0.7 - who the hell are you?

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Tyler estava se empenhando naqueles exercícios de matemática. Ele achava que não era certo fazer isso por Josh, mas faria só para mostrar a ele que Tyler era diferente.

Já era final da última aula, e Tyler já havia terminado. Estava, no mínimo, muito orgulhoso de si mesmo. Agradeceu pelos professores não passarem tanta coisa, assim, foi mais fácil ainda terminar.

O último sinal tocou, e Tyler deixou um sorriso se formar em seus lábios. Guardou seu material, ainda com a folha dos exercícios em mãos, e caminhou até o corredor, junto com os outros alunos de sua sala. Caminhando para a saída, ouviu alguém chamar seu nome, e Jenna correu até ele, com passos desajeitados, enquanto tentava fechar a bolsa.

-Ei, Tyler. - Ela sorriu, começando a andar com ele.

-Ei, Jenna. - Seu sorriso anterior ainda estava estampado em seu rosto, então, só o manteve. - Eu terminei o trabalho do Josh.

A boca da menina formou um "ah", soando desapontado e meio cabisbaixo.

-Você sabe que não havia necessidade, não é? Ele poderia até ter feito sozinho, eu só passaria as contas montadas pra ele. - O garoto deu de ombros, com o sorriso dissipado. Não respondeu. - Mas, de qualquer jeito, vai esperar alguém pra ir embora?

-Sim, tenho que esperar meu irmão.

-Certo, eu vou indo. Meu pai deve estar me esperando. - Novamente, a menina sorriu e saiu da escola, descendo as escadas e entrando dentro de um carro, que Tyler supôs ser do pai dela.

Tyler se sentou nas escadas, enquanto esperava tanto por seu irmão quanto por Josh.

"Falando no diabo.", pensou, quando o garoto, apoiado quase totalmente no Brendon - o que fez Tyler se perguntar como, já que Brendon não parecia ser tão forte assim -, veio até ele. Não exatamente até ele, até as escadas. Tyler se levantou enquanto o Urie dizia algo sobre "se eu cair nessa escadas você está bem fodido".

-Josh? - Chamou Tyler, recebendo um olhar de reprovação de Brendon.

-Eu te espero lá embaixo, Joshua. - Disse, e o anunciado revirou os olhos, depois, olhando para Tyler.

-Eu terminei o que você me pediu. - E entregou os papéis na mão dele.

-Valeu. - Disse, contrariado. Ele podia sentir o olhar do amigo lá embaixo, quase o cortando a garganta.

Quando Josh tentou descer o primeiro degrau, Tyler ouviu um pequeno clique dentro de sua cabeça.

-Espera. - Exclamou, abrindo a bolsa e tirando as folhas rabiscadas de vermelho, entregando ao garoto a sua frente. A cara que ele fez não foi nada boa.

-Onde você achou isso? Você leu? - Rosnou. Tyler se assustou um pouco.

-Não! - Tyler franziu o cenho. - Não, eu não li. E você deixou cair, sua bolsa estava aberta.

Josh, por fora, estava com raiva. Pelo menos era o que sua expressão dizia. Por dentro, a ideia de alguém desconhecido ler seus pensamentos mais profundos o assustou muito, como um elevador pra quem tem claustrofobia. Ele olhou para Brendon, que apenas cruzou os braços, esperando por algo. Depois, olhou para Tyler, que parecia ligeiramente confuso.

Josh o empurrou, e os olhos de todos em volta foram parar no menino caído. Tyler se sentiu péssimo. Sentiu que sua alma e coragem se fundiram ao chão frio, e que ele jamais sairia de lá. Seu coração batia temeroso. Lágrimas se acumulavam nos cantos de seus olhos.

Tyler sempre desconfiou de que boa parte do seu cérebro não funcionava direito. A parte responsável pelo medo. Aquela que lhe fala o momento de fugir, e o momento em que se deve congelar até lembrar que precisa respirar. Ele sentiu tudo ao redor de seu foco de visão ficar escuro, quase preto, e ele já não tinha ar suficiente. Suas mãos suavam frio.

Josh olhou pra ele, com pena, mas sem hesitação. Jamais admitiria que está errado. Desceu alguns degraus com dificuldade, e olhou pra Tyler.

-Não mexa no que não é seu, Tyler. Nunca mais.

As pupilas de Tyler estavam dilatadas de puro medo, e não era culpa de Josh. Tyler não enxergava nada. Sua visão estava tomada pelo breu, e seu coração batia forte e lento. Sua respiração quase não existia. Ele só ficou lá, deitado no chão, por minutos que pareciam eternidades.

E então, ainda sem enxergar, viu alguma coisa. Não, alguma coisa não. Alguém. Uma massa em forma de humano. Mas não era humano de verdade. Seu coração bateu mais forte.

"Tyler?"

Era como um monstro. Ele não conseguiria explicar. Era como se a alma dessa massa fosse revestida de sentimentos ruins. Como se todo o seu futuro dependesse do seu passado, e isso estivesse estampado em sua cara. Mesmo que ele nem sequer tivesse uma.

Tyler sentiu sua bochecha arder. Sua visão voltou com cores fortes e vibrantes, sua primeira reação foi puxar o ar. Olhou em volta, não procurando por pessoas reais, mas sim por aquela massa. Nada, já havia ido.

-QUE MERDA, TYLER! - Gerard gritou. O lugar estava quase vazio, os alunos costumam sair o mais rápido possível.

-Você está bem? O que deu em você? - Frank estava de pé, e Gerard ao lado dele, no primeiro degrau da escada.

Tyler tentou levantar, mas seu corpo estava tão rígido que ele mal conseguiu se sentar. Ele não conseguia responder. Parecia que havia um nó na garganta, muito mais apertado que o usual.

-Tyler? A gente precisa te levar pro hospital?

Novamente, não ousou dizer nada. Ele precisava entender, estava confuso.

Confuso e com raiva. Muita raiva. Estava angustiado com a ideia de nunca ter ninguém ao seu lado, quando ele precisa. Jamais. Conseguiu se levantar, e escorregou em mais degraus que uma pessoa normal faria. Suas unhas cravaram na parede ao lado, e ele foi descendo, degrau por degrau. A sensação de vazio o mantinha tão cheio que ele se sentia pesado e leve. Ele sentia que cairia no chão a qualquer momento.

Deixou Gerard e Frank para trás, mas sequer lembrou deles. Só ouviu seu nome ser chamado mais uma vez, e quando olhou pra trás, reconheceu a voz que o citou. Seu irmão. O que não estava lá quando precisou, pois estava com seu grupinho. Tyler não conseguia mais controlar os estímulos que seu cérebro mandava ao resto de seu corpo, apenas obedeceu, sentindo as lágrimas deixarem sua visão borrada, e suas pernas ficarem moles. Só havia um jeito das suas pernas voltarem ao normal, pelo menos foi o que seu cérebro lhe disse. E como já havia explicado, ele fez.

Ele correu.

Døn't Døubt Me {Jøshler}Onde histórias criam vida. Descubra agora