Capítulo 17: Tyrant

296 12 0
                                    

Capítulo 17

Tyrant.

A "obra-prima" da Umbrella se aproximava de Chris lentamente, parecendo não ter a menor pressa em matá-lo. O atirador recuou na mesma velocidade, arma apontada para o gigante.

O gatilho foi apertado pela primeira vez, e os projéteis da espingarda atingiram o peito de Tyrant, arrancando-lhe sangue, porém sem afetá-lo efetivamente. Mordendo os lábios, o policial tentou mais uma vez, acertando agora o abdômen do mutante assassino, e novamente não foi o suficiente para detê-lo.

"Droga!".

Redfield rolou para escapar das garras do monstro, que por pouco não perfuraram seu intestino. Novamente de pé, o membro do S.T.A.R.S. procurou tomar uma distância maior do oponente, o qual continuava caminhando com aparente tranqüilidade. Nesse momento, fitando o pulsante órgão vital no tórax da criatura, o rapaz percebeu em que local deveria mirar. Se destruísse o coração de Tyrant, ele cairia morto rapidamente.

O bizarro adversário estava bem próximo. Chris ergueu a espingarda e voltou a atirar. Ferido em seu ponto vital, a aberração pareceu sentir dor, pois parou por um instante, cobrindo o local do impacto com a mão esquerda. O jovem afastou-se do gigante para poder disparar mais uma vez, mas não contava que seu ataque acabaria enfurecendo-o...

O mutante seguiu correndo rumo ao agressor, suas garras prontas para parti-lo em dois. Sempre ágil, Redfield conseguiu se esquivar da investida, e as afiadas lâminas do monstro acabaram fincadas numa parede. Enquanto observava a arma biológica tentando se soltar, o policial riu brevemente, voltando a pressionar o gatilho da espingarda.

O coração de Tyrant foi novamente atingido, e logo depois o supersoldado livrou suas garras. Em seguida voltou a correr até o atirador, porém este, mais rápido, teve tempo de atirar uma vez mais, destruindo parte do órgão.

O ataque fora decisivo. Após cambalear por poucos segundos, a criação de Wesker caiu de joelhos, desabando sobre o piso assim como o forte Golias quando derrubado pelo pequeno Davi. Estendida no chão totalmente imóvel, a criatura parecia morta. Ofegante, Chris limpou o suor de sua testa, guardando a espingarda às costas. Vencera.

Instantes depois, Redfield caminhou até o cadáver do capitão, inerte no chão sobre uma poça rubra. Uma morte miserável, sem dúvida. Viu que, quando ele fora erguido por Tyrant, deixara algo cair de seu uniforme. Tratava-se de uma chave, e nela estava escrito "Área de Detenção". Apanhou-a.

"Agora eu poderei salvá-la, Jill!" – afirmou o atirador, esperançoso.

Súbito, a porta do recinto se abriu. Assustado, o policial quase sacou a espingarda, temendo ser mais algum monstro. Entretanto, milagrosamente, era Rebecca Chambers quem entrava na sala, aparentando estar muito bem apesar do tiro que recebera.

"Rebecca!" – exclamou Chris, feliz e surpreso. – "Mas você...".

"Acho que este meu colete à prova de balas é bastante resistente!" – sorriu a jovem. – "O que houve aqui?".

"Bem, o capitão está dormindo junto com seu superfracasso..." – respondeu o rapaz. – "Eu explicarei melhor mais tarde! Agora venha, vamos sair deste lugar!".

Os dois sobreviventes voltaram ao corredor em forma de "L", quando sem mais nem menos ouviram o alto e repetitivo som de uma sirene, seguido de uma voz feminina, que anunciava:

"O processo de autodestruição foi ativado! Repito: o processo de autodestruição foi ativado! Todos os funcionários devem se dirigir até o heliporto para evacuação! Isto não é um treinamento!".

"O John conseguiu..." – murmurou Chris. – "Rápido, para o elevador!".

