Estava mais uma vez na frente do palácio. O sol não havia nascido. Sento-me no chão frio de mármore, ansiando se deveria procurá-la ou não. Depois do que aconteceu com Kristen, ninguém mais se atreve ir ao lado deles sozinho. Ela se tornou um demônio, não posso mais chamá-la de Kristen. Não dá para salvar um demônio. Um demônio tem de ser morto por um anjo. É assim que as coisas funcionam. Kristen era meio cabeça dura e mal humorada mas sinto sua falta. Ela era guerreira. - Já se tornou uma rotina nos encontrarmos no meio da madrugada, Cody. Olho para o lado e vejo Amy sentando-se do meu lado. - Oi, Amy. Outro pesadelo? - pergunto. - Outro pesadelo. - ela afirma. - Algo novo? - pergunto. - Não. - ela responde. - Que merda, Amy. Ela olha para o horizonte - em direção ao lado deles - e fica em silêncio. Parecia cansada. Toda semana ela acordava por causa desse pesadelo. Parecia estar deprimida. - Eu sinto que se eu descobrir quem eu fui, eu vou me decepcionar. - ela diz sem olhar para mim. - E eu não sei quais são os riscos, eu não sei o que vai acontecer depois que eu descobrir e... Ela para de falar repentinamente. Levanta-se lentamente do chão sem tirar os olhos do horizonte. Noto seus olhos ficarem amarelados por segundos.
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- Tem alguém se aproximando. - ela diz, colocando a mão na cintura com o objetivo de pegar sua katana mas ela não estava com sua bainha. Levanto-me rapidamente e me preparo para atacar. Sinto minha respiração aumentar e sinto os raios passando pelas minhas artérias e veias. A eletricidade me domina e me sinto poderoso, capaz de destruir até um demônio. Amy parecia tão confiante como eu. Seu corpo estava em chamas e seus olhos estavam amarelados, libertando a kitsune que existia em si. Volto a olhar para o horizonte e me surpreendo com o que eu vejo. - Um fauno? - Amy indaga. - Pensei que eles estivessem extintos. Troco olhares com o fauno a minha frente. O sol nasce no mesmo instante que ela me encara. Seus olhos eram de um violeta vivo,
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nem parecia que ela estava morta. Seu cabelo era cheio de tranças - um tanto bagunçadas - azuis, loiras, roxas, castanhas e violetas. Sua pele era clara e tinha uma aparência frágil. A julgar pelos pequenos chifres em sua cabeça, ela parecia ser um fauno de alce ou algum animal próximo à isso. - Ela está fugindo! - Amy grita. Por instinto corro atrás dela. Ela era muito veloz e consegue se afastar de mim rapidamente. Desejo ser Isaac que a alcançaria sem muito esforço. Ignoro o cansaço e minhas pernas doloridas, e continuo a correr. Percebo aonde estava indo e sinto um calafrio percorrer minha espinha. Estávamos perto da fronteira que divide o nosso lado e o lado deles. - Espera! - berro, não aguentando mais correr. Ela estava pronta para pular para o outro lado mas para. Aproximo-me lentamente dela e ouço sua respiração ofegante. Ela olhava para o rio à sua frente sem saber o que fazer, estava tensa. - Não precisa se preocupar, não quero te machucar. - eu digo do jeito que me ensinaram caso uma situação dessas acontecesse. Ela me encara e sinto uma nostalgia em seu olhar. Seus olhos violetas eram enormes e atentos. Fico incomodado. - Qual é o seu nome e como conseguiu chegar no palácio? - vou direto ao ponto. Um corvo pousa em uma árvore próxima à divisa e crocita.
