Assim que saíram de casa, Tyler olhou para a rua e viu os papéis no chão, enquanto o vento lutava contra eles. Rápido, correu até lá e os tirou de perto do asfalto. Eram umas quatro folhas, com palavras escritas, completando todas, frente e verso, as vezes até nos rodapés e cabeçalhos. Tyler estava uma bagunça, então não se preocupou com o significado delas, só com a caligrafia. Parecia que a pessoa que escrevia estava com raiva, ou confusa também, assim como Tyler. Ele dobrou os papéis e colocou na bolsa, logo correndo atrás do irmão, que estava de cenho franzido.
—Pra que foi pegar esses papéis?
—Curiosidade, só isso. — Mentiu, e começaram a andar até a escola local.
☀☀☀
Tyler se sentiu meio estranho quando chegou lá e todos cumprimentavam seu irmão.
—Não sabia que você era popular. — Disse, baixo.
—Não sou. Eu só conheço as pessoas.
—Quanta humildade, Zack.
Antes de subir as escadas que levavam para dentro do edifício, Zack parou e voltou, indo até um grupo de amigos e ficando por lá. Tyler se sentiu levemente desorientado, mas ignorou. Respirou fundo, subiu degrau por degrau, fingindo que não tinha ninguém olhando para ele, mas tinha.
Aquela escola fazia Tyler se sentir mal. Muita gente, muito barulho, muitos grupos. Não precisava de mais que isso para saber que não iria se encaixar. Olhando o chão cinza — e algumas pessoas, para ter certeza que não iria esbarrar em ninguém —, conseguiu achar a sala que deveria ficar. Foi um alívio, e horrível ao mesmo tempo. Ele queria enrolar o máximo possível para que aquele dia não chegasse, mas lá estava ele. O professor estava esperando na porta a chegada dos alunos, e Tyler entrou de cabeça baixa, olhando as coisas por baixo dos cílios. Escolheu um lugar no meio, quase no fundo da sala. Não havia nem sequer começado e já sentia que deveria sair dali.
Logo, a sala encheu. Cada aluno em seu lugar. O professor entrou, disse umas breves palavras e citou o aluno novo. Tyler não saberia dizer se seu sangue havia congelado ou se estava correndo mais rápido.
—Poderia se apresentar?
Ele queria negar com a cabeça e se tornar invisível. Melhor ainda, queria se teleportar para casa e cuidar de sua irmã.
—Meu nome é Tyler Joseph. — E depois, ficou em silêncio.
—Eu notei que você não tem os últimos três anos da escola, mas conseguiu passar para estar aqui.
—Eu estudei… — Em casa? Não, não. Tyler não tinha uma casa. Dentro de um carro, com uns livros que Kelly pedia em escolas públicas. — Com minha mãe, enquanto a gente viajava.
—Quem diria, uma viajem de três anos. — Agora todos da sala pareciam prestar atenção.
—Não foi uma viajem só. Foram muitas.
—E para onde você foi?
—Alguns lugares que falam nosso idioma.
O professor assentiu. Era professor de inglês, pelo que Tyler entendeu. Aproveitou essa deixa para começar a dar sua matéria.
Enquanto o homem falava, foi interrompido várias vezes por um grupo ao lado de Tyler. Ele não moveu um músculo para olhar em quem o professor dava bronca.
Não até ouvir seu nome.
—Dun, se sente ao lado de Tyler e o ajude com o que ele precisar.
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Døn't Døubt Me {Jøshler}
Fanfiction××× Se você já duvidou daqueles que ama, essa história é pra você. Se você já se sentiu um Deus por todos falarem seu nome, e também por ninguém realmente te ver, essa história é pra você. Se você já se sentiu em casa sem estar de baixo de um teto...