E subiram rumo ao andar superior.

De volta ao corredor que lembrava um "T", Redfield e Chambers logo se encontraram com Howe, o qual saía naquele exato momento da sala de força. Vendo-os, o cientista disse:

"Vamos para o heliporto antes que tudo vá pelos ares!".

"Vão à frente, eu preciso salvar Jill!" – pediu o atirador, mostrando a chave encontrada junto ao corpo de Wesker.

"OK, mas não demore!".

Assim se separaram. Mal podiam acreditar que tudo estava chegando ao fim.

Valentine estava sentada num dos cantos da cela, encolhida, com os braços apoiados sobre os joelhos e a face oculta entre eles. Desconsolada ao ouvir o anúncio da autodestruição, a ex-ladra pensava que o insano capitão havia triunfado. Era o fim para os S.T.A.R.S. de Raccoon City. Chorando, ela desejou ao menos ver Chris uma última vez antes de morrer, revelando-lhe seus sentimentos...

"Jill!".

A policial ergueu a cabeça, coração aos pulos. Quase enfartou ao ver Redfield através da abertura na porta, sorrindo-lhe com a chave desta em mãos.

"Espere só um segundo!" – exclamou ele, liberando a tranca.

O obstáculo foi vencido e o rapaz pôde entrar no local, olhando para a colega com felicidade incomparável. Incapaz de resistir, Valentine abraçou-o fortemente, e logo depois trocaram um demorado beijo, lábios colados e línguas dançando num momento de extremo prazer e realização. Estavam vivos. Estavam juntos. Nada mais lhes importava.

"Eu te amo, Chris..." – suspirou ela.

"Eu também te amo, Jill..." – respondeu ele, fitando os olhos dela e sorrindo.

Em seguida soltaram-se, e a filha de Dick Valentine disse:

"Wesker, ele é...".

"Eu já sei de tudo!" – replicou Redfield em tom tranqüilizador. – "Não se preocupe, ficaremos bem! Precisamos apenas sair daqui o mais rápido possível! Você tem uma arma?".

"Não, o capitão levou minha bazuca quando me prendeu aqui...".

"Pegue minha Beretta!" – ofereceu Chris, estendendo a arma para a amada. – "Já tenho uma espingarda!".

"Obrigada!" – sorriu Jill, apanhando-a.

Assim deixaram a cela, correndo como nunca. Eles tinham de sobreviver para revelar ao mundo os crimes da Umbrella. E, se dependesse deles, obteriam pleno êxito.

John e Rebecca venceram velozmente a escada-de-mão que levava ao primeiro subsolo do laboratório. Todavia, logo que chegaram à saída de emergência antes trancada, depararam-se com Barry Burton apontando-lhes sua Magnum.

"Parados!" – ordenou ele.

"Oh, merda..." – praguejou Howe, braços erguidos.

"Não há mais motivo para isso, Barry!" – informou Chambers. – "Wesker está morto! Sua família já não corre mais perigo!".

Burton hesitou por alguns segundos, mas acabou por abaixar a arma, dizendo cabisbaixo, voz abafada pelas sirenes:

"Estou tão envergonhado por tê-los traído... Eu espero que possam me perdoar algum dia!".

"Não ligue para isso, amigo!" – exclamou o cientista. – "Vamos apenas sair daqui!".

Barry assentiu com a cabeça, ao mesmo tempo em que Chris e Jill surgiam pela escada.

"Ótimo, agora estão todos aqui!" – sorriu John.

"Hei, eu conheço você!" – afirmou Valentine, olhando fixamente para o pesquisador. – "Salvou-me daquele gás na sala das armaduras e daquela planta gigante!".

"Prazer, sou John Howe! Ah, e não precisa agradecer! Agora vamos, os minutos estão se esgotando!".

Prosseguiram então pela porta-dupla, cada vez mais ansiosos e ao mesmo tempo aliviados. Seria mesmo o fim?

Resident Evil: The First FearOnde histórias criam vida. Descubra agora