Perdoem eu não ter postado desde setembro e não desistam de mim!! ⚠️Capítulo GIGANTESCO (mais de 9000 palavras)⚠️
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Não consigo distinguir como me sinto agora. Não consigo enxergar direito. Minha visão está embaçada. Não sei dizer se é por conta das lágrimas acumuladas ou pela luz ofuscante de minutos antes. Meus ouvidos latejam com o rugido do dragão lá fora. O som aumenta a cada instante e sinto que se eu continuar aqui, ficarei surdo. Não posso sair daqui, mesmo que eu quisesse. A partir do momento que Elisabeth me manipulou para matá-la, não consigo me mover. Meus joelhos colidiram contra o chão e agora estou sentado sob minhas pernas. O tempo parece ter parado no instante em que a bala cravou em seu corpo. Agora observo-a e me sinto tão morto quanto já sou.
Não consigo pensar em seu nome. Não consigo acreditar que ela está morta. Não sei o que fazer. Me sinto nostálgico. Já vivi aquele momento. Me lembro da guerra que acabou levando Alice de mim. Tenho que fechar os olhos para conter as lágrimas. No fundo eu sabia que tínhamos chances de vencer porque ela estava aqui. Porque Alice estava aqui. Agora não sei o que fazer.
- Isaac? - ouço ruídos quase inaudíveis em minha cabeça. Não consigo ouvir direito.
Meus olhos, ainda fechados, faziam um árduo trabalho para não debulharem em lágrimas. E lentamente eu me entregava a dor latejante. Não era algo físico mas eu sentia meu coração se embrulhar a cada segundo. Se torna difícil respirar.
- Isaac! - gritam meu nome novamente. Não consigo ouvir direito. A dor de cabeça se torna ainda mais insuportável.
A pessoa fica frente à frente comigo. Não consigo ver quem era. Seja lá quem for, parece desesperado e grita alguma coisa para alguém. Não consigo ouvir a frase por completo, apenas um: "estado catatônico". Os ruídos do dragão deixam meus ouvidos doloridos. Franzo o cenho. A pessoa se aproxima de mim e me levanta do chão. Ela passa meu braço em volta de seu pescoço e começa a andar em direção à porta.
- Isaac, consegue me ouvir? - ela diz bem próximo de meu ouvido esquerdo. Aceno positivamente a cabeça. - É a Sam. Temos que sair daqui. Estamos em perigo. - ela diz palavras breves e sucintas.
Estávamos próximos da porta. Sam me levava junto à Lua, a nova integrante do palácio. Ergo minha cabeça e olho por sobre o ombro. Observo o corpo dela. A poça de sangue. Seus olhos fechados e com a certeza de que nunca mais se abririam novamente. O vestido rendado azul coberto por uma cor escarlate. A cor do sangue. Eu a matei. Ela não merecia nada disso. Iríamos lutar juntos e ela acabou morrendo. Por mim.
Eu a matei. Não posso ficar sem lutar por quem eu amo de novo. Não vou ficar preso e ver os outros se sacrificarem por mim. Alice me trancou neste mesmo cômodo e foi para guerra, me dando apenas explicações confusas de que tentaria trazer paz à Terra e não me dando nenhuma resposta concreta se voltaria e quando voltaria. Alice sempre buscou uma Utopia que eu sabia que era e, continua sendo, inalcançável. Afinal, pra que tanta guerra pela paz?
Não posso deixá-la aqui. Tenho que lutar por ela mesmo que não haja esperanças.
Me solto de Sam e Lua e corro - com certa dificuldade - em direção à Mikaela.
A cada passo que dou para perto dela, meus passos ficam lentos. Meu corpo se contorce e grita para eu não ir até lá. Minhas mãos tremem. Tenho que toca-lá uma última vez. Uma última vez. Uma última vez sentir sua pele fria contra a minha. Uma última vez lembrar de seus olhos de esmeralda me fitando. Mas nunca me esquecer de quando eles se tornaram um azul incandescente. Quando ela me salvou. Mikaela me salvou, é minha obrigação salvá-la também. Ao menos, era.
Estava a menos de meio metro dela. Alguém me segura pelos braços. Ela se aproxima do meu lado direito e começa a me puxar para trás. Eu era mais forte então não foi muito difícil me desvencilhar. Corro até o corpo e noto um livro próximo a ela. Pego-o e me pergunto o que estava escrito ali. O ruído do dragão faz meus ouvidos latejarem ainda mais. Duas mãos seguram meus dois braços e me puxam para trás. Minha visão fica turva novamente. Uma última vez. Tenho que ir até ela. Uma última vez. Elas levam meus braços em volta de seus pescoços e me deixo levar.
Não consegui me despedir. E mais uma vez não fiz nada para ajudar alguém importante para mim. Agora tudo o que me resta são lembranças e um livro velho. Seguro o livro firme. Aquela era a única coisa que faria eu me sentir como se Mikaela estivesse aqui comigo. Mesmo no fundo eu sabendo que ela nunca mais voltaria para mim.
Não sei para onde estou indo. Não consigo enxergar direito. Meu corpo implora para eu parar. Eu cedo. Meu corpo fica mais pesado e as duas me colocam sentado e apoiado na parede.
- Isso claramente não está funcionando. - Sam diz.
Ela agacha em minha frente e me fita com o cenho franzido. Não a culpo. Minha aparência deve estar péssima. Observo seus olhos arregalados. Sei o que está sentindo. Medo. Está preocupada. Já vi esse olhar antes - no dia em que a conheci - e sei exatamente o que significa: Kristen.
Sam se senta do meu lado direito. Continuo a olhar para frente. Para uma janela. Conseguia ver o caos prevalecer lá fora. A guerra começou a partir do momento em que o corpo de Mikaela estatelou no chão. E eu vou lutar. Ninguém mais vai morrer em vão. Ninguém mais vai se sacrificar por mim. Não podem fazer isso. Não de novo.
Sam se levanta e se senta do meu lado esquerdo.
- Isaac, consegue me ouvir? - ela pergunta. Aceno positivamente a cabeça.
Sam troca olhares com Lua.
- Você ouviu alguma coisa que eu disse quando estava sentada do seu outro lado? - Sam pergunta. Sua voz falha.
Ela havia falado alguma coisa? O rugido do dragão aumenta e tenho que colocar as mãos em meus ouvidos, deixando o livro cair no chão. É uma dor infernal. Sinto algo líquido saindo de meu ouvido direito. Levo os dedos para perto de meu rosto e vejo sangue. Muito sangue. Engulo em seco. Olho para Sam e vejo seus olhos esbugalhados. Suas pupilas se reprimindo.
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Alma perdida
Fantasy"A verdade é que todos nós temos um demônio interior. Alguns dias, você controla o demônio. E em outros dias, ele controla você."