus pensamentos quando via o quão esperançoso ele ainda era.

A sua mão caiu sobre a minha numa fração de segundo. Eu estava concentrada no caminho, tentando decorar as placas com o título das ruas; talvez eu tivesse uma nova chance de fuga quando voltasse. O seu polegar deslizava para cima e para baixo contra a minha pele. Eu queria me desvencilhar do toque, mas resolvi suportar e fingir indiferença. Uma hora ele se cansaria de mim; era exatamente isso que me consolava.

― Nós tomaremos um avião para Queensland e, em seguida, um jatinho para Port Douglas. ― ele mencionou como se eu estivesse interessada em saber. ― Será uma longa e cansativa viagem, mas o lugar recompensará qualquer esforço.

Eu segui em silêncio pelo aeroporto; Liam me segurava como seu eu simplesmente pudesse me perder dentre a multidão. Alguns olhares nos acercaram enquanto fazíamos o nosso check-in, as íris curiosas analisavam os meus dedos entrelaçados nos dele. Eu tinha quase convicção de que a maioria das pessoas nos via como namorados, e apenas uma pequena parte havia notado o meu tédio estampado no rosto.

As cadeiras na sala de espera eram desconfortáveis. Eu precisava apertar o meu corpo para não roçar contra as roupas de Liam. Ele estava olhando vagamente para uma revista adquirida numa pequena loja, enquanto eu tentava parecer imparcial à situação. Ouvi uma conversa curta entre ele e Lauren, e eu soube através disso que nós ficaríamos em Port Douglas por cerca de duas semanas. Seriam dias suficientes para que a minha mente despertasse e bolasse um bom plano de fuga.

Quando a voz feminina anunciou o voo, eu fui rápida em levantar e me distanciar de Liam. Ele não precisava estar ao meu lado todo o tempo, não precisava apertar os meus dedos como um pai protetor. Como se não bastasse ficar em sua tutela, eu teria de preparar os meus nervos para aguentá-lo por quanto tempo fosse necessário.

A fila foi organizada ao que adentramos no corredor de embarque. Uma menininha de olhos claros me observava com atenção. Ela mudou o seu foco de visão para trás, como se tentasse ver Liam através dos meus ombros. Eu assisti a forma como ela sorriu quando ele passou o braço por minha cintura e me aprisionou contra o seu corpo. Pude contemplar os seus dedos se alongando enquanto ele mostrava os bombons escondidos em sua palma. A garotinha esquivou-se de sua mãe para pegar os doces de Liam e abriu um sorriso em agradecimento. Ela estava surpresa e animada com o novo presente ganho.

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