Recomeço

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    Dois anos se passaram, muita coisa continua igual e outras realmente mudaram, um exemplo disso foi minha avó, que montou um ateliêr de costura, e por incrível que pareça está ganhando muito bem com os vestidos que faz, um detalhe é que esse ateliêr fica nada menos nada mais que na cidade, ou seja ela vai e volta todos os dias, me fazendo ter passe livre para ir junto quando quiser.

    - Hey Dália, qual é? Não vai realmente me dar nada de aniversário amanhã?
    - Isobel não enche o saco! E aliás, vou te dar sim, um abraço e um pouco de vergonha na cara.
    - HAHAHA mal-humorada, já levantou com o pé esquerdo hoje foi? Deveria tomar um suco de Maracujá para ver se seus nervos se acalmam.
   - Maracujá é para os fracos, eu tomo café - disse rindo.
   - Ah tá! Pensei que iria dizer cerveja.
   - Talvez sim - fiz cara de desentendida.
   - Ui! Falou a bêbada.
   - Menina me respeita que eu sou maior de idade! - coloquei um tom severo na voz e depois cai na gargalhada.
   - Cuidado, você realmente não quer que Amélia escute você a imitando, quer?
   - Está amarrado com a glória do senhor.
   - HAHAAHAHA, OK, preciso ir minha mãe deve estar me procurando, mas amanhã eu volto para te irritar.
   - hahaha, até amanhã baixinha.
   - Olha aqui queridinha, posso até ser baixinha, mas tenho 16 anos.
   - Vai logo Isobel, tchau! E manda um beijo para seus pais e irmãos.

      Em pouco tempo ela havia virado minha melhor amiga, compartilhava tudo com ela, que retribuía fazendo o mesmo. Olhei o relógio e fiquei perplexa ao ver que já eram 15h, tinha que me apressar com o serviço antes que dona Amélia chegasse, afinal depois de seu trabalho ficar pesado e ela viver a maior parte do tempo na cidade, eu me encarreguei de virar a nova empregada dá casa para tentar ajuda-la um pouco, já que tinha tempo o bastante para deixar tudo brilhando como se minha vida dependesse daquilo, mas ela dependia não é mesmo? Soltei um risadinha irônica e fui organizar tudo.
  
     Graças aos céus consegui terminar tudo milésimos antes dela chegar, mas quem se importa? Ela não iria saber mesmo.
    - Que dia! Terminei 3 vestidos de festa só hoje acredita?
    - Meu Deus! - disse com cara de surpresa, eu realmente estava me superando, acho que deveria ser professora de teatro.
    - Aliás tenho uma proposta para você, o que acha de darmos um baile de máscaras aqui em casa tipo assim depois de amanhã?
     - Baile de Máscaras? - OK agora realmente estava surpresa.
     - Sim, conhecido também como festa, música, dança, comida, vou precisar desenhar?
     - Vai sim, acho que sou meio ignorante em " festas" pois minha querida avó nunca fez ou me deixou ir em uma!
     - Me desculpe querida, antes você era muito nova, além de não ser apropriado para uma dama, mas agora é diferente, nós duas podemos aproveitar.
     - Hum, e quem seria convidado para esse tal baile?
    - Quero convidar minhas clientes, pois realmente seria de grande proveito comercial HAHAHA, mas você pode trazer suas amigas e quem quiser.
     - Amiga, você esqueceu de colocar isso no singular.
     - Dália que droga! Você está incrivelmente irritante hoje.
     - Muito obrigada! - Dei um riso falso.
     - Mas eai? A festa?
     - tá bom vovó, eu topo.
     - Fechado, amanhã vamos a cidade comprar tudo, essa casa vai ficar um luxo! - Falou indo em direção a seu quarto.

    Encarei a porta por uns instantes e pensei no meu próximo passo, com certeza avisar Isobel e sua família dá festa, faria isso agora mesmo.
     - VOVÓ ESTOU INDO NOS BENSOAR AVISAR SOBRE A FESTA, JÁ VOLTO!

     Nem ouvi sua resposta e já sai rumo ao estábulo, montei e rapidamente cheguei em meu destino, amarrei Sr. Françoa, e fui rumo a porta, várias lembranças de Noah me invadiram a cabeça, não queria aquilo naquele momento, então chacoalhei a cabeça e bati na porta sendo rapidamente atendida pela Sra. Bensoar.

    - Boa tarde senhora Bensoar!
    - Querida, entre por favor, do que precisa?  - perguntou docemente.
    - Quero convidar a senhora e sua família para um baile de máscaras que daremos lá em casa depois de amanhã.
    - Que coisa bacana, pode contar comigo, é claro que vamos, a muito tempo não vamos em uma festa, espero que meus filhos e meu marido topem ir também!
    - Conto com vocês! Ah, e mais uma coisa poderia perguntar a Isobel se ela quer ir comigo e minha vó a cidade amanhã?
    - Ah claro, ISOBELLLL - ela grita e meus tímpanos quase estouram
    - O que foi mãe? - Ela diz irritada - Hey, oi Dália, aconteceu alguma coisa?
    - Nada filha, ela só quer saber se gostaria de ir amanhã a cidade com ela.
    - Claro, vou sim.
    - OK, te espero amanhã de manhã.
     Me despedi e voltei para casa, onde sem mais rodeios apenas comi, li um livro e dormi.

