2. The war is coming

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"Áurea, devo me preocupar com sua saúde psicológica?" - Martin, meu irmão, me pergunta telepaticamente já que estávamos debaixo da água.
"Não há com o quê se preocupar" - eu respondo. Ele me fitava como se eu estivesse escondendo alguma coisa. E a verdade é que eu realmente estava. A noite que eu matei meus pais, os gritos de socorro e um suspiro final. Era nisso que eu pensava e Martin nem suspeitava que eu fui a assassina de nossos próprios pais. Mas isso não me preocupa tanto quanto as visões que eu ando tendo. A garota dos cabelos loiros e dos olhos da cor do céu me amedrontava e me deixava aflita. Não deveria ter visto através de sua alma. Não deveria nem ter chegado perto dela.
Martin ainda cravava os olhos em mim esperando que eu falasse alguma coisa. Viro-me e nado,

nado para o mais longe possível

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nado para o mais longe possível. Então uma cena me vem à mente. A garota dos olhos azulados, um riso macabro, uma faca e a morte de Áurea Foster; minha morte. Minhas escamas se arrepiam e começo a me afogar com a água que me deixava viva. A água entrava mais que o normal em meus pulmões e estava me sufocando. Nado o mais rápido que eu consigo para fora da água. Consigo ver a luz do sol e quando coloco minha cabeça para fora da água sinto um alívio repentino. Me apoio na margem do rio e tosso água até recobrar o ar.

Acordo com uma dor insuportável em um dos meus pés. Sento-me no chão e localizo uma pedra esmagando meu pé direito. Tento levantar a pedra mas não consigo. Sinto os ossos do meu pé se quebrando e grito. Estava preso. A névoa atrapalhava minha visão então não consegui distinguir onde estava. Não sabia onde estava, e se eu sabia, não conseguia me lembrar. A única coisa que eu conseguia me lembrar do dia anterior era...
- Mikaela. - digo o nome dela sem muito esforço.
Empurro a pedra com toda a minha força e consigo tirar ela de cima de mim. Dou um suspiro de alívio. Ergo-me do chão e fico de pé apenas com uma perna. Não conseguia entender porque eu só conseguia me lembrar de Mikaela. Então um momento me veio à mente, como uma lembrança.

Meu pé doía com o peso da pedra sob mim. Grito de dor. Uma mulher aparece da escuridão. Ela se agacha na minha frente e coloca sua mão delicadamente sob meu rosto. Então ela sorri.
- Nunca confie em uma nogitsune. Elas são traiçoeiras. - ela diz e senta em cima da pedra que estava esmagando meu pé. Grito mais ainda. - Sabe por que eu estou fazendo isso com você, querido? Para me alimentar. - ela dizia calmamente - Mas não de você, não. - ela se agacha na minha frente. - Eu quero me alimentar da sua dor. Você sofreu demais hoje, querido. E eu estou faminta, sou uma insaciável. - ela coloca as duas mãos sob meu rosto e sorri para mim. Sinto meu corpo se suavizar. Vejo a mulher que dizia ser minha amiga tirar minha dor, se alimentar. Ela me encara com seus olhos negros e consigo ver sua escuridão através deles.

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