Ouço batidas na porta de meu quarto.
Gisela levanta a mão e pede para que Amy abra enquanto ainda me analisa.
Tento não pirar quando olho novamente para o espelho e me vejo pronta para casar. Aquele reflexo não era meu, Anabelle, e sim da princesa de Frotier. Meu dever estava prestes a começar.
A porta se abre e o rei Magnus entra deixando todos, que estavam no cômodo para me arrumar, nervosos com a presença de seu superior. Com cuidado para não pisar na longa calda que meu vestido de noiva tinha virei para olhar meu pai.
- Você está maravilhosa, minha filha. – ele diz e estende sua mão para segurar a minha.
Meu estômago revira.
- Obrigada meu rei.
- Ela já esta pronta para ir a igreja. – Gisela fala chegando mais perto de mim. – Só tenho que pegar a coroa da princesa e estaremos todos prontos.
Magnus assente.
- Tenho que falar em particular com Ana. – avisa. – Então vá buscar enquanto o faço.
A rainha assentiu e saiu depois de sorrir para mim. E com ela todos os serviçais.
- Está preparada? – ele me pergunta enquanto vai se sentar em uma das poltronas que foram colocadas mais cedo.
- Preparada não é a palavra certa. – Fui sincera.
- Com o tempo vai ser mais fácil. – diz e vejo em seus olhos algo que nunca tinha visto tão facilmente antes. Ternura. Ele queria me fazer sentir melhor. – Para sua mãe também não foi fácil se casar comigo, sei disso.
Puxei a calda do meu vestido e andei para me aproximar de onde ele sentava.
- Pelo menos ela não teve que sair de casa. – resmunguei.
- Gisela não considerava esse castelo sua casa. – Magnus disse. – Talvez nem considere ainda.
Arregalei os olhos mas como ele não prosseguiu resolvi que o melhor não era insistir.
- Ana...
Levantei a mão.
- Não peça o que eu sei que vai pedir. – implorei.
Sabia o que Magnus queria vindo até aqui.
Essa última noite minha mente não parou de trabalhar nem por um segundo. O nervosismo pelo casamento misturado com tudo que aconteceu nas últimas semanas me ocasionaram diversas visitas ao banheiro para vomitar.
Edward e Castiel já foram amigos, tudo bem, mas o que eu queria saber era o que tinha acontecido para não serem mais? Sabia que não tinha como perguntar para meu irmão depois daquele passeio a cavalo com Mellany há uma semana. Castiel estava magoado comigo e não tinha nada que eu pudesse fazer para fazê-lo entender que talvez aquela precipitação em querer que eu abandonasse tudo para "viver esse amor" fosse errado. Não tínhamos um relacionamento que valesse a perda de milhões de vidas e por mais que eu estivesse magoada em ter que ir embora sabendo que ele provavelmente iria mesmo se casar com Mellany eu não faria nada para melhorar nossa situação se isso queria dizer colocar-me novamente nos pensamentos dele.
E meu noivo também não era um grande candidato a perguntar qual era o problema entre eles, já que por mais que Edward sempre dissesse que queria que nos déssemos bem eu sentia que não tinha ainda intimidade o suficiente para perguntar certas coisas.
Quando eu conseguia esquecer todo esse drama com Castiel/Edward eu lembrava da visão que tinha e um leve desespero batia. Gisela mesmo disse que o futuro não estava cravado em pedra e por mais que nenhuma de nossas ancestrais tivera uma visão que não se concretizou eu poderia ser a primeira. Querendo mudar o futuro que vi onde Castiel enfiava uma adaga em meu peito, pedi para Gisela que enviasse todos os diários antigos para o castelo em Connir. Eu leria tudo depois do casamento já que teria que ocupar meu tempo com alguma coisa quando fosse para meu novo país. Não sei como mas faria que aquela visão nunca se concretizasse.
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• ERA UMA VEZ •
FantasíaDepois de ver todos que ama morrer, Anabelle Frotier é enviada de volta para o Castelo de Cristal, residência do rei de seu país e também seu pai. Por causa de uma antiga guerra com o reino vizinho Ana - como a maioria a chama - cresceu sabendo que...