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     Infelizmente, voltei a minha realidade com o despertador me lembrando que deveria acordar cedo pois o dia seria longo, coloquei meu vestido" Camponesa inocente" e parti para a cozinha, encontrei minha vó comendo e fiz o mesmo.
    - Dália, está pronta? Temos que ir rápido, não quero enrolar hoje, e enquanto faço nossos vestidos e os pedidos de minhas clientes, você vai ficar responsável por encontrar tudo que precisamos para a decoração dá festa - ela me deu uma lista que li por cima - não é muita coisa pois temos várias bugigangas antigas no sótão.
     - Tudo bem! Só espero que não exagere no meu vestido.
    - Pode deixar! E depois que terminar tudo, você pode fazer o que quiser, se divertir um pouco.
    - Olha parece que alguém está delirando em febre!
    - Aproveita a chance mocinha, pois hoje estou de bom- humor - solta uma risadinha.
    - Bom, eu já estou pronta, Isobel já deve estar chegando, aliás esqueci de dizer que a convidei para ir junto, sem problemas né? podemos ir?
      - Problema nenhum! Vá pegando os cavalos, já chego lá fora.

    Selei Sr. Françoa e o cavalo de minha vó, andando com eles até a entrada de nossa casa, só então percebi que o local realmente daria um baile luxuoso, já que a casa era antiga e cheia de detalhes minimamente feitos a mão, bom só nos resta ver o resultado final...
 
    - Já pode ficar feliz, a beleza que estava faltando, chegou! - disse Isobel ao me ver.
    - Ah, que droga, já estava dando graças a Deus que você não iria vir! - soltei uma risadinha.
   - Eu não iria perder a oportunidade de te irritar por duas horas seguidas, isso sem contar o tempo que ficaremos na cidade.
   - Você me ama isso si...
   - Vamos pessoal! - disse minha vó, me interrompendo.
  
    Agora começa​ a jornada de duas horas até a cidade, FALA SÉRIO! O caminho está sendo meio parado, ninguém quer falar muito, fazer o que! Não posso obrigar elas a se falarem. Depois de um grande silêncio, finalmente chegamos aos portões dá entrada, e dessa vez nem fomos barradas, tivemos passe livre.
    - OK, meninas, vão direto procurar o que precisamos que eu vou para o ateliêr.
    - Tudo bem! Bom... - disse para Isobel - o primeiro item da lista são rosas vermelhas, acho que no centro deve existir alguma floricultura.
    - Sim, vamos lá.

    Algumas horas depois e já havíamos conseguido tudo, então levamos para minha vó guardar e iríamos curtir um pouco.
     - vovó, já terminamos as compras, vamos deixar tudo aqui.
     - Dália antes de sair, alguém quer te fazer uma proposta - fiquei confusa - Lembra do livro que te dei de aniversário em seus 16 anos?
     - Lembro muito bem, mas o que foi?
     - Essa é ninguém menos, ninguém mais que Victória, a esposa de Nicolas, irmão do nosso rei David I, e minha querida amiga de infância.
     - Está brincando!? Meu Deus que máximo - olho para ela, e dou o maior sorriso - nunca imaginaria isso!
    - Muito prazer em te conhecer querida! - me disse dando um sorriso doce.
    - Ela é uma de minhas clientes mais fiéis, além de também ser convidada de nossa festa, disse a ela que morava com minha neta, e ela me sugeriu uma proposta bem interessante, sente- se para ouvir.
   - Bem eu estava procurando urgentemente alguém para me ajudar com minhas agendas e compromissos, além de me acompanhar em algumas viagens a negócios, quando sua vó comentou que você já tinha 18 anos e nunca havia sequer saído de Tall Forest, resolvi te convidar para ser minha mais nova auxiliar.
    - Meu Deus! Que maravilha, adorei a ideia - fiquei muito empolgada, e não conseguia mais controlar minha felicidade.
   - Então, realmente pensei que iria gostar, até porque você é muito jovem para estar presa em uma cidade nada avançada, já que aqui  é realmente  muito atrasada em relação ao mundo, no caso seria uma troca de favores, eu te apresentaria o mundo e você me ajudaria.
    - Eu mais que concordo, seria uma honra te auxiliar Sra. Victória.
   - Fico muito feliz querida, e por isso já gostaria de te propor uma viagem a Paris, na manhã seguinte ao baile de máscaras, estou precisando conferir algumas coisas em minhas lojas, e ficaria muito feliz em te apresentar nossa mais bela cidade Francesa.
    - Poxa!! Isso é incrível, eu aceito de primeira, mas vovó a senhora concorda?
    - Claro que sim! - ela falou alegremente e de bom grado.
    - Tudo resolvido, nos vemos no baile querida, até breve!
    - Até, tenha um bom dia!

     Esperei uns minutos até que ela sumisse por completo e pulei de alegria, eu realmente não estava acreditando, aquilo iria ser incrível!
    - Vovó, ainda estou perplexa.
    - Pois acredite querida, mas a senhorita contratou o buffet e os organizadores que te pedi? Ficou muito caro?
    - contratei, e ficou um preço razoável, enfim quero ir para casa - a saída para o divertimento nem me passava mais pela cabeça.
    - Dália!!! Fico muito feliz por você sua bobinha - Isobel me deu um grande abraço e uma risadinha.

     Fechamos o ateliêr e caímos na estrada rumo nossa casa, a felicidade ainda me invadia, eu iria para Paris com a cunhada do rei, isso não é incrível? Mal posso esperar para que esse dia chegue logo.

DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora