• ERA UMA VEZ •

• Capítulo 13

O que Frotier tinha de calor, Connir tinha de frio.

Assim que passamos pela ponte que dividia os dois reinos já ficou claro o que eu teria que me acostumar a partir de agora. Eu via as grandes montanhas no horizonte com seus topos cobertos de neve e eu sabia que era apenas questão de dias para a tempestade chegar as terras mais baixas.

Estremeci com o vento gelado que entrou pela janela que agora não tinha mais o vidro depois da luta. Edward notou e com cuidado para não se mexer muito tirou seu blazer e se sentou ao meu lado colocando em cima de meus ombros.

- Assim que chegarmos ao castelo poderá se esquentar. - ele me disse ainda sentado ao meu lado.

Assenti.

Levou cerca de três horas ainda passando por estradas de terra para finalmente chegarmos ao castelo no meio do coração de Connir. Como o castelo de Cristal, a casa da família de Edward era vista há quilômetros da entrada principal. Sendo uma grande construção antiga, diferente do castelo da minha família que sempre tenta se manter moderna, a casa do meu marido era formada por grandes torres de pedra.

Nem precisamos parar no portão para reconhecimento já que todos os súditos reconheciam a carruagem real. Os cavalos deveriam estar aliviados quando finalmente passamos pelo jardim, que era muito semelhante ao do castelo de Cristal, e paramos em frente as grandes portas de madeira do castelo.

Edward desceu e levantou a mão para me ajudar a descer.

- Bem vinda ao seu lar, princesa Anabelle. - Ahmon falou assim que nos juntamos a ele na escadaria.

Sorri tentando parecer convincente.

E não medrosa como eu realmente me sentia.

- Preciso rapidamente conversar com vocês meus filhos, então Edward mostrará onde é o quarto de vocês. - ele prosseguiu.

- Claro, meu rei. - meu marido respondeu.

Segui os dois para dentro do castelo tentando reparar em tudo no caminho que fazíamos até a sala do trono onde Ahmon foi direto para seu lugar como rei dessa nação. O castelo era mais escuro por dentro e ficava claro como respeitava seus antepassados já que havia pinturas dos reis e rainhas anteriores até armaduras que antigos familiares usaram em períodos de guerra.

Edward e eu paramos em frente ao rei que agora sentava.

- Qual é o problema, meu pai?

Ahmon tossiu.

- Primeiramente eu queria saber como você Ana esta se sentindo depois da pequena interrupção que houve em nossa viagem? - ele perguntou.

Olhei para Edward querendo saber se ele havia contado o que quase tinha acontecido. Seus olhos brilharam quando se encontraram com os meus e de alguma forma absurda eu soube que ele tentava dizer que não. Que era nosso segredo.

- Apenas assustada. - respondi. - Depois de dormir um pouco estarei melhor.

O rei assentiu e seus olhos ficaram vagos como se estivesse com os pensamentos longe daqui.

- Não se preocupe, agora dentro de nossas terras você é a pessoa mais segura do mundo.

Assenti mesmo não acreditando muito nisso.

Magnus, meu pai, não queria que Draegel colocasse aos mãos em mim mas nunca conseguiu impedir eles de chegarem perto. Mesmo com todo o armamento e o exercito que Frotier tinha sempre houve o problema de Draegel sempre conseguir entrar. Então por que Connir seria diferente? Afinal, o que tinha de tão especial nesses soldados que todos continuavam acreditando que eu estava mais segura aqui.