Três

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"There's a million you's baby boo

So don't be dumb

I got 99 problems but you won't be one"

Ariana Grande

Minha terceira paixão também fez piada dos meus sentimentos. Mas ele fazia de uma forma fofa, se é que isso é possível. 

Ele tinha o dom de me deixar sem ação com frases e pequenas ações. Quando me olhava do nada, ou dava aquele sorriso de canto lindo... Ou quando pedia pra eu sair da cabeça dele.

Mas não, ele nunca me amou.

E eu de verdade, tenho que parar de me apaixonar pelos amigos do meu irmão, porque ele acaba descobrindo e conta pra eles. De novo.

Mas ignorando minha mania nada inteligente, ainda quero saber porquê gostei dele.

Já perceberam que eu nunca sei de fato por que me apaixono por alguém?

Meu coração é extremamente fácil, além de ser facilmente enganado. Qualquer um pode entrar ali. Não que isso seja ruim, mas me deixa vulnerável. E por muitas vezes sou chamada de ingênua e boba por isso... Pra não dizer trouxa.

A questão é que eu me apaixono por coisas pequenas... Como as sardinhas do primeiro, o cabelo do segundo, o sorriso do terceiro... Nunca era por completo.

Nos conhecemos quando eu troquei de colégio. Eu tinha 13 anos em 2009, ainda não tinha tido meu primeiro beijo. Não que eu fosse obrigada a não ser mais bv nessa idade, mas todos meus amigos já tinham beijado, e eu era a piada da roda sempre que esse assunto era colocado em pauta.

Eu realmente achava que meu primeiro beijo ia ser com ele, e até pensava se aquele aparelho em seus dentes atrapalhariam em alguma coisa. Não sei qual dos pensamentos era mais ridículo e ingênuo.

De qualquer forma, aquela paixão se estendeu até o final do meu primeiro ano do ensino médio. Foi muito tempo, desde a oitava série gostando de um cara que nunca me daria bola.

Mas foi me apaixonando por ele que conheci um dos meus melhores amigos até hoje, conheci pessoas que me acompanharam até ao mesmo curso de faculdade. Então não foi tão ruim assim...

Foi por sempre querer vê-lo que nunca faltei aula; foi por querer ser elogiada que comecei a me arrumar mais, parecer mais feminina; foi para ser bem vista por seus olhinhos pequenos que me interessei ainda mais por estudar; foi para sempre vê-lo pela janela da porta que eu saia de sala, às vezes sem um pingo de sede ou vontade de ir ao banheiro, eu apenas tinha vontade de vê-lo.

E foi por gostar tanto dele que eu comecei a escrever. Foi com ele que tudo começou de verdade. Com poemas, contos e frases tímidas que eu escrevia nas últimas folhas do meu caderno de ciências quando ninguém olhava.

Na época ainda não tinha minha caixa, então acabei perdendo todos que fiz. O que me deixa triste, porque queria algo para me lembrar dele, além dos momentos que não vivemos.

Hoje esse menino ainda lembra de mim, ainda lembra dos meus sentimentos. Não que isso mude algo na vida dele, principalmente depois que ele virou pai.

Quando eu soube, fiquei pensando como seria se eu fosse a mãe daquela criança... Estaria feliz? Seria ele o cara certo? Bom, o destino me mostrou mesmo que não.

Se hoje eu encontra-lo por aí vou sorrir satisfeita. Ele foi o tipo de garoto que deixou ser amado mas não se permitiu amar. 

E ele talvez não saiba, mas eu o agradeço imensamente por isso.

How I Didn't Meet Your FatherOnde histórias criam vida. Descubra agora